quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mais números (negativos) da "democracia racial" brasileira, no país do "racismo cordial"

Homicídios de negros crescem 5,6% em 8 anos, enquanto de brancos caem 24,8%

Segundo Mapa da Violência, em 2002, morriam assassinados 65,4% mais negros do que brancos no Brasil. Oito anos depois, morreram 132,3% mais negros do que brancos

Agência Brasil

Enquanto a taxa de homicídios de brancos no País caiu 24,8% de 2002 a 2010, a da população negra cresceu 5,6% no mesmo período. Em 2002, morriam assassinados, proporcionalmente, 65,4% mais negros do que brancos. Oito anos depois, foram vítimas de homicídio no Brasil 132,3% mais negros do que brancos.

Outros estudos:
Mapa da violência/mulheres: Mais de 43 mil mulheres foram mortas na última década
Mapa da Violência 2012: Cinco municípios do Nordeste estão entre os dez mais violentos
Mapa da Violência 2011: Em 10 anos, Nordeste tem escalada de mortes violentas
Mapa da Violência 2010: Mapa da Violência mostra que uma mulher é morta cada duas horas
Mapa da Violência 2009: Cidades do interior lideram homicídios no País

Divulgação
Capa do estudo divulgado
nesta quinta-feira
Os dados fazem parte do Mapa da Violência 2012: A Cor dos Homicídios no Brasil, divulgado nesta quinta-feira (29), em Brasília, pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir).

De acordo com o estudo, morreram assassinados no País 272.422 negros entre 2002 e 2010, com uma média anual de 30.269 mortes. Somente em 2010, foram 34.983 registros. Para fazer o levantamento, foram considerados os dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.

As mortes por assassinato entre os jovens negros no país são, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos. Em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros foi de 72, para cada 100 mil habitantes; enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. A evolução do índice em oito anos também foi desfavorável para o jovem negro. Na comparação com os números de 2002, a taxa de homicídio de jovens brancos caiu (era 40,6 por 100 mil habitantes). Já entre os jovens negros o índice subiu (era 69,6 por 100 mil habitantes).

De acordo com o professor Julio Jacobo, responsável pelo estudo, os dados são “alarmantes” e representam uma “pandemia de mortes de jovens negros”. Entre os fatores que levam a esse panorama, ele cita a “cultura da violência” - tanto institucional como doméstica, e a impunidade. Segundo o professor, em apenas 4% dos casos de homicídios no Brasil, os responsáveis vão para a cadeia.

“O estudo confirma que o polo de violência no país são os jovens negros e não é por casualidade. Temos no país uma cultura que justifica a existência da violência em várias instâncias. O Estado e as famílias toleram a violência e é essa cultura que faz com que ela se torne corriqueira, que qualquer conflito seja resolvido matando o próximo”, disse Jacobo.

O professor defende políticas públicas mais amplas e integradas para atacar a questão, principalmente na área da educação. “Há no país cerca de 8 milhões de jovens negros que não estudam nem trabalham. As políticas públicas de incorporação dessa parcela da população são fundamentais para reverter o quadro”.

Ainda segundo o estudo, a situação mais grave é observada em oito estados, onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes. São eles: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. A análise por municípios é ainda mais preocupante: em Simões Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Pará, são registrados 400 homicídios de jovens negros por 100 mil habitantes.

O professor enfatizou que as taxas de assassinato entre a população negra no Brasil são superiores às de muitas regiões que enfrentam conflitos armados. Jacobo também comparou a situação brasileira à de países desenvolvidos, como Alemanha, Holanda, França, Polônia e Inglaterra, onde a taxa de homicídio é 0,5 jovem para cada 100 mil habitantes.

“Para cada jovem que morre assassinado nesses países, morrem 106 jovens e 144 jovens negros no Brasil. Se compararmos com a Bahia, são 205 jovens negros para cada morte naqueles países; e no município baiano de Simões Filho, que tem o pior índice brasileiro, são 912 mortes de jovens negros para cada assassinato de jovem”, disse.

O secretário-executivo da Seppir, Mário Lisboa Theodoro, enfatizou que o governo federal tem intensificado as ações para enfrentar o problema que classificou de “crucial”. Ele lembrou que foi lançado em setembro, em Alagoas, o projeto Juventude Viva, para enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. A iniciativa prevê aulas em período integral nas escolas estaduais, a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, associado à economia solidária.

O Juventude Viva é a primeira etapa de uma ação mais ampla – o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. A meta do governo é expandir o programa no primeiro semestre de 2013 para mais cinco unidades federativas: Paraíba, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul.

“O objetivo é garantir um conjunto de serviços às comunidades onde esses jovens residem, como infraestrutura, além de fornecer oportunidade de estudo e de ocupação para eles, aproveitando inclusive os eventos esportivos que o Brasil vai sediar, como a Copa do Mundo”, disse Theodoro.

Agência Brasil | 29/11/2012 16:00:44 - Atualizada às 29/11/2012 16:43:00

Fonte: Agência Brasil/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-11-29/homicidios-de-negros-crescem-56-em-8-anos-enquanto-de-brancos-caem-248.html

Ver também:
Número de negros assassinados no Brasil cresce 29,8% em oito anos (SIC, Portugal)
Amazonas ocupa a quinta colocação em índice de homicídios contra negros (d24am)
Bahia registra maior aumento no número de homicídios da juventude negra

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deputado da extrema-direita húngara pede “lista de judeus”

Marton Gyongyosi, deputado húngaro de extrema-direita, quer lista com judeus que possam ser “risco de segurança nacional”. Associações judaicas e o Governo húngaro já criticaram estas palavras. Gyongyosi já pediu desculpa.

(Foto) Membros da Guarda Húngara, grupo ligado ao Jobbik e acusados de serem uma unidade paramilitar, numa cerimónia Karoly Arvai/REUTERS

Foi durante uma sessão parlamentar que o vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik, o partido de extrema-direita da Hungria, afirmou ser necessária uma lista com os nomes de judeus húngaros que pudessem representar um “risco de segurança nacional”.

As declarações do vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik foram prontamente reprovadas por vários sectores da sociedade húngara. O Governo húngaro, de direita, lançou um comunicado em reacção às declarações de Gyongyosi, em que garantia: “O Governo quer deixar claro que todos os cidadãos vão ser protegidos de insultos como este”

O comunicado dizia também que o Governo húngaro tem tomado “a acção mais firme possível contra qualquer forma de racismo e comportamento anti-semita” e que tem feito “tudo para poder assegurar que vozes mali-intencionadas incompatíveis com as normas europeias sejam travadas”.

Em declarações à agência Reuters, o director das Congregações Judaico-Húngaras, Gusztav Zoltai, sobrevivente do Holocausto, disse: “É claro que [estas declarações] servem apenas um propósito político.” Mas acrescentou: “A pessoas como eu isto gera um medo imenso.”

Durante o Holocausto morreram entre 500.000 e 600.000 judeus húngaros, de acordo com os número do Centro de Memória do Holocausto em Budapeste.

Jobbik acusado de ter ala militar

Marton Gyongyosi - fascista húngaro que
pediu lista de judeus daquele país
O Jobbik é o terceiro partido com maior representação parlamentar na Hungria. O partido foi fundado em 2003, mas só se estreou nas eleições legislativas de 2010, onde recolheu uns expressivos 16,67% dos votos.

O partido liderado por Gábor Vona é frequentemente ligado a posição anti-semitas, anti-imigração e xenófobas. Um dos assuntos recorrentes deste partido é a minoria étnica roma da Hungria.

É pública a existência de um grupo chamado “Guarda Húngara” que tem ligações ao Jobbik - foi, aliás, fundada por Gábor Vona. São várias as acusações de este grupo agir como um grupo paramilitar, responsável por atacar vários imigrantes, especialmente ciganos, na Hungria. Estas acusações são refutadas pelo Jobbik, que alega que este grupo nunca teve armas e que, por isso, não pode ser olhado como uma milícia.

PÚBLICO. 27/11/2012 - 14:39

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/deputado-da-extremadireita-hungara-pede-lista-de-judeus-1575172

Comentário: mais de uma vez teve gente negando o caráter antissemita e de reabilitação do nazismo do negacionismo do Holocausto. Será que com essas notícias recentes ainda virá gente negar o óbvio? Se deixar esses grupos fascistas repetem o que fizeram na Segunda Guerra, e o pior é que a sociedade civil em alguns países está deixando a coisa crescer. As milícias do Jobbik também são acusadas de perseguir ciganos na Húngria.

Ver mais:
Líder de direita na Hungria causa indignação ao pedir lista de judeus no país (Diário Digital, Portugal)
Hungria: judeus ameaçam a "segurança", diz deputado A Tarde/Agência Estado
Neonazi pide listas de judíos como en el Holocausto (Infobae)
Hungria: Partido de extrema-direita quer referendo sobre presença na UE TSF

Pesquisador diz que piadas racistas reforçam padrão colonial

Piadas sobre negros ainda são usadas para desqualificar e marginalizar essa parcela da população, critica o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Dagoberto José da Fonseca, que pesquisa o tema desde a década de 1980. "Esse tipo de piada, de brincadeira, que não é nada inocente, tem o objetivo de rebaixar, de inferiorizar, de desqualificar o negro, de mostrá-lo como um animal, incompetente ou estigmatizar uma situação de pobreza pela qual passa boa parte dessa população."

Doutor em ciência sociais, ele começou a pesquisar o tema depois de ouvir de um amigo uma piada racista ainda na faculdade. A anedota deu origem a uma tese de mestrado que, engavetada desde então, foi resumida e será publicada no livro Você Conhece Aquela? A Piada, o Riso e o Racismo à Brasileira, com previsão de lançamento em dezembro.

Em 133 páginas, o professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp reúne piadas em que os protagonistas são negros e aparecem como "vadios, malandros, ladrões". Em algumas dessas anedotas são comparados a doenças degenerativas, como câncer, ou têm características físicas, como o nariz e a boca, exageradas, reforçando estereótipos.

É o caso da personagem Adelaide, do programa Zorra Total, da TV Globo. No quadro, ela é uma mulher negra, pobre, sem dentes, que se refere aos cabelos da própria filha como "palha de aço". As aparições da personagem estão sob análise no Ministério Público do Rio de Janeiro, que vai avaliar se há racismo no programa, a pedido da Secretaria de Igualdade Racial (Seppir).

"A personagem Adelaide está colocada dentro dos marcos do passado. Havia uma leitura nas piadas de que os negros eram pobres, desdentados e feios. Ela a personagem não rompe com o passado, como Mussum, Grande Otelo e Chocolate. Adelaide tem o nariz e os lábios exageradamente alargados e o cabelo despenteado, em um clichê, que, no final, a compara a um gorila", criticou.

Sobre o tema da sexualidade, em um dos quatro capítulos da obra, Fonseca também critica o mito da potência sexual, no caso dos homens, ou de lascívia, no caso das mulheres. Segundo o professor, essas ideias surgem na colonização tanto no Brasil quanto na África e refletem teorias de um momento histórico em que o negro era tido como inferior.

"Quando a gente pensa em um negro brutamonte, está associando o negro a um tarado, a um cavalo, a um touro, ou seja, voltamos para a questão da animalização", ressaltou. ''Do outro lado, quando se remete à mulher negra, há ideia de lascividade, de promiscuidade. Tudo vinculado ao processo colonial, em que o dono do corpo era quem escravizava", acrescentou.

Para o professor, por trás das piadas racistas há uma intenção de buscar a "padronização" do corpo, da beleza, por meio da valorização de um "ideal branco", o que tem impactos negativos, especialmente, entre as crianças negras. A tendência, explica o pesquisador, é que elas se sintam inferiores e tenham mais dificuldade para aprender.

Em relação à personagem Adelaide, a Central Globo de Comunicação informou que o humorístico "é notadamente uma obra de ficção, cuja criação artística está amparada na liberdade de expressão". A nota acrescenta ainda que a personagem foi inspirada na avó de seu intérprete e criador, o ator Rodrigo Sant'anna.

20 de novembro de 2012 • 11h34 • atualizado às 13h51

Fonte: Agência Brasil/Terra
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6317037-EI306,00-Pesquisador+diz+que+piadas+racistas+reforcam+padrao+colonial.html

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Testemunho de Eliezer Eisenschmidt, Sonderkommando (sobre remoção de cadávares nas câmaras de gás)

Trecho extraído da página 229 do livro "We Wept Without Tears: Testimonies of the Jewish Sonderkommando from Auschwitz", de Gideon Greif.

Testemunho de Eliezer Eisenschmidt, Sonderkommando.

Da edição em inglês:
In the meantime, what was happening in the gas chambers?

After the people were asphyxiated from inhaling the gas, the doors were opened for ventilation [27] and afterwards the bodies were brought out and taken back to the undressing room.

Who took the bodies out of the gas chambers?

We removed one or two bodies by hand. Sometimes we used a long stick; we grabbed the body by the neck and pulled it out. It was better to use the stick than our hands, since many of the victims soiled themselves as they were being killed. [28] So we didn’t want to touch the corpses with our hands; instead, we preferred to take them out with the stick. After the bodies were treated in the undressing room, they were taken to the furnaces. All the Sonderkommando prisoners took part in removing bodies from the gas chambers. Even those who usually worked elsewhere: the one who did gardening work in the crematorium yard or the one whose job was to bring coal to the furnaces. This was the most complicated and awkward work.
Tradução:
Nesse intervalo o que estava acontecendo nas câmaras de gás?

EE: Depois das pessoas serem asfixiadas ao inalar o gás, as portas eram abertas para ventilação [27] e, depois, os corpos eram levados para fora e levados de volta para a sala de se despir.

Quem levava os corpos para fora das câmaras de gás?

EE: Removíamos um ou dois corpos com as mãos. Às vezes, usávamos uma vara longa; pegávamos o corpo pelo pescoço e o puxávamos para fora. Era melhor usar a vara do que nossas mãos, uma vez que muitas das vítimas se sujavam quando estavam sendo mortas. [28] Portanto, não queríamos tocar nos cadáveres com as mãos; em vez disso, preferíamos tirá-los com a vara. Depois que os corpos eram tratados na sala de se despir, eles eram levados para os fornos. Todos os prisioneiros Sonderkommando participavam na remoção dos corpos das câmaras de gás. Mesmo aqueles que normalmente trabalhavam em outro lugar: como aquela pessoa que fazia o trabalho de jardinagem no pátio do crematório ou aquele cujo trabalho era trazer carvão para os fornos. Este era o trabalho mais complicado e difícil.
Fonte: We Wept Without Tears: Testimonies of the Jewish Sonderkommando from Auschwitz (livro)
Autor: Gideon Greif
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 24 de novembro de 2012

Richard Widmann e Verohnika Clark (Alterado)

Originalmente publicado em: 24 de dezembro de 2009; alterado em 2 de janeiro de 2010.

Richard A. Widmann recentemente fez esta afirmação a respeito de seu novo jornal:
O site Inconvenient History tenta retornar às raízes do revisionismo sem qualquer agenda política ou desejo de tornar atrativos regimes totalitários.
Esta afirmação pode ser comprovada como falsa.

Vários dos contribuidores do jornal tem uma agenda antissemita e a mais extremista se chama Verohnika Clark, a quem Widmann publicou seus textos sob o pseudônimo anglicizado Veronica Clark.

Em 2006, Clark encontrou a 'Adolf Hitler Research Society' (Sociedade de Estudos Adolf Hitler). No mesmo ano, ela escreveu:
Os agora um milhão de registrados [Ain, 1993] que alegam ser "sobreviventes do Holocausto" deveriam ficar totalmente enojados com eles mesmos, e completamente envergonhados por serem tão implacáveis com os sacrifícios de Hitler e da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Eles realmente deveriam ter sido deixados para morrer, como do contrário aconteceu de serem salvos pela SS em fuga.
Em 2007, Clark escreveu:
Judeus são lixos subumanos.

Eu disse isso porque ninguém tem mais 'colhões'. Deveria eu clamar por um genocídio contra os judeus? Bem, se eu fosse presidente dos Estados Unidos, então, "Sim, eu o faria." Gostaria de bombardear a merd* vivente em Tel Aviv e cortar todo o financiamento para todos os judeus. Gostaria de amarrar numa corda seus líderes de circo - Chertoffsky iria balançar em uma corda. Então, livrar-me dos Bush, Levy, Feinstein, Feingold, Boxer, Schumer, Lieberman, Clinton e todos os outros judeus e cripto-judeus no governo judeumericano (Jewmerican).
Não é surpresa que Clark seja apoiada por Fritz Berg, que deu a ela esta introdução:
Nossa próxima pessoa a falar é Verohnika Clark. Ela é uma cristã, e uma admiradora de Adolf Hitler. Eu mesmo sou um pagão, mas também sou um admirador de Adolf Hitler. Se não fosse por Adolf Hitler, todos nós estaríamos vivendo sob o comunismo hoje, se estivéssimos vivos. O que salvou o Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial foi a bomba atômica - sem a bomba atômica antes do fim da Segunda Guerra, quem salvou a civilização ocidental foi Adolf Hitler. Apesar da Sra. Clark e eu termos diferenças religiosas - ambos, ela e eu, somos revisionistas.
...
A Sra. Verohnika Clark entende Hitler melhor que qualquer um que eu conheça. Só há apenas quatro anos atrás que ela fez de Hitler o foco de sua pesquisa e escritos. Uma das mais importates descobertas é que Hitler era um cristão - mas não um típico cristão. Hitler era um um cristão revisionista procurando, e encontrando, o novo significado da mensagem cristã. A Sra. Clark tem dois excelentes websites sobre Hitler que ela criou em apenas um ano e os dirige totalmente sozinha. Em apenas seis meses, ela escreveu mais que uma centena verdadeiros soberbos ensaios, desbravando novos caminhos em muitos casos - e todos eles aparecem em seus websites. É dentro desses ensaios que eu detetei um enorme crescimento dentro dela, não apenas como uma revisionista, mas como uma pessoa que deve inspirar a todos nós. O próprio ato de ser uma ativista revisionista, lutando com a evidência histórica e seus próprios pensamentos sendo ela mesma, ouso dizer, a fez crescer e evoluir espiritualmente. Ela certamente me inspirou. Ela é da Califórnia - que ó - soa como um estranho lugar para o Ocidente. Eu tinha que falar isso porque acontece também da Sra. Clark ter um diploma da Associação de Artes em tecnologia automativa a diesel - bem como um bacharelado em ciência política global.
Em 30 de abril de 2009, Clark fez uma aparição neste programa de rádio usando os pseudônimos de Emma Goldmann e Emma Peters, que ela também costumava usar como administradora do site Adolf Hitler. A entrevista pode ser escutada aqui. Fritz Berg pôs um link para 'Emma' neste tópico da Cesspit*, que cita este texto:
Emma: a mais sangrenta e última-longa guerra da Europa. A Igreja Católica exerceu um proeminente papel no derramamento de sangue deste período. Não é surpresa de que vários Papas são judeus étnicos.
Tão óbvio são os links nazis, e tão insanos os escritos e história da rádio, que isso só pode fazer apenas uma contra-produtiva presença de Clark no jornal de Widmann. Então por que Widmann a publicou? Pode ser talvez por que a visão política de Widmann seja simpática com a dela? Em 2007, Widmann escreveu:
Hoje a cultura branca e herança europeia são denunciadas por serem ultimamente responsáveis pelo pensamento e ideologia que resultaram no Holocausto. No coração da capital de nossa nação, Distrito de Washington, o Museu Memorial do Holocausto dos EUA foi fundado. Uma das primeiras coisas exibidas que é confrontada pelo museu é o vídeo que condena 2000 anos de antissemitismo, que ele alega que resultaram no Holocausto. Isto quer dizer, o Cristianismo (com seus 2000 anos de história) é em última instância responsável por Auschwitz.
Além disso, no mesmo artigo, Widmann afirma que a historiografia do Holocausto e comemoração eram responsáveis pela 'degeneração moral' dos EUA:
Um exemplo recente é status heróico dado a Oskar Schindler, a indivíduo moralmente falido que fez sua vida com trabalho escravo, que traiu sua esposa, e foi um traidor de seu próprio país. (11) A aplicação de tais lições à cultura norte-americana podem apenas resultar na continuidade de sua degeneração moral e ruína.
Widmann ignora o fato que seus herois preferidos, Cristóvão Colombo e George Washington, também ganharam dinheiro com a escravidão. Este flagrante duplo-padrão apenas pode existir na mente de alguém que considera a 'influência judaica' como um problema real.

Atualização, 2 de janeiro de 2010: eu alterei minha descrição de Clark de 'nacionalista branca' para 'neonazi' na subsequente pesquisa. Sua entrevista à rádio, com o link acima, expressa conflitos entre ela mesma e nacionalistas brancos, incluindo uma conversa acalorada com Tom Metzger, discutida por um insano nacionalista branco aqui e aqui. Eu adicionei mais alguns links, como um que eu originalmente postei no site AHRS que está atualmente protegido por senha.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2009/12/richard-widmann-and-verohnika-clark.html
Tradução: Roberto Lucena

*Cesspit: para quem quiser entender o que significa "Cesspit" no contexto do negacionismo do Holocausto, confira o link.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ataque a torcedores na Itália alimenta medo de violência neofascista

ROMA, 23 Nov (Reuters) - Um ataque brutal contra torcedores do clube de futebol inglês Tottenham Hotspur em Roma alimentou os temores na Itália com relação ao crescimento da violência da direita e do antissemitismo.

A capital italiana foi atingida por um aumento da militância da extrema direita desde outubro, com manifestações semanais promovidas pelo grupo de jovens neofascistas Blocco Studentesco, que em geral terminam em confrontos com a polícia.

A mídia italiana inicialmente atribuiu o ataque de quinta-feira aos torcedores linha-dura ou ‘ultras'' da Lazio, time que enfrentou o Tottenham pela Liga da Europa.

Mas dois torcedores da Roma, os principais rivais da Lazio na cidade, estavam entre os 15 detidos por suposto envolvimento no ataque contra um bar no centro da cidade, o que sugere uma possível motivação diferente.

O Tottenham tem muitos torcedores judeus, e testemunhas contaram à mídia italiana que homens mascarados armados com facas e tacos de beisebol gritavam "Judeus, judeus" ao cercar o pub onde os torcedores do Tottenham bebiam, em um distrito frequentado por turistas em um bairro antigo de Roma.

Dez pessoas foram feridas no ataque. O torcedor inglês Ashley Mills, de 25 anos, ficou em estado grave. Ele foi submetido a uma cirurgia por causa de um ferimento na perna na sexta-feira e ainda era monitorado pelos médicos, informou o hospital de Roma em que ele está sendo tratado.

A Lazio divulgou uma declaração na quinta-feira afirmando que qualquer sugestão de que os agressores seriam torcedores do time era "totalmente sem fundamento".

O embaixador de Israel na Itália, Naor Gilon, disse a jornalistas que o ataque contra torcedores do Spurs vinha de "uma nova tendência de antissemitismo na Europa".

O Congresso Judaico Mundial pediu na sexta-feira que a Lazio seja suspensa do futebol europeu, caso o clube não tome medidas contra os torcedores linha-dura antissemitas.

Notícias na imprensa informaram que os torcedores da Lazio cantaram "Juden Tottenham, Juden Tottenham" na partida de quinta-feira.

PERIGO AOS JUDEUS

O caso de violência deu início a uma discussão sobre a segurança dos judeus em Roma.

O chefe da comunidade judaica da cidade, Ricardo Pacifici, disse que o ataque mostra que os judeus não estão suficientemente protegidos.

O comissário de polícia Giuseppe Pecoraro rejeitou a acusação, classificada por ele de provocação. "A polícia faz mais para a comunidade judaica de Roma do que em qualquer outro lugar do mundo", afirmou.

O prefeito de Roma, Gianni Alemanno, anunciou o financiamento de 21 milhões de euros (27 milhões de dólares) para o Museu do Holocausto "a fim de dar uma resposta imediata aos vários sinais de antissemitismo ocorridos recentemente em nossa cidade".

O próprio Alemanno é um antigo líder da juventude neofascista que era cumprimentado com saudações fascistas e gritos de "Duce! Duce!" ao ser eleito prefeito em 2008. Duce é o termo adotado pelo ditador italiano Benito Mussolini.

Por Naomi O''Leary
23 de novembro de 2012 • 14h16

Fonte: Reuters/Terra
http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI6326623-EI1137,00-Ataque+a+torcedores+na+Italia+alimenta+medo+de+violencia+neofascista.html

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01

RESUMO

Neste ensaio se analiza a relação entre a experiência original do fascismo italiano e suas expressões homólogas na América Latina (especialmente os casos do Brasil e do México) no período entreguerras. O objetivo principal é expôr as muitas ambiguidades, incertezas e leituras equivocadas que ocorreram em ambos sentidos durante essa época, em particular desde o lado italiano. Assim se chega a desenhar um mapa de encontros e sobretudo desencontros, que matizam a infuência e "difusão" do fascismo de origem italiana na América Latina, abarcando entre outros aspectos alguns elementos culturais e ideológicos. Avança-se assim para detectar os limites de expressão e propagação de um fascismo verdadeiro com respeito a outros fenômenos "nativos" da América Latina tais como as ditaduras e alguns movimentos políticos nacionalistas, e a marcar dessa forma um âmbito mais preciso de utilização da categoria "fascismo" na região.

PALAVRAS CHAVE: Fascismo, nacionalismo, Itália, América Latina, entreguerras.

Artigo recebido: 4 de fevereiro de 2008; Aprovado: 7 de julho de 2008; Modificado: 30 de setembro de 2008.

Introdução

A presença de um modelo político fascista ou semifascista na América Latina foi objeto de discussões e estudos ao longo das últimas quatro décadas, especialmente com relação aos regimes nacional-populistas, as ditaduras militares e alguns grupos nacionalistas radicais e "de direita" [01]. Um dos denominadores comuns das investigações foi o uso extensivo do qualificativo "fascismo" para cobrir um espectro amplo de fenômenos, entre fatos e personagens, oscilando desde o populismo da direita conservadora e autoritária, e passando por forças castrenses (com o modelo prototípico do ditador chileno Augusto Pinochet). A aplicação imprudente e excessiva do termo foi, além disso, característica dos ambientes políticos de esquerda os quais se cultivou por um longo tempo a ideia errônea de que a América Latina foi "a guarida do fascismo em suas formas mais abertamente contrarrevolucionárias e ditatoriais" [02]. Este uso polêmico, genérico e superficial da palavra, pela imprecisão, ou escasso rigor científico e o risco de graves erros de interpretação, foram denunciados por vários investigadores do fenômeno fascista, como Gilbert Allardyce, Stanley Payne e Emilio Gentile [03]. Cabe se perguntar de onde se origina esta ambiguidade ou incertidão semântica ao redor de um fenômeno fundamental do século XX. Neste ensaio se investigará uma das causas originais (não a única, mas sem dúvida importante) no "jogo de ilusões" entre as manifestações latinoamericanas do fascismo e a Itália fascista.

Naturalmente, para qualquer observador atento, na América Latina resultam de imediato evidentes as diferenças a respeito do fascismo europeu, se de "fascismo" se pode falar. Aqui não há movimentos de massas impulsionados pela classe média, líderes messiânicos, "religiões políticas" ou ideologias palingenésicas e poderosos partidos únicos, tampouco se percebe essa difura atmosfera intelectual voluntarista, vanguardista, soreliana e nietzcheana atiçada pelos mitos da guerra mundial, que constitui a base reativa para a formação da filosofia política do fascismo. Stanley Payne assinala a respeito que "a fragilidade ou bem a ausência de um fascismo verdadeiro na América Latina" se deve à "taxa geralmente baixa de mobilização política; um atraso mais que geracional em relação aos países mais atrasados da Europa; o caráter não competitivo do nacionalismo [...]; o controle tradicional elitista-patronal dos procedimentos políticos e portanto, a capacidade dos grupos dominantes e menos radicais [...] para reprimir o nacionalismo revolucionário; a composição multirracial de muitas associações latinoamericanas [...]; o predomínio político da casta militar [...] a debilidade da esquerda revolucionária [...]; a tendência dos nacionalistas latinoamericanos depois de 1930 a rechaçar tanto a Europa como a América do Norte e orientados para um nativismo populista ou de tradição hispânica; a insuficiência da economia social-nacional sindicalista do Estado em países dependientes [...]; o desenvolvimento, enfim, de um modo característico de nacionalismo radical na forma de movimentos populistas [...]" [04].

Na América Latina, contudo, existem também elementos comuns ou facilmente reconhecíveis para quem está familiarizado com os "modelos" europeus: a crise do liberalismo, a crítica à democracia parlamentar, o rechaço às oligarquias tradicionais, os impulsos à modernização nacional, a oposição ao imperialismo anglo-saxão (e a ideia de uma "nova ordem" mundial com a liderança de potências emergentes), a reação contra o "perigo" comunista (mais imaginário que real, ou bem distante geograficamente) e a busca de um sistema de tipo corporativo. O repertório de semelhanças é, sem dúvida, suficiente para perguntarmos não somente sobre a presença e extensão do fenômeno fascista - como assinalou em um momento Hélgio Trinidade - [05] senão precisamente indagar sobre as características das variantes regionais do mesmo. A este "fascismo" não teremos qualificativos tais como o "fascismo de esquerda" (Lipset, Incisa di Camerana) [06] ou o "fascismo desde cima/de direita" (Torcuato di Tella) [07], limitaremo-nos a descrever algumas peculiaridades das formas "fascistas" ou próximas ao fascismo presentes na América Latina, ao dar por certo que este constitui uma fenomenologia de alcance mundial com uma notável variação regional. O que faz falta por agora é, em primeiro lugar, incorporar as tendências mais recentes da investigação internacional sobre o fascismo, que lhe tirou a centralidade de questões tais como as classes sociais (fascismo=mobilização ou revolução das classes médias), as peculiaridades nacionais (fascismo=revanche de países humilhados ou ambiciosos) e a oposição às forças de esquerda (fascismo=anticomunismo), ou a relação com o modelo econõmico (fascismo=ditadura da burguesia ou fascismo=corporativismo) no que se enfoca melhor na ideología, na cultura, na morfologia institucional e na geopolítica [08]. Em segundo lugar é preciso abordar o problema da relação que existe entre todo fascismo e seu modelo original, que é sem dúvida alguma o italiano.

As investigações na Itália, na realidade, nunca perderam a consciência de que o fascismo fora essencialmente um produto "Made in Italy", uma perspectiva excessivamente limitada que em alguns casos (De Felice) dificultava ver os caracteres fascistas presentes em outras experiências extra-italianas, quer dizer, negar que o fascismo fora um fato de alcance mundial e de época. A atenção para a América Latina era óbvia, porque aqui se observavam fenômenos parecidos com características em parte similares e em partes diferentes a respeito do modelo transatlântico, o que criava confusão. Por outro lado, existia também uma linha de estudos que sem exagerar o alcance do "fascismo" como ideologia ou modelo político, destacava a influência do regime de Benito Mussolini como exemplo de Estado forte, autoritário e modernizador. Assim chegavam a ver erroneamente ou superficialmente como um "sucesso" da ditadura italiana tanto a função desta como um modelo, assim como o entrelaçar de contatos entre esta e os regimes latinoamericanos [09]. Este erro se deve em grande medida à falta de distinção entre a influência política e geopolítica por um lado (que foram menos consistentes do que se crê), e a influência ideológica por outro lado (ainda mais débil, muito além das imitações superficiais e as sugestões ocasionais e de toda toda forma, inferior às expectativas) [10].

A confusão dos âmbitos de influências, por demais, está presente já na produção escrita da época especialmente na Espanha e América Latina, onde se lia o fascismo no sentido conservador e autoritário, perdendo de vista ou mal interpretando os aspectos revolucionários, modernistas e progressivos da ideologia fascista [11], o que se levou a incluir apressadamente o fascismo entre "as direitas" [12]. Cabe mencionar além disso o hitlerismo antifascista que se propaga em muitos países entre as organizações trabalhistas e em círculos governamentais (no México), e alcança níveis de alarmismo exacerbado em fins da década de trinta e durante a Guerra, com as denúncias - em grande medida inverossímeis ou francamente exageradas - da presença de uma ubíqua "quinta coluna" fascista em todo o continente [13]. O aspecto mais surpreendente desta falta de entendimento ou alteração perceptiva - como se queira chamar - ao redor da presença fascista na América é talvez a confusão entre o verdadeiro fascismo (italiano) e suas imitações ou formas homólogas latinoamericanas. Os países que talvez podem exemplificar melhor estas confusões são México e Brasil: o primeiro, ao desenvolver um regime populista revolucionário de partido único com várias características em comum com o fascismo (mas derivadas do desenvolvimento autônomo) e o segundo, por ser o berço do movimento popular mais próximo ao fascismo de toda a América Latina. A estes dois casos nacionais lhes dedicaremos mais espaço em nosso percurso pelas formas e as manifestações políticas próximas ou paralelas ao fascismo na região.

O objetivo principal deste ensaio é mostrar através da profunda desilusão italiana pela escassa difusão ideológica e política do fascismo na América Latina, o desencontro com os movimentos, regimes e figuras políticas e intelectuais que se diziam fascistas ou simpatizantes (ou bem tinham esta reputação ou pareciam alinhados), para pôr em evidência como em grande parte da região se experimenta trajetórias político-ideológicas peculiares que, ao se extinguir abruptamente os fascismos "clássicos" europeus em 1945 (e ao mudar, em consequência, o clima ideológico mundial), manifestaram-se mais francamente nos modelos autóctenes de nacional-populismo. Desde o olhar italiano se chegara a descobrir finalmente o jogo de miragens e equívocos que contribuiu para originar a escassa ou errônea compreensão do que foi (e é) o fascismo na região [14].

1. Percepções e Realidades

Para abordar o tema, poderíamos começar por assinalar que o fascismo, ao contrário do comunismo, não é uma ideologia com vocação internacional. Ou melhor, ela o é somente na medida em que os objetivos nacionais se conjugam com as tarefas de elevar o status da "Civilização" (ocidental) e com a luta contra os inimigos desta (bolchevismo, liberalismo, individualismo, cosmopolitismo) e, em geral, contra a "decadência" (que é um conceito axial para todos os fascismos). Cada fascismo expressa, com efeito, um impulso de sua própria realidade nacional, surge - por assim dizer - de cada contexto com características peculiares e únicas, e só secundariamente se entrelaça com a fenomenologia ideológica e política mundial. Com estas exceções pode-se falar de "internacionalismo fascista" (especialmente nos anos vinte), e se pode detetar intenções de buscar laços e sinergias entre os movimentos fascistas internacionais e apregoar um "fascismo universal" (como o fizeram os CAUR [15] e alguns intelectuais italianos na década dos anos trinta). Contudo, todos os intentos de unir os esforços dos movimentos e regimes de tipo fascista se subordinam sempre ao princípio dos interesses nacionais. Não existe - nunca existiu em nenhuma parte - algo assim como uma forma de solidariedade espontânea com consequências políticas, como a que existiu entre os movimentos socialistas e comunistas mundiais e que favoreceu a formação do Komintern no período entreguerras. E fora isto, finalmente, a debilidade fatal do fascismo.

Os observadores contemporâneos mais atentos não se deixaram enganar e expressaram juízos céticos ou negativos sobre o conteúdo "fascista" das ditaduras latinoamericanas [16]. A influente revista Crítica Fascista em 1937 adverte a seus leitores que não tem como se entusiasmar por essas ditaduras e arriscar a fazer "de toda a erva uma só" [17]. O Conde Ciano (Ministro de Relações Exteriores e genro de Mussolini) observou nesse mesmo ano que:
"em todo o continente há uma tendência a considerar como "fascistas" as muitas medidas de caráter autoritário que são, na realidade, as ações de somente ditaduras militares ou semimilitares características desses países [...] para proveito pessoal [...]. O "Fascismo", na realidade, não é conhecido em suas verdadeiras finalidades e em sua essência no continente americano. [...] Em geral, quando se fala de "fascismo" na América do Sul se fala desta ou daquela pessoa que têm tendências de caráter fascista. Todos os demais homens políticos ignoram quase completamente o que são a teoria e práxis fascista" [18].
Os ditadores latinoamericanos, efetivamente, não se ajustavam ao perfil de Mussolini. Ainda que estes homens admirassem o Duce e o fascismo, eram por demais nacionalistas para reconhecer dúvidas a um modelo estrangeiro ou tolerar intromissões políticas externas [19]. Eram, sobretudo, bastante conservadores para aceitar o componente socialista, populista e revolucionário do fascismo. Deste eles tinham, como todo mundo, uma visão parcial e deformada. Por seu lado, o regime fascista não se inclinava a aceitar por princípio o caráter reacionário dos ditadores que eram a expressão de interesses castrenses, oligárquicos e pessoais, ao invés de serem a manifestação autêntica das massas nacionais [20]. Na imprensa fascista era frequente que se dessem "lições" a homens fortes latinoamericanos, para "impedir que alguns simples reacionários ou caudilhos militares exagerassem em se atribuir credenciais ilegítimas do fascismo" [21].

É certo também que a percepção italiana da realidade latinoamericana tinha suas limitações. Os fascistas italianos tão sencíveis em conceder o título de "fascista" a movimentos e regimes estrangeiros, especialmente se eram do tipo militar, personalista ou conservador, não souberam reconhecer os fenômenos paralelos (nacional-populistas) ou francamente próximos (fascismo "de esquerda", se aceitamos a expressão de Lipset e Incisa di Camerana) que se manifestavam na distância das terras americanas. O fascismo italiano tinha um componente populista, mas o populismo como fenômeno político em sentido estrito e completo é em si uma forma política autônoma, quer dizer, como o fascismo é autônomo em relação ao nacionalismo ou ao socialismo (que são suas duas principais raízes históricas) [22]. Os fascistas italianos simplesmente não souberam detetar o populismo. Além disso - enquanto estiveram dispostos a reconhecer formas políticas sui generis - não perceberam ou rechaçaram as formas mais esquerdistas e peculiares de fascismo que também nasciam, com a influência do modelo italiano mas respondendo a uma causalidade local diferente. A luta para construir a nação, derrubar as oligarquias decimonónicas (do séc. XIX) e romper com a dependência das potências anglo-saxãs levou a vários casos à formação de movimentos e regimes de tipo fascistizantes (Brasil, México, Bolívia), que não foram entendidos completamente pela Itália fascista, que os viu como algo exótico, distante e confuso.

Notas

* Este artigo é resultado do projeto de pesquisa do autor entitulado "Nación y nacionalismo", financiado pelo Instituto Nacional de Antropologia e Historia, INAH, do México.

[01] Ver entre os numerosos estudos, Theotonio Dos Santos, Socialismo o fascismo: el nuevo carácter de la dependencia y el dilema latinoamericano (Buenos Aires: Periferia, 1974); René Zavaleta Mercado, "Nota sobre fascismo, dictadura y coyuntura de disolución", Revista Mexicana de Sociología 41:1 (enero-marzo 1979): 75-85; David Viñas, Qué es el fascismo en Latinoamérica (Barcelona: La Gaya Ciencia, 1977); Hélgio Trinidade, "El tema del fascismo en América Latina", Revista de Estudios Políticos 30 (1982): 111-142. Geralmente estes autores se adscriben à teoria marxista e aos modelos de "dependência".

[02 Roger Grifn, The Nature of Fascism (New York: Routledge, 1991), 148.

[03 Cfr. Franco Savarino, "La ideología del fascismo entre pasado y presente", em Diálogos entre la historia social y la historia cultural, eds. Franco Savarino et al. (México: INAH-AHCALC, 2005), 253-272.

[04 Stanley G. Payne, Il fascismo (Roma: Newton, 1999), 345.

[05 Helgio Trinidade, "El tema del fascismo", 111.

[06 Seymour Martin Lipset, El hombre político. Las bases sociales de la politica (México: REI, 1993); Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos. Biografia di un continente (Milano: Corbaccio, 1994).

[07 Torcuato S. Di Tella, "Fascismo desde arriba" en Diccionario de las ciencias sociales y políticas, eds. Torcuato S. Di Tella et al. (Buenos Aires: Emecé, 2001), 271-272.

[08 Em particular as influentes investigações de George Mosse, Zeev Sternhell, Roger Grifn e Emilio Gentile que marcam um "giro" cultural (e institucional) nos estudos sobre o fascismo. Gentile define o fascismo como "um fenômeno político moderno, nacionalista e revolucionário, antiliberal e antimarxista, organizado por um partido milícia, como uma concepção totalitária do Estado, com uma ideologia ativista e antiteorética, com um fundamento mítico, viril e anti-hedonista, sacralizada como uma religião laica que afirma a supremacia absoluta da nação ao que se entende como uma comunidade orgânica etnicamente homogênea e hierarquicamente organizada em um Estado corporativo com uma vocação belicista a favor de uma política de grandeza, de poder e de conquista encaminhando à criação de uma nova ordem e de uma nova civilização". Emilio Gentile, Fascismo, historia e interpretación (Madrid: Alianza, 2004), 19.

9 Por exemplo, em Pietro Rinaldo Fanesi, "Le interpretazioni storiografiche e politiche dell'America Latina nel periodo fascista", en Ruggiero Romano. L'Italia, l'Europa, l'America, ed. A. Filippi (Camerino: Università di Camerino, 1999), 395-405. Mas é uma interpretaçaõ comum. Mugnaini por seu lado, Marco Mugnaini, "L'Italia e l'America latina (1930-1936): alcuni aspetti della politica estera fascista", Storia delle Relazioni Internazionali 2 (1986): 199-244 interpreta o encontro do fascismo com os regimes castrenses em termos de simpatias, interesses e instrumentalizações políticas (203-207).

10 Vê-se uma evaluación bastante precisa destas influências contraditórias em Stanley Payne, Il Fascismo, 345-354; e cfr. Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo italiano en América Latina (1922-1940)", Reflejos 9 (2000-2001): aquí 107-109. Sobre la infuencia del fascismo entre las comunidades italianas (que se encontra fora do alcance deste estudo) existe já uma boa bibliografia: véase, entre otros a Joao Fábio Bertonha, "A migraçao internacional como Fator de Política Externa: os emigrantes italianos, a Expansâo Imperialista e a Politica Exterior da Itàlia, 1870-1943", Contexto Internacional, XXI: 1 (Enero-junio 1999): 123-64; Emilio Franzina y Matteo Sanflippo eds., Il fascismo e gli emigrati (Roma-Bari: Laterza, 2004); y Eugenia Scarzanella (ed.), Fascisti in Sud America (Firenze: Le Lettere, 2005).

11 Por exemplo, na Espanha um observador contemporâneo (1934) escreve: "Empiezan a existir en España grupos fascistas. Oír a la mayoría de quienes los componen, encoleriza. Se titulan fascistas por haber llegado a la cómoda conclusión de que orden y fascismo son términos sinónimos. Impórtanle un adarme la médula sindicalista, tan en pugna con la tesis conservadora, ni su carácter de doctrina en plena evolución. Ellos lo que quieren es orden, no justicia". Cesar Juarrós, Atalayas sobre el fascismo (Madrid: Ma. Yagües Editor, 1934), 42.

12 Que el fascismo fuera una revolución moderna (al lado y en rivalidad con la comunista) es un hecho aceptado por la mayoría de las investigaciones científicas actuales. El fallecido George Mosse titula significativamente su último líbro The Fascist Revolution. Toward a General Theory of Fascism (New York: Howard Fertig, 1999). La colocación del fascismo sobre el eje derecha-izquierda es más problemática, posiblemente la mejor opción sería asignarle un lugar "central" ("ni derecha ni izquierda" es el título de un famoso estudio de Zeev Sternhell), reconociendo la posibilidad de oscilar en los dos sentidos y marcando una distinción especialmente de las derechas con las cuales suele ser confundido. Cfr. Sandra McGee Deutsch, Las Derechas: The Extreme Right in Argentina, Brazil, and Chile, 1890-1939 (Stanford: Stanford University Press, 1999).

13 Un ejemplo de esta literatura alarmista es la obra de Hugo Fernández Artucio, La organización secreta nazi en Sudamérica (México: Minerva, 1943). Es posible leer retrospectivamente la obsesión por el fascismo internacional de esa época a la luz de la obsesión contemporánea por el "peligro" islámico.

14 Para um exame mais geral e de corte geopolítico das relações italianas com a América Latina remeto a Franco Savarino, "En busca de un "Eje" latino: la política latinoamericana de Italia entre las dos guerras mundiales", Anuario del Centro de Estudios Históricos "Prof. Carlos A. Segretti" 6 (2006): 239-261.

15 Comitati d'Azione per l'Universalità di Roma. Véase Mario Cuzzi, L'internazionale delle camicie nere. I CAUR 1933-1939 (Milano: Mursia, 2005).

16 Oreste Villa (agregado comercial en la Legación italiana en México en los años treinta) critica severamente todos los dictadores latinoamericanos con la excepción de Juan Vicente Gómez. Cfr. Oreste Villa, L'America Latina, problema fascista (Roma: Nuova Europa, 1933), 50-58.

17 Mario Da Silva, "'Fascismi' latino-americani", Critica Fascista, XVI: 3 (diciembre 1937): 44-47. En italiano es un juego de palabras: "fare di tutta l'erba un fascio" (haz=fascio).

18 Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., Documenti Diplomatici Italiani (DDI), s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 6, doc. 515, 653. Las palabras de Ciano son también indicativas de lo difícil que era para los fascistas comprender los fenómenos políticos característicos de la región, como el populismo, o reconocer aquí elementos familiares en la maraña de formaciones autoritarias y auto-reivindicaciones o imitaciones del modelo italiano con ninguno o escaso espesor ideológico.

19 Marco Mugnaini, "L'Italia", 208-211.

20 Aldo Albonico, Italia y América (Madrid: MAPFRE, 1994), 166 y cfr. Folco Testena, "Sguardo sommario sulla situazione dell'America di lingua latina", Civiltá Fascista (Agosto 1942): 653-657. Sobre las dictaduras sudamericanas véase Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 195-245. Los regímenes militares latinoamericanos resultaron ser menos permeables de lo esperado a las infuencias fascistas, también por la incompatibilidad fundamental existente entre el militarismo y el fascismo. Stanley Payne, Fascism. Comparision and definition (Madison: The University of Wisconsin Press, 1980), 19 y 167-175.

21 Aldo Albonico, "Immagine e destino delle comunità italiane in America latina attraverso la stampa fascista degli anni trenta", Studi Emigrazione XIX:65 (marzo 1982): 43.

22 Sobre el populismo hay una vasta literatura que resultaría imposible reportar aquí. Véase entre los clásicos: Octavio Ianni, La formación del Estado populista en América Latina (México: ERA, 1975); Ernesto Laclau, Política e ideología en la teoría marxista (Madrid: Siglo XXI, 1978); Margaret Canovan, Populism (New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1981). Ver también María M. Mackinnon y Mario A. Petrone (eds.), Populismo y neopopulismo en América Latina (Buenos Aires: Eudeba, 1998); y cfr. Franco Savarino, "Populismo: perspectivas europeas y latinoamericanas", Espiral XIII:37 (septiembre-diciembre 2006): 77-94.

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Link alternativo: http://historiacritica.uniandes.edu.co/view.php/573/index.php?id=573
Tradução: Roberto Lucena

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Governos aumentam vigilância sobre os cidadãos afirma a Google

Não são novidade as interferências de vários órgãos governamentais, um pouco por todo o mundo, com o objetivo de limitar a informação divulgada na web. Ainda há poucos dias, por exemplo, o Google ficou indisponível na China.

Desde 2010, que a empresa californiana transmite duas vezes por ano, os resultados do relatório de transparência, onde são divulgadas as conclusões sobre os pedidos efetuados pelos estados de todo o mundo à Google. O objetivo é limitar a livre circulação de informação entre os cibernautas.

As conclusões do relatório sobre o primeiro trimestre deste ano já são conhecidas e estão disponíveis para consulta no blog oficial da empresa. Segundo os dados do sexto relatório, “existe uma tendência clara: a vigilância dos governos está em ascensão.” A empresa justifica este aumento com números: assim, se nos primeiros seis meses de 2010 foram registados em média cerca de 13 mil pedidos para a entrega de dados de utilizadores, já este último semestre os números ultrapassam a barreira dos 20 mil.

A empresa acrescenta ainda que, entre 2009 e 2011, esta interferência foi praticamente insignificante contudo, “no primeiro semestre de 2012 foram registados 1791 pedidos, por parte de funcionários governamentais, de todo o mundo, para a eliminação de 17746 informações e conteúdos.”

Os países que lideram esta lista de preocupações, tendo em conta o primeiro semestre deste ano, são: os E.U.A com 7969 pedidos de dados de utilizadores, seguidos da Índia com 2319 e em terceiro lugar o Brasil solicitou 1566 informações sobre utilizadores.

Quanto a Portugal, foram registados um total de 184 pedidos sobre 247 utilizadores, dos quais 14 por cento foram satisfeitos por parte da Google.

Fonte: tecnologia.com.pt (Portugal)
http://www.tecnologia.com.pt/2012/11/governos-aumentam-vigilancia-sobre-os-cidadaos-afirma-a-google/

sábado, 17 de novembro de 2012

Oliver Stone. Uma lição de história sobre os erros dos EUA

A série documental “The Untold History of United States” estreou ontem à noite nos EUA com o primeiro de dez episódios

Segunda Guerra Mundial

Oliver Stone realizou “The Untold History of United States” a pensar nos filhos. “Quando me contaram o que andavam a aprender na escola fiquei perturbado por perceber que não lhes tinham dado uma visão mais honesta do mundo”, conta no início da série documental, que estreou ontem à noite no canal Showtime norte-americano.

“Quando era novo e estudava em Nova Iorque também achava que tinha recebido uma boa educação”, conta – e é a sua voz que narra o resto da série. “Estudei História e tudo fazia sentido. Nós éramos o centro do mundo. Era o destino. Éramos os bons.” Mas isso foi antes de viajar pelo mundo, de ter estado na Guerra do Vietnã e de ter realizado dezenas de filmes, muito deles sobre política (“JFK”, “Nixon”, “Wall Street”...).

Stone decidiu produzir “The Untold History of United States” para que os filhos tivessem acesso a “algo que vá além da tirania de agora, do nevoeiro em que vivemos”, explica. O que é que isso significa em concreto? Uma visão da América que não estamos habituados a ter na TV, em filmes ou em livros Made in USA.

“Não nos centramos nas coisas que a América fez bem”, diz Stone, que, a par da série, também lançou um livro com o mesmo título a 30 de Outubro (em co--autoria com Peter Kuznick, professor de História da American University). “Para isso já há bibliotecas cheias de livros e o currículo escolar. Estamos mais preocupados com os erros.”

A série começou a ser produzida em Fevereiro de 2008 e funciona “como se fossem dez filmes”, diz o realizador. “Foi pensada como um filme sobre a bomba atómica, porque nasci nessa altura, mas depois vi que também daria um bom documentário”, conta. O que foi pensado como um documentário de hora e meia transformou-se numa série com dez episódios. “Tive mais olhos que barriga”, justifica Stone. E tudo por causa de George W. Bush.

“Estávamos em 2008 e estava zangado com o pesadelo que o nosso país vivia. Decidi expandir o documentário porque queria perceber George Bush... como é que ele se safou e como é que o pusemos outra vez na Casa Branca em 2004 depois de tudo o que fez.”

A lição de história não convencional da série inclui imagens de arquivo nunca dantes vistas, como recriações em laboratórios nucleares norte-americanos encenadas para noticiários.

Os primeiros quatro episódios da série dissecam a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, mas a história prolonga--se pela Guerra do Iraque até à era Obama. Segundo Stone, o actual presidente não é melhor que Woodrow Wilson ou George W. Bush: “Alguém que pegou numa situação má e a tornou ainda pior ao vender-se a financiadores de Wall Street de bolsos cheios.”

A série, que tem mantido Stone ocupado nestes últimos quatros anos, ainda não tem data de estreia prevista para Portugal.

Por Clara Silva, publicado em 13 Nov 2012 - 03:10 | Atualizado há 4 dias 15 horas

Fonte: Ionline (Portugal)
http://www.ionline.pt/boa-vida/oliver-stone-uma-licao-historia-sobre-os-erros-dos-eua

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Minúcias do Holocausto (Arnost Tauber; Dov Paisikovic)

O documento de Nuremberg NI-4829 é o depoimento de um certo Arnost Tauber, que afirma (ênfase minha):
Fui preso em duas ocasiões. A primeira vez em maio de 1939 pela distribuição de illegal leaflets. Fui preso por 77 dias. Em setembro de 1939 fui preso pela segunda vez no in the course of the hostage actions and levado a Dachau por meio da prisão em Pankratz, e de lá para Buchenwald. De Buchenwald fui transferido para o campo principal de Auschwitz em outubro de 1942, e uma semana mais tarde fui enviado de lá para Monowitz com o primeiro transporte. Permaneci em Monowitz até agosto de 1944, quando fui transferido para Treblinka.
E durante o interrogatório:
Pergunta: Então você foi enviado para Treblinka em 4 de agosto de 1944, correto?

Resp. Sim.
Mas o que se passa aqui? Treblinka está claramente fora de lugar neste testemunho.

Mas tente lembrar de um campo diretamente relacionado a Auschwitz com um nome semelhante. Se você pensou em Trzebinia, você acertou. Permitam-me citar o livro 'Auschwitz Chronicle' de D. Czech (pág. 787):
Os prisioneiros são evacuados do campo auxiliar de Trzebinia e aqueles capazes de marchar são conduzidos a Auschwitz. [...] Arnost Tauber, Abraham Piasecki e Karl Broszio escaparam durante a marcha a pé.
________________________________________________
Às vezes, os "revisionistas" podem ser úteis. Assim, um "revi" de nick "polardude" encontrou uma discrepância entre uma lista de transporte de Westerbork e o livro 'Auschwitz Chronicle' de Czech. A lista na pág. 51 da edição crítica revisada do Diário de Anne Frank, 453 judeus partem para Auschwitz em 19 de maio de 1944, entre eles 199 homens, 220 mulheres e 34 crianças.

Por outro lado, Czech lista 453 judeus que chegam de Westerbork em 21 de maio de 1944, assim: 250 homens receberam numeração A-2846-A-3095, 100 mulheres recebem numeração A-5242-A5341. 103 judeus não registrados foram gaseados. Como esse negacionista aponta, mesmo com todas as crianças do sexo masculino, haveria apenas 233 homens sobre este transporte. Agora, obviamente, Czech está errado.

Mas essa correção também nos permite endereçar uma suspeita a Carlo Mattogno sobre Dov Paisikovic, que ele citou em seus livros sobre os Bunkers e as incinerações ao ar livre:
Em 17 de outubro de 1963, em Viena, Dov Paisikovic escreveu um relatório sobre sua experiência como membro da então chamada unidade especial de Auschwitz. Como ele afirma com freqüência, Paisikovic (nascido em Rakowec, então na Tchecoslováquia, em 1 de abril de 1924) foi deportado para Auschwitz do gueto em Munkacs (Hungria) em Maio de 1944 e foi registrado com a ID de número A-3076. No entanto, de acordo com a o livro de Danuta Czech, os números de identificação de A-2846 até A-3095 foram atribuídos a 250 judeus holandeses vindos do campo de Westerbork.
Agora que sabemos que Czech estava errado, não há nenhum mistério - o número de Paisikovic é de fato legítimo.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2006/08/holocaust-minutiae-arnost-tauber-dov.html
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sobre o termo revimané ("revisionistas" e negação do Holocausto)

Pode parecer banal, e talvez seja, mas pra evitar o mau uso do termo por gente mal intencionada querendo criar confusão ou se passar por terceiros aproveitando-se da paranoia desses "revis", acho que é bom fazer o registro de onde vem essa expressão que era bastante usada no Orkut para se dirigir aos revimanés, ops, "revisionistas".

O termo surgiu no fórum de Segunda Guerra do Orkut (na maior comunidade) lançado por um colega de fórum anos atrás, provavelmente 2006 ou antes disso. Ou seja, não é algo novo e não é uma expressão criada pelo pessoal deste blog como muita gente pode achar pois a gente costuma usar muito o termo (digamos que o termo "pegou").

Revimané obviamente é uma palavra criada que mistura parte da palavra "revisionista" com 'mané', que significa idiota, palerma, trouxa, estúpido etc. Portanto revimané nada mais é do que um "revisionista" idiota, tolo, trouxa, imbecil ou estúpido.

É bom fazer o registro pois já peguei comentários de terceiros usando esse termo, o que pode por vezes remeter a que achem que seja alguém do blog comentando, quando não é, uma vez que é um termo razoavelmente bem conhecido pois a comunidade onde o termo surgiu e foi empregado era bastante frequentada/acessada por milhares de pessoas. Refiro-me a grande comunidade sobre Segunda Guerra e sobre o Holocausto no Orkut (as comunidades não-"revisionistas" obviamente).

Fica aqui o registro do termo. O uso da expressão é público, ou seja (em outras palavras), qualquer pessoa pode fazer usa dela pois não possui "copyright".

P.S. um último aviso, embora possa mudar de ideia depois pois infelizmente é algo que vem acontecendo há algum tempo, é sobre terceiros que usam fakes ou termos que a gente usa tentando confundir e ao mesmo tempo não assumir o que defendem ou dizem. Eu ia fazer um post só dedicado a isso mas por enquanto acho que não há necessidade do post, mas... nunca se sabe quando a gente pode vir a mudar de ideia e fazer o post. Pra se combater o extremismo não é muito louvável esse tipo de postura delinquente de uso de fakes pra tentar instigar intrigas ou brigas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Câmaras de gás nos campos da Aktion Reinhard (Belzec, Sobibor, Treblinka). A cor dos cadáveres

Belzec, Sobibor, Treblinka. Negação do Holocausto e Operação Reinhard.
Capítulo 5: Câmaras de gás nos campos da Aktion Reinhard (6). Coloração dos cadáveres.

A cor dos cadáveres

Outras críticas de MGK (sigla pra Mattogno, Graf e Kues) às testemunhas da Aktion Reinhard envolve a cor dos cadáveres gaseados. [246] Para eles, pode ser tomado como uma "verdade" [247] o fato de que as vítimas do gaseamento deveriam exibir claras manchas vermelho-cereja, e como nenhuma testemunha se refere a coloração das vítimas, MGK estão "certos de que algo está errado com os testemunhos das câmara de gás". [248] Este tipo de argumentação é dúbia em sua origem, pois pressupõe um conhecimento exato de várias coisas: as circunstâncias dos assassinatos dentro das câmaras de gás, os fatores que provocam o aparecimento de uma cor "vermelho-cereja brilhante" nas vítimas de monóxido de carbono, que as vítimas gaseamento teriam que necessariamente exibir a cor vermelho-cereja, e que esta descoloração é facilmente aparente para o inexperiente olho humano.

Para sustentar tal afirmação, MGK tem que confiar na literatura médica e toxicológica sobre o envenenamento por monóxido de carbono, no entanto, para nosso conhecimento, nenhum dos quatro negacionistas (incluindo Friedrich Berg) que usa esta argumentação tem qualquer tipo de perícia médica a partir da qual julgariam ou interpretariam tal relato médico. Em sua análise superficial sobre um tema tão complicado, eles são rápidos ao tirar conclusões precipitadas seletivas sem uma apreciação plena das explicações feitas na literatura e sua aplicabilidade aos campos da Reinhard Aktion.

Um exemplo clássico dessa abordagem seletiva e defeituosa pode ser encontrada no manuseio feito por Thomas Kues de relatórios escritos por médicos judeus sobre as condições corporais dentro do gueto de Varsóvia entre 1940 e 1942. Em seu relato das circunstâncias de dentro do gueto, os médicos fornecem dados clínicos sobre os moradores que em breve seriam enviados para Treblinka, e o efeito das condições de desnutrição e fome em sua saúde física, algo que denominaram como "doença da fome". [249] Os médicos referiam-se às "hemodiluição" e de uma diminuição substancial na quantidade de hemoglobina no sangue dos judeus do gueto de Varsóvia.

Kues desonestamente apresenta o trabalho dos médicos de Varsóvia. Em seu artigo, Kues cita uma carta colocada junta como uma revisão dos resultados da autópsia das mortes por doença estritamente causadas por fome. Kues inclui a estatística de que a anemia foi encontrada em apenas 5,5% dos casos das autópsias como sendo "uma indicação de que mesmo entre os casos fatais de desnutrição, a anemia estava longe de estar sempre presente." No entanto, Kues deixa de fora uma importante declaração feita pelos médicos relacionada com a ausência da anemia nas autópsias:
Devemos enfatizar que apenas 5,5% dos casos apresentaram anemia avançada. Quantidades bastante grandes de hemossiderina são encontrados em fígados e baços, e é certo que em doenças relacionadas à fome RBCs são destruídas, mas, por outro lado, como resultado da diminuição do tamanho dos órgãos e tecidos, a quantidade de sangue deixada é suficiente para evitar os sintomas de anemia avançada. [250]
Assim, a anemia a qual Kues se refere é a anemia avançada, que foi menos presente do que formas mais leves. Kues deve perceber isso, pois ele cita relatórios dos médicos que examinam os pacientes com doença de fome abertamente afirmando que "a anemia era algo predominante."

Os pontos que os moradores do gueto sofreram com anemia e hemodiluição são muito notáveis, como eles minariam qualquer expectativa de que as vítimas da Aktion Reinhard deveriam exibir uma aparência vermelho-cereja. Uma fonte deixa este ponto explicitamente sobre as vítimas de monóxido de carbono:
Quando a vítima é anêmica a coloração ('rosa-cereja "clássica) pode ser fraca ou mesmo ausente, porque a hemoglobina presente é insuficiente para exibir a cor. Em vítimas racialmente pigmentadas a cor pode, obviamente, ser mascarada, embora ainda possa ser vista na face interna dos lábios, das unhas, língua e palmas das mãos e nas solas dos pés e mãos. Ela também é vista dentro das pálpebras, mas raramente na esclera. [251] (grifo nosso)
Assim, num artigo médico descrevendo uma circunstância que era aplicável às vítimas do gueto (com hemoglobina insuficiente), o aparecimento da coloração vermelho-cereja dificilmente era esperado para ser perceptível ("fraco ou mesmo ausente"). Entre outros pontos, os relatórios detalham o estado horrendo dos "sistemas circulatório e respiratório" dos judeus [252] A sua pobre saúd a esse respeito foi certamente ligada às condições de fome do gueto, como a literatura médica confirma:
A desnutrição tem um impacto enorme sobre as funções respiratórias. Ela afeta o desempenho muscular respiratório, a estrutura do pulmão, mecanismos de defesa e controle de ventilação e predispõe a pesoa à insuficiência respiratória e ventilação mecânica prolongada. [253]
Moradores do gueto tinham uma produção média cardíaca (volume de sangue que circula do coração para o corpo), que era de 50% da produção normal de um ser humano. [254] Este é um fato importante como Risser et al acreditam que os baixos níveis de carboxihemoglobina nas vítimas de monóxido de carbono (que eles acreditam que é fortemente correlacionada com a ausência da coloração vermelho-cereja) podem ser explicados devido a uma "capacidade comprometida para oxigenar". [255] Esta pobre capacidade para oxigenar adequadamente é bem relatado para as futuras vítimas de Treblinka pelos médicos judeus, mas certamente se aplica também aos judeus que viveram em outros guetos em todo o Governo Geral (Polônia), onde as condições de fome semelhantes abundavam.

Quando esses corpos mal oxigenados eram bem acondicionados em uma câmara de gás fechada por um período de tempo, a privação do oxigênio também certamente desempenhou um papel na morte das vítimas, o que explicaria as referências de testemunhas para as características azuis dos corpos gaseados. Num comunicado pós-guerra que Mattogno desonestamente deixou de fora, Pfannenstiel observou especificamente a causa da asfixia em um depoimento sobre sua viagem a Belzec como a causa das "faces azuladas" em algumas das vítimas das câmaras de gás. [256] Mattogno é ciente desta declaração , como ele cita a localização exata do documento de interrogatório, mas ele seletivamente deixa de fora a associação de Pfannenstiel dos rostos azuis por asfixia (não o envenenamento por monóxido de carbono) feita no período imediatamente após a sua citação; em vez disso, Mattogno desonestamente critica Pfannenstiel por alegar que as vítimas de monóxido de carbono deveriam ter ficado com coloração vermelho-cereja, apesar da clara declaração de Pfannenstiel de que as faces azuis não eram o resultado de monóxido de carbono. [257] Além disso, entre os testemunhos que citam as características azuis nos cadáveres (Pfannenstiel, Schluch, e Gerstein), Schluch e Pfannenstiel restringiram a coloração azulada às características faciais das vítimas. [258]

Kues também é incorreto ao supor que a cor vermelho-cereja das vítimas de monóxido de carbono estava presente "em pelo menos 95% de todos os casos fatais" desse envenenamento. [259] Em uma publicação de setembro de 2008 a respeito de uma crítica sobre os dez anos de quantidade de carbono monóxido de vítimas em Louisville, Kentucky, os autores observaram:
A intoxicação fatal de CO tem sido descrito em indivíduos que não apresentam a lividez cutânea clássica vermelho-cereja (27-29). Embora a presença de lividez vermelho-cereja nessas vítimas de Aids ao postular uma causa potencial de morte, nem sempre é uma característica confiável. Vinte e oito casos em nossa coleta de estudo, o que representa c. 30% do total de casos (n = 94) revisto, não conseguiu mostrar a aparência vermelho-cereja clássica na autópsia. Nas vítimas, que exibiram nem mudanças de decomposição, nem aparência vermelho-cereja (n = 13), o COHbg (carboxihemoglobina) variou de 29% a 71,5%. A clássica aparência vermelho-cereja estave ausente em casos secundários decompostos a um literal arco-íris de descoloração putrefata cutânea. A partir dos dados obtidos no nosso estudo conjunto, conclui-se que a intoxicação por CO ocorre frequentemente sem a lividez vermelho-cereja, em parte a partir das alterações de cor da decomposição manifestadas na autópsia. [260]
Assim, um estudo mais recente do que qualquer daqueles citados por Kues reduz a expectativa de uma aparência vermelho-cereja em cadáveres a 70%. Na verdade, ainda não está claro quando os cadáveres devem exibir alguma descoloração. No artigo de Kues sobre o assunto, depois de citar várias fontes de literatura médica, descontando a aparência com cor vermelho-cereja em casos não fatais como um indicador confiável de intoxicação por CO devido à sua raridade entre os doentes [261], Kues encontra um exemplo suficiente para declarar que tal aparência não é "altamente excepcional". [262] Apesar do registro de muitos mais casos fatais de envenenamento por CO que não apresentam a coloração vermelho-cereja, Kues escreve que a descoloração ocorre assim que o veneno seja absorvido no sangue. A visibilidade dessa descoloração antes do livor mortis (a parada do sangue após a morte), no entanto, não é um fenômeno freqüentemente observado como as fontes de Kues "mostrar". [263] Além disso, a pressão física sobre um cadáver ou impede ou limita severamente a aparência de cor durante o livor mortis; como mencionado no início deste capítulo, as câmaras de gás, embora nem sempre cheias a níveis extremos, tinham muitas pessoas por metro quadrado, o que faria pressão sob os cadáveres [264].

Quando estes fatos são combinados com a possibilidade pouco provável de que judeus desnutridos da Polônia ficaram na cor vermelho-cereja após o gaseamento (devido aos vários problemas de saúde descritos acima), as variáveis ​​que determinam a aparência e visibilidade de tal descoloração [265], e as presunções desonestas do argumento dos negacionistas 'para este fim, podemos descartar a sua cor vermelho-cereja no cadáver reivindicada como um fundamento. [266]

Também deve ser salientado que MGK têm falsamente atacado a descrição de Wiernik sobre a cor dos cadávares gaseados em sua experiência no campo de extermínio de Treblinka. Na tradução do Inglês deste relato, o texto afirma que todas as vítimas ficaram "amareladas do gás". [267] Kues então maliciosamente observou que o amarelo era a cor mais "dificilmente confundida com vermelho-cereja". [268] Para Mattogno e Graf, essa observação de Wiernik deveria mostrar algo "além da dúvida" de que a "história do motor de escape das câmaras de gás carece de qualquer tipo de base na realidade", mas é simplesmente uma propaganda. [269]

MGK sempre citou a edição em Inglês do texto de Wiernik, aparentemente sem se preocupar em verificar o texto original em polonês. O problema que se coloca aqui é que Wiernik, na versão original polonesa de 1944, usa uma expressão vernacular: os gaseados foram "żółci-zatruci". [270] "Zatruci" significa "envenenado", - "żółci" aqui vem de "żółć", que significa "fel", uma substância frequentemente associada a "veneno" (por exemplo, o alemão" Gift und Galle speien", não vem de" zolty ", que significa" amarelo "). Na literatura polonesa, muitas vezes encontraremos "żółć" associado a "cierpienie", "sofrimento". Então Wiernik, que está usando uma linguagem poética neste caso, quer nos relatar que as vítimas estavam "mortinhas da silva" (ou algo nesse sentido). [271] Então quer dizer que MGK haviam criticado Wiernik com base em uma tradução mal feita. Alguém poderia pensar que, desde MGK foram os únicos a se concentrar nas descrições de cor de cadáveres, que eles realmente verificaram a descrição original de Wiernik. Os padrões acadêmicos "revisionistas" não devem ser lá muito rigorosos. Recentemente, entretanto, muitos anos depois de fazer a alegação e só depois de ser informado do problema da tradução, Kues retira sua crítica sobre a declaração de Wiernik, descartando-o como não tendo "nada de concreto a dizer sobre as aparências dos cadáveres". [272]

Notas:

[246] O ponto que teve origem (brevemente) com apresentação de Berg de 1983 sobre a toxicidade dos gases de escape a diesel, e então, posteriormente, havendo uma contribuição de Berg em 2003 a "Dissecting the Holocaust" de Rudolf. Em "Treblinka and Bełżec", Mattogno and Graf aceitam o argumento en passant, enquanto Kues expandiu isso num artigo, ‘Skin Discoloration Caused by Carbon Monoxide Poisoning’ (Manchas causadas pela intoxicação de monóxido de carbono), http://www.codoh.com/newrevoices/nrtkco.html.

[247] M&G, Treblinka, pág. 73.

[248] Thomas Kues, ‘Skin Discoloration Caused by Carbon Monoxide Poisoning,’ Inconvenient History blog, http://www.revblog.codoh.com/2011/06/skin-discoloration/.

[249] Myron Winick, ed., Hunger Disease: Studies by the Jewish Physicians in the Warsaw Ghetto, trans. Martha Osnos. New York: Wiley, 1979.

[250] Ibid., p.226.

[251] Bernard Knight, Forensic Pathology (New York: Oxford University, 1991), p.507; See Charles Provan, ‘The Blue Color of the Jewish Victims at Belzec Death Camp,’ The Revisionist 2/2, 2004, pp.159-164.

[252] Winick, Hunger Disease, pp.134-137.

[253] Marco Ghignone and Luc Quintin, ‘Malnutrition and Respiratory Function,’ International Anesthesiology Clinics 42/1, Spring 1986, pp.65-74.

[254] Winick, Hunger Disease, pp.134-135.

[255] Daniele Risser, Anneliese Boensch, and Barbara Schneider, ‘Should Coroners Be Able to Recognize Unintentional Carbon Monoxide-Related Deaths Immediately at the Death Scene?’ Journal of Forensic Sciences, 40/4, July 1995, p.597.

[256] Wilhelm Pfannenstiel, 6.6.1950, BAL 162/208 AR-Z 252/59, Bd. 1, p.44.

[257] Mattogno, Bełżec, p.56.

[258] Pfannenstiel afirmou que algumas vítimas apresentavam um “inchaço azulado sobre o rosto,” enquanto Schluch afirmou que o azul só aparecia nos "lábios e pontas dos narizes" de alguns cadáveres. Portanto, é provável que a referência de Gerstein a "corpos azulados" se deveu a algum exagero, algo que Gerstein estava inclicando a fazer em seus relatos.

[259] In ‘Skin Discoloration Caused by Carbon Monoxide,’ Kues cites two studies, one of which clearly states that it found such a characteristic in 91% of the CO cases it surveyed.

[260] Sean M. Griffen, Michael K. Ward, Andrea R. Terrell, and Donna Stewart, ‘Diesel Fumes Do Kill: A Case of Fatal Carbon Monoxide Poisoning Directly Attributed to Diesel Fuel Exhaust with a 10-year Retrospective Case and Literature Review,’ Journal of Forensic Science, 53/5, September 2008, p.1208.

[261] i.e., Bruno Simini, ‘Cherry-red discolouration in carbon monoxide poisoning,’ The Lancet, Vol. 352 (October 1998), p. 1154; Kent R. Olson, MD, ‘Carbon Monoxide Poisoning: Mechanisms, Presentation, and Controversies in Management,’ The Journal of Emergency Medicine, Vol. 1, 1984, p. 236.

[262] See Kues’ second bullet point in the section ‘Summary of the medical evidence’.

[263] See in Kues’ article Item 2, item 3, Item 4, Item 5, Item 6, Item 7, and Item 8. All fatalities presented through his selected sources had progressed into stages of livor mortis, including those of the “fresh corpses” that Kues discusses in Risser et al (“fresh corpses…are said to show a typically cherry-pink coloring of livor mortis.”)

[264] Jason Payne-James, Anthony Busuttil, William S. Smock (editors), Forensic Medicine: Clinical and Pathological Aspects, London: Greenwich Medical Media, 2003, p.98, Table 9.5.

[265] G.H. Findlay, ‘Carbon Monoxide Poisoning: Optics and Histology of Skin and Blood,’ British Journal of Dermatology, 1988, pp.45-51.

[266] It should be kept in mind that testimony regarding the gas van experiment at Sachsenhausen reported the cherry-pink color (see pX). We doubt that such a detail will change MGK’s denial of homicidal gassings.

[267] Wiernik, ‘A Year in Treblinka,’ p.158.

[268] Original version of Kues, ‘Skin Discoloration Caused by Carbon Monoxide,’ available at http://www.codoh.com/newrevoices/nrtkco.html.

[269] M&G, Treblinka, p.73.

[270] Wiernik, Rok w Treblince, p.7.

[271] Perhaps another example would be the statement, “I am feeling blue today.” This is not connected to the actual color blue.

[272] Kues, ‘Skin Discoloration Caused by Carbon Monoxide’, Revised version, n. 40.


Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2011/12/belzec-sobibor-treblinka-holocaust_6507.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: esta é uma tradução do resumo de parte do livro (mais especificamente o resumo de uma parte do capítulo 5) disponibilizado no blog Holocaust Controversies e elaborado pela equipe do blog (o nome dos autores constam no PDF do ebook). Quem quiser baixar o livro completo segue o link - EBOOK.

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