domingo, 31 de julho de 2011

Partido de Merkel quer fim dos apoios aos nazistas

Políticos do principal partido do governo, a CDU da chanceler Angela Merkel, propuseram que se acelere o processo em curso na conferência de ministros regionais do Interior para cortar os subsídios do Estado ao principal partido neonazi, o NPD.

Na opinião do ministro do Interior da Baixa Saxônia, Uwe Schünemann, esta medida será bem mais eficaz do que uma nova tentativa para proibir o NPD, “que iria deparar com grandes obstáculos jurídicos”.

Após os atentados de sexta-feira passada na Noruega, que causaram 76 mortos, o principal partido da oposição, o SPD, exigiu a reabertura do processo para proibir o NPD junto do Tribunal Constitucional.

Fonte: Jornal da Madeira(Portugal)
http://www.jornaldamadeira.pt/not2008.php?Seccao=5&id=190897&sup=0&sdata=

Negacionismo do Holocausto pelo embaixador iraniano no Uruguai

José Mujica, Presidente do Uruguai
O Uruguai condenou ontem as expressões antissemitas do embaixador do Irã, a quem havia minimizado a quantidade de vítimas do Holocausto dias atrás. O governo de José Mujica (foto), por meio de sua Chancelaria, convocou Hojjatollah Soltani para lhe expresar sua condenação. Segundo revelou o ministro de Relações Exteriores, Luis Almagro, o embaixador se reuniu com o diretor para Assuntos Políticos, Ricardo González, para notificá-lo pessoalmente. "Talvez morreram, assassinaram, não sei, milhares de judeus. Mas essa cifra, dois milhões, quatro milhões, isso é uma mentira, segundo alguns historiadores europeus que apresentaram os documentos", havia afirmado o iraniano na quarta-feira na conferência de imprensa.

Também havia dito que Israel aproveitava o Holocausto para se vitimizar e pedir o apoio político, bélico e econômico da Europa. Essas declarações provocaram a reação imediata da comunidade judaica uruguaia. "O governo uruguaio deve atuar de acordo com o direito diplomático. (Soltani) Ofendeu-nos a todos usando o solo do Uruguai", queixou-se o diretor para a América Latina da organização B'nai B'rith, Eduardo Kohn. Além disso acrescentou que os ditos do flamante embaixador iraniano em Montevideo incitam ao ódio e a discriminação.

A resposta do governo chegou ontem. "Para a gente, definitivamente, o Holocausto é um fato histórico inegável, em função do que estabelecem além disso as resoluções das Nações Unidas", sentenciou Almagro. "A negação tanto parcial como total, é um elemento completamente negativo que incita a discriminação", disse o ministro uruguaio.

Fonte: Página 12(Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-173434-2011-07-31.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 26 de julho de 2011

Breivik não é uma singularidade na Noruega

MATTHEW GOODWIN
DO "GUARDIAN"

A tragédia que aconteceu na Noruega neste fim de semana pode vir a ser um divisor de águas em termos de como encaramos os seguidores da extrema-direita, os grupos da extrema-direita e sua ideologia. Até agora, as democracias europeias e seus serviços de segurança vinham focando quase exclusivamente a ameaça do terrorismo inspirado na Al Qaeda. Os grupos extremistas de direita e suas entidades afiliadas mais violentas eram vistos como nada mais que um movimento desorganizado, fragmentado e irrelevante.

Mas essa visão convencional não levava em conta as evidências mais amplas de um estado de ânimo mais violento e beligerante que se manifestava nos círculos da extrema-direita europeia. Essa mudança pode ter sido uma reação à chegada do terrorismo inspirado na Al Qaeda, ou o sentimento de que os partidos políticos de extrema-direita na Europa (como o Partido do Progresso norueguês, ao qual o autor dos ataques foi filiado no passado) não estão exercendo influência suficiente em questões como a imigração.

Dois anos atrás, autoridades antiterrorismo no Reino Unido lançaram um aviso sobre a ameaça crescente representada por "lobos solitários" de direita. Ao mesmo tempo, o Departamento de Segurança Interna dos EUA avisou que o clima econômico mais amplo e a eleição do primeiro presidente afro-americano poderiam resultar em confrontos entre extremistas de direita e autoridades governamentais, "semelhantes aos do passado". Esses acontecimentos passados incluíram o atentado contra um edifício federal em Oklahoma, no qual morreram 168 pessoas.

Os fatos ocorridos no fim de semana contestam diretamente a ideia de que o extremismo de direita seja uma ameaça apenas secundária à segurança. De acordo com a polícia norueguesa, o autor dos ataques --Anders Behring Breivik, de 32 anos-- confirmou que planejou e realizou os dois ataques sozinho.

As origens de suas influências ideológicas já começaram a vir à tona. Breivik era longe de ser o que se poderia descrever como um extremista de direita tradicional. Ao mesmo tempo em que estava profundamente preocupado com os efeitos da imigração, do multiculturalismo, do islã e do crescimento das comunidades muçulmanas radicadas no país, ele também rejeitava as ideias neonazistas e supremacistas raciais grosseiras e os partidos que as defendem, citando, por exemplo, o Partido Nacional Britânico (BNP).

Talvez tenha sido sua rejeição do BNP que o levou a se interessar pela Liga de Defesa Inglesa (EDL). Breivik ficou impressionado com a velocidade do crescimento desse grupo e elogiou as "escolhas táticas" feitas por seus líderes. Isso incluiu o endosso da rejeição por parte da EDL do discurso supremacista branco tradicional e do racismo, além da decisão da liga de opor-se ao islã por razões culturais. Essa distinção entre as formas tradicionais de extremismo de direita baseadas na questão racial (como as do BNP) e uma nova narrativa antimuçulmana reflete uma mudança mais ampla no interior da extrema-direita europeia. Em lugar da oposição à imigração e ao islã por razões raciais (argumento que atrairia pouco apoio), a ênfase se desloca para a questão da cultura, que encontra aceitação social maior: os muçulmanos não seriam biologicamente inferiores, mas seriam culturalmente incompatíveis, diz o argumento. O objetivo é abrir os grupos de extrema-direita modernos a um público mais amplo.

Como a maioria dos integrantes da extrema-direita, ao mesmo tempo em que Breivik expressava preocupação profunda diante de uma série de ameaças à sociedade mais ampla, ele parecia enxergar os partidos majoritários como sendo incapazes ou não dispostos a oferecer respostas à altura das ameaças. Ele foi em dado momento membro do Partido do Progresso, de direita, que também argumenta contra a imigração e tece críticas aos muçulmanos, mas, mais tarde, denunciou membros desse partido como sendo "políticos de carreira, politicamente corretos" que não estavam preparados para "correr riscos e trabalhar por metas idealistas". Mais amplamente, Breivik também se opunha ferrenhamente à influência cultural do marxismo e da chamada "correção política" e convocou setores da direita a combater essa influência, assumindo o controle da mídia e outras posições de influência.

Seria fácil qualificar Breivik como uma exceção norueguesa, mas seria um engano. Embora ele seja distinguível por seus atos, é importante observar que algumas de suas preocupações básicas também vêm exercendo papel destacado na política norueguesa e na política europeia, de modo mais geral. Eu passei quatro anos entrevistando ativistas da extrema-direita, muitos dos quais rejeitavam a violência política. Mas o que ficou claro ao longo dessa pesquisa é que existe, inquestionavelmente, uma cultura da violência dentro da subcultura de extrema-direita mais ampla. Muitas das ideias expressas durante a pesquisa também vieram à tona nas últimas 48 horas: a ameaça que seria representada pelas comunidades muçulmanas, a ideia de que os grandes partidos são incapazes de fazer frente a essa ameaça, e uma ênfase forte sobre o "choque de civilizações" entre membros da população majoritária e de grupos minoritários.

Por meio de sites na internet, materiais impressos e reuniões (e Breivik teria sido exposto a tudo isso), esse movimento fomenta entre seus seguidores várias narrativas: a ideia de que estão travando uma batalha pela sobrevivência racial ou cultural; que seu grupo racial, religioso ou cultural estaria ameaçado de extinção iminente; que as opções políticas existentes seriam incapazes de reagir a essa ameaça; que ações urgentes e radicais são necessárias para responder a essas ameaças na sociedade, e que eles precisam cumprir esse dever para poderem deixar um legado a seus filhos e netos.

Esses argumentos proporcionam aos seguidores de grupos de extrema-direita e fundamentalistas um raciocínio convincente e forte para que se envolvam ativamente. Para começar, esses cidadãos consideram que uma comunidade mais ampla se encontra ameaçada, quer seja pela Al Qaeda, por organizações supranacionais como a UE ou a ONU, pela imigração ou pelo crescimento de comunidades muçulmanas radicadas.

Ademais, eles argumentam que essa ameaça é de ordem cultural, e não econômica. Não é uma simples questão de emprego ou de moradias subsidiadas. É um conjunto profundo de receios de que um conjunto de valores, um modo de vida e uma comunidade maior estejam vivendo sob ameaça, e que apenas as formas de ação mais radicais seriam capazes de eliminar essa ameaça.

Recentemente escrevi uma resenha de um livro acadêmico que terminava com a previsão de que a próxima onda de terrorismo na Europa virá não de grupos inspirados na Al Qaeda, mas de grupos de direita que querem reagir a essa ameaça e reafirmar a posição de seu grupo mais amplo. Ainda é cedo para saber se os atos de Breivik vão inspirar ataques semelhantes, mas uma coisa está clara: a ameaça representada pelos grupos e as ideias extremistas de direita merecem uma atenção muito maior.

Tradução de Clara Allain

Fonte: Bol Notícias(Brasil)
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/07/25/breivik-nao-e-uma-singularidade-na-noruega.jhtm
Texto original: The Guardian(Reino Unido)
Norway attacks: We can no longer ignore the far-right threat
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jul/24/norway-bombing-attack-far-right

Monstro norueguês acredita estar em guerra (AFP Brasil)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Anders Breivik - os delírios de um neo-cruzado

"Fundamentalista cristão", "antimulçumano ultradireitista", "maçônico", "lobo solitário" e radical, os qualificativos não bastam para tratar de saber quem é e porque fez o que fez o assassino Anders Breivik, que ontem se declarou culpado do massacre de 86 adolescentes no campo de verão da social-democracia norueguesa (no poder) na ilha de Utoya. Duas horas antes, Breivik explodiu um carro-bomba — ao que parece para distrair — frente aos escritórios do governo no centro de Oslo, com um saldo de sete mortos.

De imediato, Bruno Gollnisch, eurodeputado do partido ultraconservador francês Front National (FN), o qual Marine Le Pen lidera, desligou Breivik da extrema-direita europeia e questionou que seja um "fundamentalista cristão". O ex-número dois da FN — no auge na França por suas posturas anti-imigração e antiárabes, iguais as de Breivik — disse que "em suas atividades (o assassino) não evoca nenhuma atividade religiosa senão só seu vínculo com a francomaçonaria, algo muito menos comum na Noruega”. Gollnisch, acusado de ser "negacionista" do Holocausto judeu comandado pelos nazis, aludiu assim a um vínculo de Breivik à loja John Lodge com "grau 3" (mestre), segundo informou o canal norueguês TV2 e como consta no Anuário da Ordem Maçônica da Noruega.

Desde já esta filiação é tema de debate em meios religiosos como o InfoCatólica (infocatolica.com/blog/delapsis.php) ou o Foro Católico (forocatolico.wordpress.com) que acusam a Breivik de "terrorista" e de "maçom sionista", com outro intento em distanciar sua imagem da extrema-direita (além de católico) a qual relaciona o governo de Oslo pelas diatribes arabofóbicas e nazi-islamistas do hoje confesso Breivik.

Mas em outro enfoque, o especialista em extrema-direita e violência política, Nicolas Lebourg (droites-extremes.blog.lemonde.fr Le cas Anders Behring Breivik : un imaginaire de « lone wolf »?) coloca o assassino de 32 anos mais próximo do imaginário do “lone wolf”, o “lobo solitário” elevado à categoria de mito pela extrema-direita dos Estados Unidos.

Este método foi idealizado pelo estadounidense Joseph Tommasi em 1974 quando fundou o grupelho National Socialist Liberation Front do qual queria transformar em força a debilidade dos neonazis, pela carência de apoio popular. "Nenhum risco de fuga ou de traição: ao atuar sozinho, cada um se encarrega solitariamente de levar a cabo uma ação terrorista”, dizia Tomassi (assassinado ele mesmo em 1975) e cujo método simples e ideal foi usado, entre outros, por Timothy McVeigh para destruir com um caminhão-bomba o Edifício Federal Murrah, em Oklahoma City, em 19 de abril de 1995. Saldo: 168 mortos e mais de 500 feridos.

Daños Colaterales
Irene Selser

Fonte: Milenio online(México)
http://impreso.milenio.com/node/8997691
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: apesar de conter algumas expressões infelizes(que cortei do texo original, quem quiser checar que confira no link), a citação da análise do Le Monde, do Nicolas Lebourg, sobre o ataque do extremista de direita norueguês, foi uma das melhores(ou melhor)que saiu até o momento. Se fosse depender do que sai de "excesso de informação" sem análise crítica em sites de notícia sobre esse caso, seria literalmente um caos.

Parece ser o caso de um ataque de um "lobo solitário" com afinidades de uma vertente não muito comum à extrema-direita europeia, embora exista, que é a que tem afinidades ideológicas com aquele extremista holandês Geert Wilders, que dá ênfase ao preconceito anti-islâmico no lugar do tradicional antissemitismo da extrema-direita(fascistas, nazistas e outros nacionalistas de extrema-direita). Uma espécie de "diversionismo ideológico" da extrema-direita pra gerar confusão uma vez que a finalidade básica delas é quase sempre a mesma: revolução cultural de cunho fascista e racismo contra estrangeiros.

Pros que elagavam, ou por ceticismo honesto ou por permissividade, que esses "monstrinhos" de internet que ficam entocados em fóruns extremistas de ódio panfletando racismo e outras insanidades, eram inofensivos, mais uma amostra da destruição que são capazes de provocar. Fatos costumam ser mais fortes que crenças.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Removida tumba de Rudolf Hess, lugar de perigrinação neonazi

Removida a tumba de Rudolf Hess, substituto de Hitler
Sua sepultura em Wunsiedel havia se convertido num centro de peregrinação neonazi
JUAN GÓMEZ - Berlim - 21/07/2011

A tumba de Rudolf Hess em Wunsiedel (Alemanha) antes
de ser desmantelada- MICHAEL DALDER (REUTERS)
A sepultura do figurão nazi Rudolf Hess em Wunsiedel, Baviera, foi removida entre as quatro e seis da madrugada da quarta-feira, segundo publicou hoje o diário de Munique Süddeutsche Zeitung. Desaparece assim a tumba do comparsa ao qual Adolf Hitler ditou "Minha Luta", o programa político do regime que organizou o Holocausto. Seus restos mortais serão queimados e espalhados em alta mar, depois da comunidade cristã evangélica de Wunsiedel denegar a seus descendentes o prolongamento do arrendamento do sepulcro.

Os neonazis seguem considerando-o um "mártir"

Desde que Hess se enforcou com um cabo en sua cela de Spandau em 1987, o local havia se convertido numa meca de romarias neonazis. Os ultradireitistas do partido NPD e outros grupelhos de mesma ideologia nazi organizavam uma marcha comemorativa a cada 17 de agosto, na qual se homenageava o "mártir" Hess. Este havia se livrado da forca nos Julgamentos de Nuremberg por haver protagonizado um extravagante salto de paraquedas sobre a Escócia em 1941. Segundo alegou, para negociar a paz com o Reino Unido. Sua conhecida participação nos crimes do nazismo lhe valeu, não obstante, uma condenação à prisão perpétua em 1946. Ele a cumpriu até os 93 anos sob vigilância de soldados aliados na prisão de criminosos de guerra de Berlim-Spandau.

Hess se enforcou em sua cela 42 anos depois de seu chefe dar um tiro em seu bunker situado poucos quilômetros ao sudeste de Spandau. Foi o único prisioneiro de Spandau a partir de 1966, quando saíram em liberdade os também destacados nazis Albert Speer e Baldur von Schirach. Ao contrário de Speer ou Karl Dönitz, com os quais compartilhou o pátio da prisão de Spandau, Hess não maquiou sua biografia nem negou seus entusiasmos nazis. Assim, os neonazis seguem o considerando um "mártir", sobre cujas vida e morte seguem espalhando falsidades e lendas. No fim das contas, Hess se encarregou de pôr por escrito os dislates antissemitas, racistas e belicistas de seu amigo Hitler, com quem esteve preso depois do fracassado putsch de Munique de 1923. O livro resultante, que chamaram de "Minha luta", foi uma best-seller nos 12 anos que durou a ditadura nazi.

A proibição das marchas comemorativas desde 2005 não impediu que Wunsiedel, pitoresca localidade de 10.000 habitantes próxima à fronteira com a República Tcheca a qual Hess ia nas férias, contasse até esta semana entre os principais lugares de perigrinação para neonazis de todo o mundo. Segundo o Süddeutsche Zeitung, uma das netas de Hess se opôs primeiro a que removessem os restos mortais de seu avô. As autoridades locais conseguiram convencê-la para que aceitasse a exumação de seus restos e evitar de uma vez por todas que o sepulcro familiar continuasse atraindo grupos de neonazis e simpatizantes da ideologia de seu avô. Depois de sua morte foi demolida também a prisão de Spandau.

Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/internacional/Desmantelada/tumba/Rudolf/Hess/lugarteniente/Hitler/elpepuint/20110721elpepuint_1/Tes
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Túmulo de Rudolf Hess é destruído para pôr fim à peregrinação neonazista (avidanofront/DW)
Preventing Neo-Nazi Pilgrimages (Spiegel, Alemanha)
Desmantelan la tumba del lugarteniente de Hitler (infobae.com)
Restos mortais de vice de Adolf Hitler são queimados (AP/Paraná Online)

Vídeo(matéria, em espanhol):
Rudolf Hess se queda sin tumba y los neonazis sin lugar...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Revisionistas" fazem ataque racista na web contra Miss Itália brasileira

Miss Italia Nel Mondo 2011 sofre preconceito

Silvia é miss São Paulo 2009 e neste ano
representou a Amazônia
Foto: Denny Cesare/Futura Press
A brasileira de 24 anos foi vítimas de comentários preconceituosos na internet; ela é bisneta de italianos da Toscana

Marielly Campos | noticias@band.com.br

A brasileira Silvia Novais, eleita Miss Italia Nel Mondo 2011, vem sofrendo ataques racistas de grupos de intolerância desde que venceu o concurso na Europa, no início do mês. O concurso coroa a mais bela descendente de italianos.

Um blog chamadoIndústria do Holocausto” considerou a coroação de Silvia uma “piada” e afirmou: “Trata-se de uma piada, ou a onda de cotas chegou por lá?”. O post diz ainda que “convenhamos, sem dificuldades podemos encontrar em qualquer shopping ou faculdade aqui no Brasil gurias brancas que, sendo bondoso, humilham essa moça em todos os sentidos. Nem é preciso ir tão longe, a guria que trabalha de caixa do bazar do meu bairro já dá de 10 a 0.” O texto foi tirado do ar, mas pode ser visto em cache pelo Google.

Silvia é miss São Paulo 2009 e entrou no concurso por ser bisneta de italianos da região da Toscana. Ela disputou como como representante da Amazônia. Ao todo, 39 mulheres concorreram ao posto.
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Brasileira eleita miss sofre racismo

A brasileira Silvia Novais, modelo de 24 anos, 1,77 m e 55 kg, tornou-se alvo de ataques racistas na internet após ter sido eleita miss Itália no Mundo no início do mês. O concurso coroa a mais bela descendente de italianos. "Sofri muito com o preconceito, mas não esperava essa repercussão", disse a miss.

Silvia Novais, de 24 anos, ganhou
concurso que elegeu a mais bela
descendente de italianos (ap)
Em um blog chamado Indústria do Holocausto, a premiação de Silvia foi criticada: "Trata-se de uma piada, ou a onda de cotas chegou por lá?". No site Stormfront.org, ela foi chamada de "negra nojenta", em inglês. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância de São Paulo já investiga o site, por suspeita de ser uma comunidade neonazista que recruta jovens brasileiros.

Silvia nasceu na Bahia, foi eleita miss São Paulo em 2009 e entrou no concurso por ser bisneta de italianos da região da Toscana.

Fonte: site da Band(Brasil)/Destak(Portugal)
http://www.band.com.br/noticias/mundo/noticia/?id=100000445157

Comentário: uma informação extra que não saiu na matéria sobre esses fatos. O blog citado, "Indústria do Holocausto"(e há outros "blogs espelho" desses, do mesmo bando)é de neonazis WP muito provavelmente de SP, era o grupo em maior número e que tinha site. Eles circulam com alguma frequência(embora tenha diminuído)em comunidades que negam o Holocausto na rede social Orkut(do Google)e que se autodenominam "revisionistas" do Holocausto(entre aspas pois estes bandos tratam-se de neonazis, simpatizantes do nazismo e/ou antissemitas).

Esses bandos racistas neonazis brasileiros(a maioria situado em SP, ou os bandos mais organizados) foram acolhidos por este site neonazi dos EUA(o Stormfront) de dois ex-membros da Ku-Klux-Klan e supremacistas brancos(Don Black e David Duke)desde a primeira queda do site neonazi Valhalla88 pela Polícia Federal brasileira, e organizam suas atividades neste fórum neonazi norte-americano.

Quando a polícia começou a mirar esses sites(o antigo Valhalla88 foi removido e entrou outro no lugar que continua em atividade sabe-se lá porque e seus autores não foram indiciados por prática de racismo), eles se alojaram neste site norte-americano embora tenham contato com grupos de Portugal e Espanha e do Cone Sul(América do Sul, principalmente da Argentina e Chile). Um servidor neonazi é hospedado na Argentina e continua ativo, bastante conhecido no país por divulgar o negacionismo do Holocausto, o libreopinion. Há uma rede de grupos de extrema-direita nestes redutos e já passou da hora do Estado brasileiro dar uma resposta satisfatórias aos mesmos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um paraíso da literatura nazi

O Supremo Tribunal absolveu os membros da livraria Kalki, acusados de difundir ideias genocidas. A Espanha converteu-se no país ideal para publicar esta categoria de livros.

 Aquela demanda acabava com quarenta anos de impunidade na Espanha. Violeta Friedman sabia que quando as guerras terminam, começa a batalha pela memória. E ela estava predisposta a livrá-la com todos os resortes que permitisse a lei. Léon Degrelle negou o Holocausto em 1985 em umas polêmicas declarações. O ex-oficial das Waffen-SS havia eludido a Justiça internacional refugiando-se na Espanha. Em 1954, camuflou sua identidade com um nome falso. Mas ela não estava predisposta a lhe levar aos tribunais. Havia sobrevivido à campanha de extermínio do Terceiro Reich. Apresentou uma denúncia e obteve uma condenação.

No passado mês de junho, o Supremo Tribunal, amparando-se no fato de que na Constituição «não proíbe as ideologias» e que tampouco se podem perseguir «as ideias», absolveu os quatro membros responsáveis da livraria Kalki, anulando a sentença que a Audiência Provincial de Barcelona havia ditado contra eles. Eram acusados de difundir ideias genocidas que vulneraban a liberdade e os direitos. A Embaixada de Israel mostrou seu desacordo total. «Israel vê com muita tristeza e preocupação a sentença absolutoria do Supremo Tribunal da Espanha para com os donos da Livraria nazi Kalki, permitindo assim a difusão de livros que apoiam a violência racista e demonstra falta de conhecimento histórico. O direito e a liberdade de expressão não pode amparar ações ou ideologias que incitam a violência e o genocídio».

Uma barbaridade

Esta decisão reabre o debate sobre a permissividade das leis espanholas neste aspecto. «É uma barbaridade, porque fomenta a literatura desta categoria de grupos de extrema-direita. A letra impressa reveste de autoridade as mensagens que tentam transmitir», afirma Clara Sánchez, ganhadora do Prêmio Nadal com «O que teu nome esconde» (Destino), uma novela sobre o amparo e a proteção que receberam muitos dirigentes nazis em nosso país. Antonio Salas, autor de «Diário de um skin» (Temas atuais), que se infiltrou entre neonazis para escrever este livro, compartilha sua opinião: «A Espanha está no meio dos grupos da Iberoamérica e Europa. Nos anos 80, uma livraria de Barcelona era a que difundia maior propaganda nazi. Na Grã-Bretanha e na Alemanha é proibido este material. Contudo, os nazis da América Latina podiam conseguir estas obras porque eram impressas na Espanha». Para Salas, os livros, revistas e fanzines que eram distribuídos aqui contribuem a reforçar a ideologia de extrema-direita e respaldam seu «modus operandi» com impunidade. E alerta: «Cada vez estão melhor organizados. Aprenderam com seus erros. Estão muito ativos. Existe uma relação muito estreita entre os que vivem em Portugal e na Espanha. E as atividades que organizam unem a eles pessoas desde a França passando por outros lugares. A Espanha é algo frouxa neste assunto, por assim dizer. Só cobra trasparência quando se comete um assassinato».

Antoni Daura, presidente do grêmio de livreiros da Catalunha, tem uma ideia precisa sobre este tema: «Não creio que sejam edições rentáveis a nível comercial, porque as pessoas em geral não adquirem estes títulos. São pessoas que difundem estas obras não por uma valorização comercial, senão ideológica. Não lhes importa perder dinheiro. A Espanha, neste sentido é permissiva. Alemannha age de uma maneira clara contra eles. O certo é que estas ideias são perigosas. Nós livreiros, em geral, somos amigos da liberdade de expressão, mas existe uma linha vermelha muito clara». María Royo, portavoz das comunidades judaicas da Espanha, é direta: «Há um vazio legal. A UE incentivou a todos os países a revisar seus códigos penais para eliminar, precisamente, estes vazios e combater os delitos de xenofobia e racismo. A Espanha não o fez. Só se pede uma revisão para que ninguém se ampare na liberdade de expressão para difundir livros racistas ou que se divulguem ideias como discriminação por raça ou etnia». Clara Sánchez, que, como Antonio Salas, recebeu ameaças destes grupos por seu último livro, erradica qualquer classe de dúvidas sobre como atuam e o que defendem: «Não é divagar sobre o que podem fazer. É que já o fazem. Temos fatos, dados. Estão na história». Respeito a decisão do Supremo Tribunal, mas assegura se sentir «envergonhada»: «Que se apele à liberdade de expressão e ideológica para absolvê-los não é mais razoável, porque estes grupos cortam as demais. Se algo tem o nazismo é que é irracional e parcial na liberdade e o livre arbítrio».

Tempos de crise

Salas ressalta os bons resultados que estes grupos, revestidos com a aparência de formações políticas, conseguiram nas últimas eleições. Inclusive, revela com preocupação, que entraram em alguns municípios. «A ultradireita está diretamente ligada à imigração. Em tempos de crise, gente normal se aproxima desses partidos. Defendem o lema “Espanha para os espanhóis”». Clara Sánchez também finca o pé na situação econômica que atravessamos: «Sempre há gente que necesita sentir-se superior, que tem descontentamentos viscerais e que se refugiam nos grupos neonazis. Estes livros fomentam este tipo de sentimento. E mais ainda nesta época. Somos muito flexíveis com a venda de iconografia e de livros  nazis na Espanha».

Livros contra a intolerância

Antonio Salas e Clara Sánchez, com seus livros, «Diário de um skin» (Temas atuais) e «O que teu nome esconde» (Destino), tiraram o nazismo da «invisibilidade» na qual é protegido na Espanha. Se Clara Sánchez recebeu ameaças, Salas, além delas – todavia tem que tomar precauções básicas -, ao menos conseguiu desmascarar os negócios de alguns dirigentes de extrema-direita. Muitos jovens se afastaram desta ideologia por conta de sua investigação.

Fonte: Larazon.es(Espanha)
http://www.larazon.es/noticia/165-un-paraiso-de-la-literatura-nazi
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 17 de julho de 2011

Jan Gross, autor do livro "Vizinhos": "O nazismo pôs uma categoria de vítimas contra as outras"

Jan Gross, autor do livro "Vizinhos"
que desnudou a verdade dos fatos.
Vizinhos não foi o único livro de Jan T. Gross (Varsóvia, 1947) em provocar uma polêmica em seu país natal. Em 2006, sua investigação Medo. Antissemitismo na Polônia depois de Auschwitz havia contribuído com o debate. Centrado nos pogrons contra judeus uma vez finalizada a Segunda Guerra Mundial, Gross estima que, dos mais de 200 mil que regressaram à Polônia, uns 3000 foram assassinados. Em 2008, as autoridades judiciais polonesas interpretaram o livro Medo à luz do artigo 132 de seu Código Penal, que castigava até com três anos de prisão a quem "publicamente caluniasse a nação polonesa como partícipe, organizadora ou responsável pelos crimes nazis ou comunistas". Um artigo que inclusive foi chamado ironicamente de "Lei Gross", já que foi criada depois da polêmica em torno de "Vizinhos". Os promotores se recusaram a iniciar uma investigação e mais tarde o artigo foi vetado como anticonstitucional. Gross acaba de publicar outro livro irritante para o status quo polonês: Colheita Dourada, sobre o enriquecimento às custas dos judeus assassinados durante o Holocausto.

-Porque você crê que na Polônia não há um sentido de responsabilidade coletiva por esses crimes, sem prejuízo de que seja inegável que os poloneses também foram vítimas do nazismo?

-Na Polônia, a narrativa principal sobre as experiências da Guerra é a vitimização, e é correta, porque a ocupação nazi foi extraordinariamente brutal, especialmente nos países eslavos. Trataram-nos como escravos, para a escala racial nazi eram Untermensch, subumanos. E os judeus estavam na escala mais baixa. O nazismo teve sucesso em pôr uma categoría de vítimas contra a outra, apoiado em um antissemitismo tradicional na Polônia, e por isso seu incentivo em cometer atos como os de Jedwabne funcionou. Isto evidentemente não se adequa com a narrativa heróica dos poloneses, que é também correta: a resistência foi mais elaborada e complexa que qualquer outra na Europa sob ocupação. Como compatibilizar esta narrativa da resistência com o fato de que, quando os nazis de alguma maneira "instigaram" a população a se juntar à espoliação dos judeus, a população se juntou, inclusive até ocasionalmente assassinando-os? É muito difícil de admitir. Por outro lado, há que reconhecer que a Polônia é o único país do Leste Europeu em aceitar esta discussão. A população de outros países do leste se comportou em relação a seus judeus de maneira parecida ou inclusive pior, e lá não há uma intervenção historiográfica para discutir esta questão.

-Qual reflexão lhe inspira o 70° aniversário do massacre de Jedwabne?

-A Polônia é muito diferente agora que há dez anos atrás, creio que há uma maior consciência entre os historiadores, mas também em outros seguimentos da sociedade, de que as relações entre poloneses e judeus durante a Segunda Guerra não foram o que deveriam ter sido. Não há muito mais que fazer, exceto refletir e guardar algum tipo de luto pela morte de tantos compatriotas que nunca tiveram um duelo apropiado. E espero que, à medida que histórias como esta venham à luz e sejam melhor entendidas, que sejam reconhecidas como parte central da história polonesa: não como algo que se passou com "os judeus", senão com toda a população.

Fonte: lanacion.com(Argentina)
http://www.lanacion.com.ar/1389900-el-nazismo-puso-a-una-categoria-de-victimas-en-contra-de-la-otra
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 16 de julho de 2011

O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 4

México, a Segunda Guerra Mundial e o Terceiro Reich

O começo da Segunda Guerra Mundial teve grandes repercussões para os países latinoamericanos. A neutralidade, que em poucos dias proclamaram todos os estados, limitou a liberdade de ação. O tratamento dos cidadãos dos países em guerra adquiriu grande importância, porque isto podia pôr em perigo a neutralidade do país. Finalmente, muitos estados europeus deixaram de ser sócios comerciais como consequência das conquistas alemãs e o bloqueio inglês.

A Segunda Guerra Mundial também mudou o papel dos Estados Unidos da América no sistema internacional. Ainda que neutro legalmente, claramente se alinhou junto às democracias e apoiou a Inglaterra em sua luta contra o Terceiro Reich. Por temor da subversão totalitária no continente americano e por motivos estratégicos, ainda antes de seu ingresso na guerra em dezembro de 1941, o governo americano tratou de liquidar a influência alemã na economia, na política e nas sociedades latinoamericanas. Sobretudo permitiu que se proibissem as organizações nacional-socialistas e se intesificasse a cooperação militar, econômica e política com os estados ao sul do Rio Grande.

Em setembro de 1939, as relações mexicano-americanas, que nunca haviam estado livres de tensões, haviam chegado outra vez a um ponto morto, havendo piorado com a nacionalização da indústria petroleira em março de 1938, que havia afetado também a empresas americanas. Estas impediram o transporte e a venda de petróleo mexicano, e exigiram a restituição de suas possessões anteriores ou uma indenização. O governo americano suspendeu a compra de prata mexicana, praticamente boicotou o petróleo mexicano, rompeu as negociações de um acordo comercial e negou créditos estatais para o vizinho do sul; por outra parte, o México tinha que pagar compensações aos cidadãos americanos que perderam seus bens durante a Revolução - e todos os problemas que não haviam sido resolvidos quando começou a guerra[45].

Pouco tempo depois do começo das hostilidades, no México se começou a pensar nas consequências da guerra e em como enfrentá-las. A perda do mercado europeu era o que mais preocupava aos políticos e lhes deu a convicção de que havia que se intensificar as relações comerciais com os estados do continente americano. Depois de perder a esperança em um ponto final da guerra por causa da agressão alemã contra Dinamarca e Noruega, o governo mexicano começou a tomar medidas concretas. Em um memorando que transmitiu ao presidente Lázaro Cárdenas em 16 de maio de 1940, o General Rafael Sánchez Tapia examinava criticamente a política de neutralidade, chegando à conclusão de que era inevitável a entrada dos Estados Unidos na guerra. Independentemente de sua origem, disse, esta podia se extender pelo continente americano, já que uma guerra, dada a interdependência econômica e política, significava uma ameaça para todos os países do mundo. Tapia opinava que os estados da América Latina e o Caribe jogavam um papel iminente na conflagração. O México, antes de tudo, tinha uma posição geopolítica importante, por sua infraestrutura e a proximidade do canal do Panamá. Por isso, o país não podia manter a política exterior que havia praticado até então. A neutralidade de um estado débil como o México não serviria em caso de um conflito entre os Estados Unidos e outra potência, se um dos combatentes necessitasse do México para fins militares. Tapia propunha concluir um acordo militar com os Estados Unidos tanto antes fosse possível. Ainda que o ingresso na guerra dos Estados Unidos arrastasse o México, tal acordo tinha vantagens para Tapia, pois permitiria solucionar alguns dos problemas com o grande vizinho: por exemplo, as velhas dívidas e a nacionalização de empresas ou fazendas americanas. O México poderia prover matérias-primas e produtos que necessitassem os Estados Unidos para sua defesa. Mediante a cooperação com os EUA, podia-se fomentar a indústria mexicana, a construção de estradas etc. Em resumo, uma aliança com os Estados Unidos poderia contribuir muito para o crescimento econômico e a solução de problemas urgentes. As vantagens para os EUA, seriam que o México serviria de exemplo para outros países latinoamericanos; que, como aliado, os EUA, teriam fácil acesso a portos e aeroportos mexicanos pelos quais poderiam transportar material e homens para a defesa do canal; finalmente, o México poderia estabelecer bases para o abastecimento e o apoio do exército americano[46].

O presidente Cárdenas evidentemente levou em conta os conselhos do general. Em 01 de junho, por exemplo, o embaixador mexicano nos EUA, durante uma visita ao México, comunicou a um funcionário da representação diplomática americana que se poderia enviar um alto militar aos Estados Unidos para conversar, entre outras coisas, sobre uma cooperação mais estreita e a nacionalização das empresas petroleiras. Alguns dias mais tarde, o mesmo Castillo Nájera declarou em Washington ao sub-Secretário de Estado, Sumner Welles, que o presidente Cárdenas estava de acordo com que militares americanos e mexicanos falassem sobre uma cooperação em caso de estourar um conflito. Sublinhou especialmente que o presidente lhe havia encarregado de assegurar que o México estava interessado em um acordo militar e que, em caso de guerra, os EUA podiam contar com todo o apoio possível[47].

Umas semanas depois, em 19 e 21 de junho, reuniram-se os ministros mais importantes na residência de Cárdenas, para estabelecer a posição do país ante a conferência dos estados americanos em julho em Havana[48]. Já o memorando do general Tapia havia sublinhado a necessidade de cooperar com os EUA. Nesta reunião cristalizaram-se mais as posições fundamentais da iminente política exterior que se avizinhava. Houve um acordo quase unânime de que a Alemanha, apesar dos últimos sucessos, todavia não havia triunfado na guerra. Também se combinou que os EUA se sentiam ameaçados militar e economicamente pelos países do Eixo e a guerra na Europa, e que realmente esta ameaça existia e também tinha importância para o México, porque seu destino como país dependia dos Estados Unidos. Assim mesmo, os representantes do governo concordaram de que, cedo ou tarde, os EUA entrariam na guerra e lutariam ao lado dos Aliados. O Secretário de Relações Exteriores Hay disse que os americanos inclusive se sentiam obrigados a intervir militarmente para contra-arrestar a expansão econômica alemã porque, depois da consolidação de seu império na Europa, a Alemanha seguramente trataria de eliminar os EUA do mercado latinoamericano. Posto que o México, um país débil, não poderia recusar os desejos dos EUA, prosseguiu Hay, teria que cooperar na defesa do continente. Se o México se opusesse a tal cooperação, os EUA igualmente tomariam o que necessitavam. Por último, disse que não se podia trair a pátria: aquela cooperação devia ser digna, patriótica e decorosa.

Por outro lado, contudo, o Ministro Suárez não queria se concentrar demasiadamente nos EUA. Em sua opinião, o México deveria deixar abertas as opções, por exemplo, a possibilidade de seguir comercializando com a Europa. Sobretudo haveria que tratar, tal como havia assinalado Tapia, de solucionar os problemas existentes com os americanos e de tirar vantagens de uma cooperação com os EUA:

"Se os Estados Unidos exigem do México uma colaboração em matéria militar, política, internacional, e em matéria de defesa, tenhamos a habilidade suficiente para obter o maior número possível de vantagens para o México. A medida em que cooperemos com os Estados Unidos deve ser em troca de uma vantagem. Deve-se estabelecer a cooperação sobre a única base que existe, sobre a base da reciprocidade".
Ainda mais que o governo mexicano poderia negociar de uma maneira mais dilatada, enquanto os EUA ainda não houvessem entrado na guerra, a cooperação mexicano-americana foi-se intensificando mais adiante[49].

Fonte: El NSDAP en México: historia y percepciones, 1931-1940
Autor: Jürgen Müller; Universitdt Kóln
Tradução: Roberto Lucena

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Hitler sabia do Holocausto. "Todas as medidas contra os judeus devem ser discutidas diretamente com o Führer"

Em 6 de dezembro de 1939 Heinrich Himmler desejava discutir na chancelaria do Führer, sob o comando de Rudolf Hess, uma série de medidas contra os judeus.

O Chefe de Gabinete da Chancelaria é Martin Bormann, que está acostumado a trabalhar diretamente com Hitler e é especialista em lhe livrar de miudezas. Um ano e meio mais tarde, quando Hess decidiu voar até a Escócia, Bormann se verá recompensado con a chefia suprema da Chancelaria.

Mas regressemos a dezembro de 1939. A segunda guerra mundial tinha três meses de andamento. Está se tentando chegar a algum tipo de acordo com o Reino Unido e a França, agora que a Polônia não mais existe. Há que renegociar com a URSS as linhas de influência. E a ocupação da Polônia. As medidas as quais Himmler deseja fazer, em concreto, são sobre o que fazer com as linhas de telefone que ainda são propiedade de judeus, e se se deve adotar algum tipo de insígnia para os identificar.

A resposta de Bormann está conservada no Bundesarchiv Berlin NS 18alt/842: “o Reichshführer SS discutirá todas as medidas contra os judeus diretamente com o Führer”.

Fonte do livro: Peter Longerich: The Unwritten Order. Hitler’s Role in the Final Solution. Tempus, Charleston 2001. pg. 45-46.
Fonte: blog antirrevisionismo(Espanha)
http://antirrevisionismo.wordpress.com/2011/07/09/todas-las-medidas-contra-los-judios-han-de-ser-discutidas-directamente-con-el-fuhrer/
Tradução: Roberto Lucena

Bispo Williamson é condenado a pagar multa por negar o Holocausto

O bispo Richard Williamson, que negou
o Holocausto em uma entrevista em 2008
Após negar o assassinato de 6 milhões de judeus pelos nazistas e a existência de câmaras de gás, numa entrevista em 2008, o bispo britânico Richard Williamson foi condenado à revelia na Alemanha a pagar 6.500 euros.

Em um processo de apelação, o Tribunal Regional de Regensburg, no sul da Alemanha, condenou à revelia nesta segunda-feira (11/07) o bispo católico britânico Richard Williamson por sedição (incitação à revolta). Após ter negado o Holocausto, a multa que o religioso de 71 anos de idade precisará pagar foi reduzida de 10 mil para 6.500 euros. A defesa de Williamson declarou sua inocência e disse que irá recorrer da sentença.

Em uma entrevista para a televisão sueca, em 2008, o bispo, que é membro da ultra-conservadora Irmandade Pio 10, negou os assassinatos em massa de seis milhões de judeus pelos nazistas, assim como a existência de câmaras de gás em campos de concentração. Por isso, já havia sido condenado em abril de 2010 a pagar uma multa de 100 parcelas diárias de 100 euros, ou seja, 10 mil euros.

Tanto o promotor quanto Williamson recorreram da decisão e, em um novo processo, a acusação havia exigido 12 mil euros de multa (120 parcelas de 100 euros). A juíza Birgit Eisvogel justificou que a atual decisão confirma o veredicto de culpado, declarado em primeira instância, mas por conta da situação financeira do acusado, a multa foi reduzida para 100 parcelas diárias de 65 euros.

Defesa

A defesa pediu a absolvição do bispo, alegando que ele não havia consentido a transmissão da entrevista na Alemanha. Segundo Eisvogel, o bispo deveria saber que a entrevista seria publicada na internet e que, por isso, também estaria disponível na Alemanha. "Sabemos que o acusado é blogueiro", disse, indicando que o religioso estaria familiarizado com a internet.

Além disso, a juíza afirma ser impossível acreditar que o religioso pensava que a televisão sueca não disponibilizaria as declarações polêmicas online. Williamson foi surpreendido pelo entrevistador com a pergunta sobre o Holocausto, mas não hesitou em falar sobre o tema durante seis minutos. "O réu sabia das possíveis consequências", afirma Eisvogel.

Igreja em crise

O caso instaurou uma crise na Igreja Católica, pois justamente na época em que a entrevista do canal sueco com a negação do Holocausto foi transmitida, o Vaticano havia acabado de anular a excomunhão de Williamson e de três outros bispos da irmandade. O Papa, no entanto, não teria tomado conhecimento da entrevista.

Desde o escândalo, Williamson não ocupa mais nenhuma função na irmandade. Ele vive em Londres e dispõe, de acordo com seus advogados, de uma mesada no valor de 300 a 400 euros.

LF/dpa/dapd/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15226844,00.html

Ler mais:
Confirmada condenação de bispo por negação do Holocausto (DN, Portugal)
Justiça alemã condena bispo que negou o Holocausto (R7, Brasil)
Bispo condenado a multa de 6500 euros por negar o Holocausto (Público, Portugal)

sábado, 9 de julho de 2011

O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 3

A perspectiva dos mexicanos ante o nacional-socialismo

México foi talvez o país latinoamericano onde o repúdio a Hitler e ao Terceiro Reich se manifestou mais evidentemente. Uma grande parte do povo participou politicamente e tinha ideias social-revolucionárias. Tanto associações comunistas e judias - grupos como a Liga contra o Fachismo [sic] e a Guerra Imperialista ou os Estudantes Socialistas, para os quais a luta contra o fascismo e o nacional-socialismo era de máxima importância - assim como Vicente Lombardo Toledano, chefe da CTM (Confederação de Trabalhadores do México) desde princípios de 1936, denunciaram publicamente a agressiva política externa do Reich e as perseguições de judeus e adversários políticos, pintaram slogans como "Morra Hitler" nas paredes da Representação alemã, queimaram bandeiras com suástica e exigiram o boicote de comerciantes e produtos alemães. Lombardo Toledano e altos representantes do partido oficialista, o Partido da Revolução Mexicana, apoiaram além disso a Liga Pró-Cultura Alemã no México, uma organização de imigrantes alemães judeus e comunistas que lutava abertamente contra o nacional-socialismo mediante cartazes e conferências[25]. Também os diários mais importantes do país rechaçaram a Alemanha nacional-socialista. Assim, o 'El Nacional', portavoz do governo, publicou uma caricatura de Hitler, o que levou à proscrição do jornal na Alemanha[26].

Em términos de política exterior, o conflito aberto entre México e o Terceiro Reich se iniciou com a Guerra Civil na Espanha. O México condenou a intervenção alemã do lado dos insurgentes sob o General Franco e, por sua parte, apoiou ao governo legítimo diplomaticamente e com armas27. Em março de 1938, o México protestou contra a anexação da Áustria e, um ano mais tarde, negou-se a reconhecer a ocupação forçada da Tchecoslováquia[28]. No ano seguinte, depois da subida ao poder do nacional-socialismo, registraram-se alguns ataques contra o grupo regional e à Juventude Hitlerista. Luis N. Morones, chefe da CROM (Confederação Regional Operária Mexicana), declarou a um oficial da Representação alemã que os desfiles da Juventude Hitlerista, vestida com o uniforme nazi, e a bandeira com a suástica em casas alemãs eram uma provocação para o trabalhador mexicano. Acrescentou que não era tolerável que se fizesse propaganda nazi no México e, por último, advertiu que se isto não mudasse, os mexicanos não se se absteriam de levar a cabo ações antialemãs[29].

A extendida atitude antinacional-socialista e esta advertência conduziram a que os grupos nacional-socialistas decidissem se preservar[30]. Na sequência, o Landesgruppe se cuidou tanto de aparecer em público, que se esfumó da percepção popular, e sua existência permaneceu oculta também aos olhos dos círculos bem informados. Por exemplo, pelo motivo da nomeação de Bohle como Chefe da AO no Ministério de Assuntos Exteriores, 'El Nacional' escreveu um artigo fundamental sobre a AO, sem conhecimento algum de que logo provavelmente surgiria no México um desses misteriosos grupos[31]. Em junho de 1939 o ministro alemã resumiu as reações do público mexicano da seguinte maneira: "Prescindindo de ataques isolados da imprensa de extrema-esquerda, a organização do partido não foi exposta a impugnações por parte dos mexicanos"[32].

O governo mexicano tinha informação sobre o NSDAP no México desde início de 1936. O assassinato do líder do Landesgruppe na Suíça, que provocou a proibição do partido pelas autoridades, foi motivo de um detalhado relatório do ministro mexicano na Alemanha sobre os acontecimentos. Em sua opinião, sobretudo os países com colônias alemãs deviam tomar em conta esses fatos, e sugeria uma investigação do partido e daqueles alemães que, sendo mexicanos por naturalização, eram ao mesmo tempo membros do partido nacional-socialista[33]. O destinatário, a Secretaria de Relações Exteriores (SRE), contudo, não falou o motivo para a preocupação. O subsecretário escrveu: "Enquanto a sugestão de que Ud. hace no sentido de que vigiem as atividades do Partido Nacional-Socialista no México [...], esta Secretaria não estima que haja nada o que temer. Enquanto a Suíça é formada, entre outras raças, por alemães que somam cerca de 2.900.000, ou seja, 70% de sua população, o México tem somente uma pequeníssima colônia alemã que chega a apenas 6.000 (entre homens, mulheres e crianças), os quais representam uma fração infinitesimal de nossa população total"[34].

Um ano mais tarde a SRE se mostrou mais interessada. Pelo motivo da nomeação de Bohle ao cargo de Secretário do Ministério de Assuntos Exteriores, a Representação enviou um relatório detalhado e extenso sobre a organização e as tarefas da AO. Era dever dos partidários no exterior, escriveu o representante diplomático, converter ao nacional-socialismo - a todos os cidadãos alemães que viviam fora da Alemanha. Os membros do partido deviam assegurar o ensino nacional-socialista das crianças e impedir que se fizessem cidadãos dos países em que haviam nascido ou viviam. Também era meta do NSDAP assegurar que aqueles que, por motivos econômicos ou por conveniência, deviam aceitar a nacionalidade de um país estrangeiro, vivessem segundo os princípios nacional-socialistas e não se esquecessem de ser alemães[35]. Chegando a esse ponto, a SRE exigiu mais informação sobre a AO[36].

Daqui em diante, a Representação mexicana na Alemanha informou regularmente sobre a AO: por exemplo, acerca dos problemas bilaterais que surgiram entre o Terceiro Reich e outros países pela existência da AO, e também sobre congressos e a propaganda inglesa contra a AO. Uma vez ou outra se informou sobre a propaganda nazi entre os alemães e se questionou a lealdade desses ao México. Enquanto ao grupo regional, a Representação só escreveu que era dirigida por Wilhelm Wirtz, um político conhecido, de personalidade carismática e íntimo amigo de Bohle[37]. Em uma carta de setembro de 1937, mencionou-se pela primeira vez eventuais atividades de espionagem da AO e dos alemães no exterior. Foi dito que a imprensa estrangeira havia decrito nos últimos anos os métodos com os quais o NSDAP recrutava seus membros e revelou que este vigiava críticos alemães do regime nacional-socialista e espiava entre os círculos antinazis no exterior[38].

De todas formas, estes relatórios surtiram efeito sobre a SRE, e despertaram e aumentaram as suspeitas a respeito dos alemães. O subsecretário Ramón Beteta, por exemplo, estava convencido de que as organizações que se ocupavam dos alemães no exterior eram instrumentos de espionagem e de ação política do Reich[39]. A petição de Beteta, a Secretaria de Gobernación, a partir desse momento, começou a vigiar os alemães no México[40]. Obviamente, nem as conclusões de Beteta nem as investigações do ministério tiveram consequências para os alemães e o NSDAP. A partir daí que Rüdt von Collenberg e Wilhelm Wirtz constataram por unanimidade, em junho de 1939, que a existência do partido e de outras instituições da comunidade não corriam perigo[41].

Esta opinião do ministro alemã também se baseava na correspondência com a SRE do ano 1937, motivada, entre outras coisas, pelo já mencionado artigo do 'El Nacional', em que o diário analizava de modo fundamental o problema de um partido que atuava fora de sua pátria e reclamava do uso de poder sobre os próprios cidadãos no exterior, concluindo que não eram aceitáveis esses grupos porque podiam prejudicar os países em que eram desenvolvidas suas atividades[42]. Em algumas cartas enviadas à SRE, Rüdt contradizia essas declarações, aduzindo que, segundo as leis da AO, os membros do partido no exterior tinham a obrigação de evitar qualquer envolvimento na política dos países receptores[43].

A resposta do Secretário de Relações Exteriores, Eduardo Hay, revelava o desinteresse do governo mexicano de tematizar a AO nas relações bilaterais, limitando-se a expressar satisfação de que a AP não se envolvia na política de outros países. Estas foram as únicas palavras do Secretário em relação à AO. Assim pois, a AO não representou nenhum papel importante, nem nos debates da política interna nem nas relações com o Terceiro Reich. Apesar da atenção despertada sobre as atividades do partido e os alemães no país, parece que o número de alemães era demasiado pequeno para constituir um perigo para o México, ainda que estivessem influenciados pela ideologia nacional-socialista.

Nisso, o México se distinguiu fundamentalmente de outros países latinoamericanos. Na Argentina e no Brasil se proscreveram os grupos regionais da AP, tanto que no Chile suspenderam o funcionamento de um grupo vinculado à Juventude Hitlerista e expulsaram um alto funcionário do NSDAP. Em todos esses países houve discussões na imprensa e nas câmaras de deputados sobre os partidos formados por estrangeiros. Alguns políticos atacaram a AO e suspeitaram de outras atividades subversivas e de traição. O que diferencia a experiência mexicana em relação aos outros países é que nestes a propaganda da AO entre os descendentes de alemães, os imigrantes e os cidadãos, e as tentativas de unificar as comunidades alemãs sob o controle do NSDAP, eram vistos como um perigo para a integridade nacional. No Brasil, as atividades dos nazis aumentaram a desconfiança tradicional ante os descendentes de alemães. O partido - repreendiam - impedia a integração deste grupo da população na nação brasileira. Na Argentina, pelo contrário, onde os alemães eram majoritariamente apreciados como bons cidadãos, temia-se que a propaganda nacional-socialista separasse esses da nação. Apesar de que no Chile viviam muito menos alemães que nos outros países, que contavam com uma comunidade alemã de centenas de milhares, existiam - como no Brasil - regiões nas quais predoninavam os alemães, o que também foi motivo crescente de suspeitas e de restrições. No México, contudo, não havia muitos alemães, nem tampouco concentrações destes em determinadas partes do país[44].

Fonte: El NSDAP en México: historia y percepciones, 1931-1940
Autor: Jürgen Müller; Universitdt Kóln
Tradução: Roberto Lucena

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Extermínio dos Diferentes

Pessoas com deficiência e doentes terminais eram alvo do 3º Reich

Os nazistas queriam "purificar" a raça ariana de genes ruins. Esses genes estariam nos judeus, ciganos, homossexuais - e nas pessoas com deficiências de qualquer origem. Os oficiais nazistas planejavam esvaziar os asilos de doentes mentais e pacientes "incuráveis", mas sabiam que isso pegaria mal com a opinião pública. A partir de 1º de setembro de 1939, a guerra deu a eles a desculpa para oficializar o programa - precisavam desses hospitais para os soldados feridos. O chamado Aktion T4 - Tiegartenstrasse, Nº4, era o endereço da sede - esterelizou e assassinou milhares de pessoas. Foi um dos raros casos em que os alemães, liderados pelas famílias de vítimas, se opuseram publicamente a uma diretriz nazista. O clamor se estendeu até a Igreja (que se omitia sobre os judeus). Conheça alguns dos opositores do T4:

Juiz denuncia eutanásia

Nenhum outro juiz alemão se manifestou contra a eutanásia em massa. Lothar Kreyssig já não era, sabidamente, um fã do Partido Nazista. Ao iniciar a carreira, em 1928, ele se recusou a entrar para a legenda. Por essa e outras manifestações de insubordinação, em 1937 foi punido com um cargo menor, o de juiz de casos de guarda de pacientes mentais em Brandenburgo. Em 1940, ao notar um número extraordinário de certidões de óbito desses pacientes, mandou uma carta de protesto ao ministro da Justiça, Franz Gürtner. Foi chamado à Suprema Corte, onde explicaram a ele que a sentença de morte para certas vítimas era a vontade de Hitler - e sua vontade era a "fonte da lei". Kreyssig deu de ombros. Proibiu qualquer transferência de pacientes sem sua autorização. Em 1942, iniciou um processo público acusando de assassinato o chefe do programa, Philipp Bouhler. Foi afastado do cargo no mesmo ano. Após a guerra, ajudou a fundar uma espécie de ONG: Aktion Sühnezeichen Friendensdienste (Ação de Reconciliação para a paz).

Arcebispo lidera movimento anti-T4

Clemens von Galen tornou-se arcebispo de Münster em 1933. No mesmo ano Hitler tomava o poder na Alemanha e fechava um acordo com a Igreja Católica - o acordo, assinado pelo Cardeal Eugenio Pacelli (que se tornaria o papa Pio XII em 1939), restringiu os poderes do clero, mas garantiu sua sobrevivência no país. Hitler tinha medo da influência da Igreja e se anunciava como católico. Aproveitando sua liberdade, nos sermões o arcebispo ridicularizava a doutrina nazista (como a ordem, revogada depois de muitas críticas, para remover os crucifixos das escolas). Mas o T4 o fez ficar sério. Em 1941, ele começou a pregar abertamente contra o programa e, logo, contra tudo o que o nazismo representava. Esses discursos inflamados passaram a ser reimpressos clandestinamente na Alemanha e repassados entre famílias católicas e até mesmo aos soldados no front - a Inglaterra chegou a "bombardear" soldados alemães com as transcrições em folhetos. Os sermões geraram protestos públicos contra o programa. O líder da SS em Münster solicitou a execução de Von Galen, mas, temendo a revolta popular, a cúpula do III Reich teve de engolir a resistência do religioso até o fim da guerra. Clemens von Galen foi eleito cardeal no Natal de 1945 e beatificado por João Paulo II em 2004.

Fonte: Revista Superinteressante - Edição 292-A - JUN2011 - Págs 36-37

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cinco Skinheads são presos em flagrante agredindo negros em SP

A Polícia Civil de São Paulo prendeu na madrugada deste domingo cinco jovens integrantes de um grupo skinhead. Eles foram presos em flagrante quando agrediam quatro pessoas na Rua Vergueiro, Aclimação, região central de São Paulo.

Foram detidos Welker de Oliveira Guerreiro, 19 anos; Guilheme Witiuk Ferreira de Carvalho, 21; Pedro Toledo de Souza, 19; Julio Ramon de Lima, 21 e Kauê Baldon Barreto, 18. Com o grupo foram encontradas facas, uma caneta com ponta de ferro e até um machado. Um dos detidos usava uma camiseta com os dizeres White Pride (Orgulho Branco, em inglês).

As vítimas dizem que estavam sendo agredidas quando viram a aproximação de uma viatura da Polícia Civil que passava pela região. Os policiais perceberam a movimentação e interromperam a agressão.

Em depoimento à polícia, duas das vítimas, um orientador socioeducativo e um estudante, dizem ter sido agredidas porquem eram negros. Elas prestaram queixa por racismo. Os detidos irão responder ainda por tentativa de homicídio e formação de quadrilha.

O movimento skinhead surgiu na Inglaterra no final da década de 60. Inicialmente, não possuia conotação racista ou sequer política. O ritmo negro e jamaicano do ska era uma das trilhas sonoras dos skinheads ingleses. No final da década de 70, porém, integrantes do movimento aproximaram-se de políticos da extrema-direita inglesa e até de neonazistas. No Brasil, os primeiro skinheads surgiram no início da década de 80.

Da Agência O Globo


NT: Se investigarem irão encontrar livros "revisionistas" com estes cinco...


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