sábado, 15 de fevereiro de 2014

Oficiais da Waffen-SS que também serviram em campos de concentração, extermínio e Einsatzgruppen

Belzec - SS guardas
Entre os aficionados da história militar, em ocasiões existe certa confusão sobre se os membros da SS armadas (SS-Verfügungstruppe, mais adianta a Waffen-SS) eram simplesmente soldados profissionais, e que não tinham nada a ver com o pessoal dos campos de concentração (SS-Totenkopfverbände) ou da SS "normal" (SS Allgemeine). Ou seja, se as siglas comuns era algo assim como uma simples coincidência, e que o pessoal de uma organização não tinha nada a ver com as outras. Que Theodor Eicke, primeiro inspetor do Konzentrationslager havia morrido como comandante da divisão Totenkopf foi apenas uma coincidência. Que Joaquim Peiper houvera servido entre janeiro e março de 1936 em Dachau, e que como ajudante administrativo da oficina de Himmler, participasse na planificação da administração da Polônia, e visitasse com ele os campos de concentração, guetos etc, não elimina o fato de que fora um destacado oficial de combate.

Na continuação reproduzo duas tabelas com os oficiais da Waffen-SS que por sua vez serviram em campos de concentração, inclusive de extermínio, assim como nos Einsatzgruppen. O serviço nessas unidades se dava tanto antes como depois de estarem destinados a unidades de combate, e os motivos podiam ser muito diversos: pessoal destinado à frente oriental como castigo, feridos incapacitados para o serviço no front, ou simples necessidade de suas capacidades profissionais, segundo as circunstâncias de cada um. Por exemplo, Josef Mengele, o famoso médico de Auschwitz desde 1943, foi recrutado em 1940 pela Wehrmacht, e foi voluntário da Waffen-SS, servindo na 5ª Divisão SS "Wiking", onde ganhou a cruz de ferro de 2ª e 1ª classe. Uma ferida numa perna fez com que em 1942 ele se declarasse não apto para o front.

Evidentemente esta tabela conta apenas os oficiais, não suboficiais e tropa, que também serviram na execução do genocídio. O Einsatzgruppen A, por exemplo, adscrito ao grupo de exércitos Norte, de 990 integrantes, 340 pertenciam a Waffen-SS. Outro terço era das distintas polícias do Reich, e o restante do pessoal de serviço (condutores, intérpretes, operadores de comunicações...) fornecidos pela Wehrmacht.

Terá que recordar que um dos objetivos declarados da Waffen-SS era proporcionar às forças policiais o prestígio que implicava ao participar do combate, e que ninguém pudesse lhes repreender que haviam se dedicado a trabalhos de retaguarda enquanto a nação lutava na frente de guerra. Enquanto as unidades estrangeiras, em sua imensa maioria oficiais e suboficiais eram alemães ou Volksdeutsche (alemão étnico). No final da guerra muitos batalhões de polícia auxiliar ou serviços uniformizados de populações deste (estonianos, letões, ucranianos, e em menor proporção lituanos) passaram como batalhões inteiros a servir em campos de concentração ou trabalhos antipartisans da Waffen-SS. Isto não significava que se converteram em membros da mesma de pleno direito, só que serviam nelas; em muitas ocasiões não levavam no pescoço as runas da SS, senão símbolos nacionais. Seus membros condecorados, inclusive os escassos oficiais e suboficiais, não foram inscritos no livro de honra da Waffen-SS.

Número
Divisão
Oficiais que serviram em Kz/ Ks / campos de  extermínio
Oficiais que
serviram nos Einsatzgruppen
«Leibstandarte Adolf Hitler»
16
3
«Das Reich»
39
1
«Totenkopf»
159
1
«Polizei»
29
3
«Wiking»
45
-
«Nord»
57
-
«Prinz Eugen»
23
-
«Florian Geyer»
28
1
«Hohenstaufen»
22
2
10ª
«Frundsberg»
20
-
11ª
«Nordland»
12
-
12ª
«Hitlerjugend»
6
1
13ª
«Handschar» (Kroatische Nº 1)
9
-
14ª
«Galizische» o Galicia (Ukrainische Nº 1)
5
1
15ª
Lettische Nº12
5
-
16ª
«Reichsführer-SS»
17
1
17ª
«Götz von Berlichingen»
15
-
18ª
«Horst Wessel»
7
1
19ª
Lettische Nº2
3
1
20ª
Estnische Nº1
7
1
21ª
«Skanderbeg»
4
-
22ª
«Maria Theresia»
3
-
23ª
«Kama» (Kroatische Nº 2) Foi dissolvida em fins de 1944. Os restos se trasladaram para a Nederland, com o mesmo número 23.
5
-
23ª
Nederland, formada depois da dissolução da divisão 23ª “Kama”.
-
24ª
«Karstjäger»
1
-
25ª
«Hunyadi» (Ungarische Nº 1)
2
-
26ª
«Hungaria» (Ungarische Nº 2)
3
-
27ª
«Langemarck» (Flämische Nº 1)
5
-
28ª
«Wallonien»
0
-
29ª
(anteriormente «Brigada Kaminski», Russische Nº 1)
3
1
29ª
Italienische Nº 1
30ª
Russische Nr. 2
2
-
30ª
Weißruthenische Nº 1
2
-
31ª
31ª SS-Freiwilligen Grenadier Division
2
-
32ª
«30 Januar»
-
33ª
Ungarische Nº 3
-
33ª
«Charlemagne»
1
-
34ª
«Landstorm Nederland»
6
-
35ª
35ª SS-Polizei Grenadier Division
1
-
36ª
36ª Waffen Grenadier Division der SS
7
1
37ª
«Lützow»
0

38ª
«Nibelungen»
0
1

Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS. Dog Ear Publishing. Indianapolis, Indiana, 2007 (mostra duas tabelas separadas). Sua fonte são os livros de French L. MacLean: The Camp Men: The SS Officers Who Ran the Nazi Concentration Camp System y The Field Men: The SS Officers Who Led the Einsatzkommandos – the Nazi Mobile Killing Units, Schiffer Military History, 1999 y 2001. De uns mil e cem oficiais da SS estudados por MacLean com responsabilidades no sistema concentracionário, uns quinhentos haviam servido na frente, na Waffen-SS. As cifras não são definitivas, por exemplo. Recentemente Trang ampliou o número de oficiais da Totenkopf implicados, de 159 para mais de duzentos.

Fonte: Blog antirrevisionismo (Espanha)
Título original: Oficiales de las Waffen SS que también sirvieron en campos de concentración, exterminio, y Einsatzgruppen
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2013/04/15/oficiales-de-las-waffen-ss-que-tambien-sirvieron-en-campos-de-concentracion-exterminio-y-einsatzgruppen/
Trecho do livro: Glodsworthy, Terry: Valhalla’s Warriors: A history of the Waffen SS.
Tradução: Roberto Lucena

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