domingo, 8 de março de 2009

Negros alemães vítimas do Holocausto

Negros Alemães Vítimas do Holocausto - documentário

Muito de nossa história é perdida por nós porque frequentemente não escrevemos os livros de história, não filmamos os documentários, ou não passamos os relatos adiante de geração em geração. Um documentário que agora excursiona no Circuito Festival do Filme, diz à gente para "Sempre Lembrarmos" (Always Remember), o filme se chama "Sobreviventes Negros do Holocausto", 1997 (Black Survivors of the Holocaust). Fora dos EUA, o filme é intitulado como "As Vítimas Esquecidas de Hitler" (Afro-Wisdom Produções). Isso codifica outra dimensão para o "Nunca Esquecer" ("Never Forget") da história do Holocausto - a nossa dimensão.

Você sabia que nos anos de 1920s, havia 24.000 negros vivendo na Alemanha? Nem eu. O filme conta como o evento aconteceu, e como muitos deles foram eventualmente apanhados de surpresa pelos eventos do Holocausto.

Como na maioria das nações da Europa Ocidental, a Alemanha estabeleceu colônias na África por volta dos anos de 1800s e no qual mais tarde vieram a se tornar Togo, Camarões, Namíbia e Tanzânia. Os experimentos genéticos alemães começaram por lá, a maioria notavelmente envolvendo prisioneiros capturados em 1904 no Massacre de Heroro que deixou cerca de 60.000 africanos mortos, seguindo uma revolta de 4 anos contra a colonização alemã. Depois da completa derrota da Alemanha ocorrida na 1a Guerra Mundial, ela se separou de suas colônias africanas em 1918.

Como um resto da guerra, foi permitido aos franceses ocuparem a Alemanha na Renânia - um pedaço amargo de uma propriedade real que tem ficado entre as duas nações por séculos. Os franceses desdobraram de forma voluntariosa seus soldados africanos colonizados como uma força de ocupação. Os alemães viam isto como um insulto final da Primeira Guerra Mundial, e, logo depois disso, 92% deles votaram no Partido Nazi."

Foto: foto de propaganda nazista retrata a amizade entre uma "ariana" e uma mulher negra. A legenda declara: "O resultado! Uma perda do orgulho racial." Alemanha, pré-guerra. USHMM (Museu Memorial do Holocausto dos EUA).

Centenas de soldados renanos-africanos casaram-se interracialmente com mulheres alemães que criaram suas crianças como alemãs negras. No 'Mein Kampf' ('Minha Luta'), Hitler escreveu sobre seus planos para aqueles "Bastardos da Renânia". Quando chegou ao poder, uma de suas primeiras diretivas visou aquelas crianças mestiças. Ressaltando a obcessão de Hitler com a pureza racial, por volta de 1937, cada criança mestiça identificada na Renânia foi forçosamente esterilizada, a fim de prevenir mais "poluição racial", que foi como Hitler denominou esse "problema".

Hans Hauck, um negro sobrevivente do Holocausto e uma vítima do programa obrigatório de esterilização de Hitler, explanou no filme "Hitler's Forgotten Victims" ("As Vítimas Esquecidas de Hitler") que, quando ele foi forçado a submeter-se a esterilização quando adolescente, não foi dado a ele nenhum anestésico. Uma vez que ele recebeu seu certificado de esterilização, ele estava "livre para ir" tão logo ele aceitasse a não ter nenhuma relação sexual com quaisquer alemães.

Embora a maioria dos negros alemães tentassem fugir para sua terra natal, dirigindo-se para a França onde pessoas como Josephine Baker estavam firmemente ajudando e apoiando no 'Underground francês' (às escondidas), muitos ainda encontravam problemas em outras partes. Nações fechavam suas portas para alemães, incluindo os negros alemães. Alguns negros alemães estavam aptos a suprirem suas vidas durante o reino de terror de Hitler atuando em shows em Vaudeville, mas muitos negros, firmes em suas crenças de que eles eram alemães primeiramente, e negros em segundo plano, optaram por ficar na Alemanha. Alguns lutaram com os nazis (uns poucos até se tornaram pilotos da Luftwaffe)!

Desafortunadamente, muitos negros alemães foram presos, acusados por traição, e pilhados em carros de gado para campos de concentração."

"Frequentemente estes trens estavam tão comprimidos com pessoas e (equipados sem nenhum cuidado ou acesso sanitário ou de comida), que, depois do quarto dia de jornada, as portas dos vagões eram abertas com pilhas de mortos e moribundos.

Uma vez dentro dos campos de concentração, aos negros era dado os piores trabalhos concebíveis. Alguns soldados negros americanos, que eram capturados e feitos como prisioneiros de guerra, contavam que enquanto eles estavam se tornando famélicos e forçados a trabalhos perigosos (violação da Convenção de Genebra), eles ainda estavam em melhores condição que os negros alemães detidos nos campos de concentração, que eram forçados a fazerem o inimaginável aos homens nos crematórios e trabalhar nos laboratórios onde experimentos genéticos estavam sendo conduzidos. Como um sacrifício final, esses negros foram assassinados a cada três meses de modo que eles nunca pudessem revelar os trabalhos internos da "Solução Final".

Em cada história da opressão negra, não há dúvidas que fomos escravizados, algemados, ou abatidos, sempre encontramos uma maneira de sobreviver e a salvar os outros. Como um exemplo ilustrativo, consideremos Johnny Voste, um lutador da resistência belga que foi preso em 1942 por uma alegada sabotagem e então enviado a Dachau. Um de seus trabalhos era empilhar cestos de vitamina. Arriscando sua própria vida, ele distribuiu centenas de vitaminas a detidos no campo e salvou a vida de muitos que estavam famélicos, doentes e em condições de fraqueza exacerbada pelo excesso de deficiências de vitaminas. E seu lema era "Não, você não pode ter minha vida; Eu lutarei por isso."

De acordo com o 'Delroy Constantine-Simms*' da Universidade de Essex, havia negros alemães que resistiram na Alemanha, como Lari Gilges, que encontraram no Noroeste de Rann - uma organização de entretenimento que lutou contra os Nazis em sua cidade sede, Dusseldorf - e que foram assassinados pelas SS em 1933, o ano que Hitler chegou ao poder."

Pouca informação lembra dos números dos negros alemães presos em campos de concentração ou assassinados sob o regime Nazi. Algumas vítimas do projeto de esterilização Nazi e sobreviventes negros do Holocausto ainda estão vivos e contando suas histórias em filmes como "Black Survivors of the Nazi Holocaust" ("Os Sobreviventes Negros do Holocausto Nazi"), mas eles também devem clamar por justiça, e não apenas por história.

Ao contrário dos judeus (em Israel e na Alemanha), os negros alemães não receberam nenhuma reparação da guerra porque suas cidadanias alemãs foram revogadas (embora tenham nascidos alemães). A única pensão que eles conseguiram foi esta daqueles de nós que estão desejando contar ao mundo suas histórias e continuar suas batalhas por reconhecimento e compensação.

Depois da guerra, dezenas de negros que tinham de alguma forma conseguido sobreviver ao regime nazista, foram reunidos e enquadrados como criminosos de guerra. Isto só pode ser um último insulto! Existem milhares de histórias do Holocausto negro, desde o comércio triangular, da escravidão na América, para as câmaras de gás na Alemanha. Frequentemente nos distanciamos de ouvir sobre nosso passado histórico porque é muito doloroso; entretanto, estamos juntos neste esforço por direitos, dignidade, e, sim, reparações por erros cometidos contra nós ao longo dos séculos. Precisamos sempre lembrar disto de modo que possamos fazer um exame destas etapas para assegurar que estas atrocidades nunca mais ocorram novamente.

Para mais informação, leiam: "Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany"(Destinado a ser Testemunha: crescendo negro na Alemanha Nazista), por Hans J. Massaquoi.
[Livro disponível em nossa livraria em 'Blacks and Nazi Germany']"

NUNCA SE ESQUEÇAM!

Escrito por A. Tolbert, III

Nota: *Delroy Constantine-Simms, Psicólogo Ocupacional, TD Psicologia de Avaliações de Negócios 07946 836 305. Serviços oferecidos: 1) Diversidade e Igualdade de treinamento 2) Clima Cultural e Organizacional Revisões/Exames 3) Exames da Gerência da Diversidade 4) Investigações do Lugar de Trabalho (Transtornos de Perseguição e Bullying) 5) Teste de Psicometria 6) Perfil de Personalidade

Fonte: Black History Month
http://www.black-history-month.co.uk/articles/holocaust_victims.html
http://www.black-history-month.co.uk/sitea/articles/holocaust_victims.html
Tradução: Roberto Lucena

Texto revisado: 29.04.2014

2 comentários:

Unknown disse...

Como sempre o registro de afro descendentes foi apagado ou simplesmente ignorado dentro da sociedade branca, a qual talvez esqueça que o primeiro ser humano encontrado sobre o planeta Terra foi encontrado na África

Roberto disse...

Se procurar (clicando nas tags do post) vai encontrar mais textos sobre a questão na segunda guerra e a Alemanha nazi.

O problema é se avaliar outro país pelos valores e formação étnica de outro país (o nosso) onde há forte presença de população negra.

O contingente de cidadãos negros na Alemanha, historicamente, sempre foi baixo. Não é questão de esquecimento e sim de que, dentro da destruição nazista, ironicamente a população negra foi pouco atingida em relação a outros grupos.

É preciso entender as diferenças entre países pra não se cometer erros nas avaliações. O registro não foi apagado, apenas é mal explorado ou pouco explorado por conta do que citei acima.

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