terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Doutores do inferno: os acusados do caso médico

Publicado em 13 junho, 2012
Sessão do julgamento dos médicos em Nuremberg, 1946.

Na imagem aparem 23 acusados no caso médico dos julgamentos de Nuremberg.
Na parte inferior aparecem os advogados da defesa e na parte direita superior os tradutores.

Em muitos casos, os acusados eram destacados cientistas alemães, médicos e cirurgiões-chefes em clínicas, institutos médicos, hospitais e universidades de toda a Alemanha. Foram os médicos e auxiliares médicos dos campos de concentração que levaram a cabo ou participaram dos truculentos experimentos médicos de Auschwitz, Dachau, Buchenwald, Ravensbrück, Sachsenhausen, Natzweiler, Bergen-Belsen, Treblinka e outros.

O que segue abaixo é uma breve descrição de cada um dos acusados:

1. Karl Brandt, general de divisão da SS; médico pessoal de Hitler e artífice principal do programa que converteu médicos em torturadores e assassino, em que pese haver comprometido tratar e curar mediante o juramento hipocrático.

2. Siegfried Handloser, tenente general, Serviços Médicos.

3. Paul Rostock, cirurgião chefe da Clínica de Cirurgia de Berlim

4. Oskar Schroeder, chefe de Serviços Médicos da Luftwaffe (Força Aérea alemã)

5. Karl Genzen, chefe do Departamento Médico da Waffen-SS.

6. Karl Gebhardt, general de divisão da Waffen-SS e presidente da Cruz Vermelha alemã.

7. Kurt Blome, plenipotenciário para Investigação Oncológica.

8. Rudolf Brandt, secretário pessoal do Reichführer SS Heinrich Himmler.

9. Joachim Mrugowsky, higienista chefe do Serviço Médico da SS.

Herta Oberheuser
10. Helmut Poppendick, chefe do Corpo Médico da SS.

11. Wolfram Sievers, diretor da Sociedade Ahnenerbe.

12. Gerhard Rose, general de brigada do Serviço Médico da Força Aérea.

13. Siegfried Ruff, diretor do departamento para Medicina de Aviação do Instituto Experimental.

14. Hans Wolfgam Romberg, médico do Instituto Experimental Alemão para Aviação.

15. Viktor Brack, chefe de administração da Chancelaria do Führer.

16. Herman Becker-Freyseng, chefe do Departamento para Medicina da Aviação.

17. George August Weltz, chefe do Instituto para Medicina da Aviação.

18. Konrad Schaefer, médico do Instituto para Medicina da Aviação.

19. Waldemar Hoven, médico chefe do campo de concentração de Buchenwald.

20. Wilhem Beiglboeck, assessor médico da Força Aérea.

21. Adolf Pokorny, médico especialista em enfermidades de pele e doenças venéreas.

Mengele
22. Herta Oberheuser, doutora do campo de concentração de Ravesnsbrück.

23. Fritz Fischer, auxiliar médico do acusado Gebhardt.

Dos acusados que se sentaram no banco dos réus, vinte eram médicos e três não: Rudolf Brandt, Wolfram Sievers e Vicktor Brack. Os acusados podiam ser divididos em três grupos principalmente. Oito eram membros do serviço médico da Força Aérea alemã. Sete pertenciam ao serviço médico da SS. Oito (incluídos os três que não eram doutores) ocupavam posições relevantes dentro da hierarquia médica.

(…)

Dos cerca de 350 médicos que se estima terem cometido delitos contra a saúde, só esses vinte doutores e três auxiliares foram levados ante a justiça e se sentaram no banco dos réus no caso médico de.

Houve outros médicos processados, chegando a ser condenados e sentenciados à morte na forca em outros julgamentos militares norte-americanos celebrados em Dachau. Muitos escaparam, contudo; entre eles, o mais célebre e perverso, o doutor Josef Mengele, o Anjo da Morte, que realizou experimentos com crianças (frequentemente gêmeos) e os matou em Auschwitz. Mengele conseguiu se esconder na Baviera até que pode fugir para a América do Sul.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/13/doctores-del-infierno-los-acusados-del-caso-medico/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 95-99; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: muitos negacionistas (pró-nazis e fascistas ou simpatizantes, a extrema-direita fáscio), e diria que a maioria plena deles, contorcem-se quando citam este julgamento dizendo que houve um "linchamento" em Nuremberg ou algo parecido a um "linchamento", quando na verdade houve uma tremenda impunidade (dos estimados 350 médicos envolvidos em crimes, menos de 23 sentaram no banco dos réus e boa parte dos condenados foram soltos). Fico pasmo como muitas pessoas aceitam passivamente esse tipo de afirmação falsa quando algum desses "revis" bradam coisas desse tipo.

A maioria dos médicos nazistas e auxiliares que participaram de experiências (atrocidades) com humanos não chegaram a sentar no banco dos réus (ficaram livres) e muitos dos que sentaram foram soltos logo depois na Alemanha Ocidental (que era a parte alinhada ao bloco capitalista, da Alemanha dividida na Guerra Fria, a Alemanha Oriental era alinhada obviamente ao Bloco Socialista).

Há inclusive um livro do "revi" Carlos Whitlock Porter com o título cínico de "Não culpados em Nuremberg" (aviso que o site do Porter contém várias imagens e textos antissemitas, pra variar... depois os "revis" ainda negam que sejam antissemitas), com distorções de cima abaixo e as abobrinhas habituais de apologistas do nazismo.

Inclusive muitos "revis" (pra confirmar que a maioria não sabe nada de segunda guerra) desconhecem os Julgamentos de Tóquio (link1, link2) pra julgar atrocidades japonesas na segunda guerra, sendo que este julgamento foi um festival de impunidade ainda pior que o de Nuremberg. Muitos "revis" acham que só ocorreram julgamentos com nazistas, nunca ou quase nunca citam os julgamentos de Tóquio.

De fato não houve justiça em Nuremberg, mas não a "injustiça" alegada pelos "revis" (coxinhas de suástica) e sim impunidade pela não punição adequada a pilhas de criminosos nazistas.

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