terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz - e quando. Parte 4: "Revisionistas" e o artigo de Boris Polevoi



Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/08/what-soviets-knew-about-auschwitz-and.html

Mesmo antes de estudar esses livros, vou ler uma tradução em alemão de um artigo que eu também tenho de Vogt. Ela apareceu no jornal do partido comunista soviético, Pravda, em 2 de fevereiro de 1945, uma semana depois da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelo Exército Vermelho.(Quatro anos depois eu tenho que lembrar do russo original). O autor deste artigo é o repórter judeu-soviético Bóris Polevoi, que visitou Auschwitz imediatamente após a libertação, ele escreveu sobre: “linha de montagem instalada onde centenas de pessoas foram mortas simultaneamente com corrente elétrica”. Polevoi também mencionou câmaras de gás no setor oriental de Auschwitz. Hoje em dia, ninguém afirma que os alemães fizeram uso de corrente elétrica para matar pessoas, e segundo a versão oficial Holocausto, as câmaras de gás estavam em Auschwitz Birkenau, a oeste do acampamento principal, e não no setor oriental.

Após ter lido este artigo os “revisionistas” sabiam que eu estava certo: A história das câmaras de gás e de extermínio em massa havia sido forjada pelos propagandistas, e as primeiras versões não coincidem com as posteriores.

Nesse dia, 29 de abril de 1991, eu decidi dedicar a minha vida a lutar contra as fraudes cada vez mais monstruosas concebidas pelos cérebros humanos.

Assim foi o ponto de partida de Jurgen Graf, foi o artigo de Bóris Polevoi.

Não sei por que pede Graf chamou Polevoi de judeu (não encontrei nenhuma prova diste), e por que sua etnia deveria ser problema. Podemos analisar o significado de seu suposto artigo sobre os seus próprios "méritos".

Artigo de Polevoi no Pravda. Cortesia de Carlo Mattogno.

Nos círculos "revisionistas" o artigo foi "descoberto" por Robert Faurisson e traduzido para o inglês por "Samuel Crowell" (Alan Buel Kennady) e pode ser encontrado aqui.
"Crowell" descreve o seu significado para "revisionistas" assim:

O que é mais marcante sobre este relatório impresso é que ele está totalmente em desacordo com a versão de Auschwitz que temos vindo a conhecer, substituindo as tradicionais atrocidades gravadas por outra completamente imaginária. O primeiro observador não-anônimo do campo de Auschwitz poderia ser medido a partir da atual narrativa, não fala só da imprecisão do presente relatório inicial, mas também como artifício dos outros subseqüentes.

Este é o usual “modus operandi” dos “revisionistas”. Se algum jornalista ou até mesmo um estudioso comete um engano, eles contam como uma “estória do Holocausto”. Se a interpretação está errada, os dados adjacentes também estão errados!

Felizmente, temos documentos soviéticos suficientes para decisivamente desmerecer esta baba "revisionista". Eu já tenho muitos deles nesta série e constatei que eles geralmente correspondem à versão estabelecida (tendo em conta os inevitáveis erros e exageros e etc). O Exército Vermelho foi acurando mais ou menos as informações sobre Auschwitz. Também os serviços de inteligência soviéticos. Obviamente a descrição incorreta de Polevoi não é importante.

Ainda hà outro relatório escrito sobre Auschwitz, na mesma época – o relatório de Komsomol'skaja pravda do correspondente Sergey Krushinsky, que viajou para Auschwitz com Polevoi. [grifos do tradutor] Não tenho certeza se o relatório de Krushinsky foi publicado, mas isso não é desculpa, os negadores deveriam tê-lo encontrado, i.e. USHMM. Uma cópia do relatório que eu tenho é dirigida ao major-general Yashechkin, mas está escrito como se fosse um artigo de jornal. É impreciso, mas sabemos que a partir de outro relatório de Krushinsky para Yashechkin em 31/01/1945 que ele estava em Auschwitz em 29 e 30 de janeiro. Em um curto relatório de 31.01.1945 Krushinsky nota entre outras coisas que:

Os internos estão em estado de ignorância sobre as questões mais dolorosas – ordem para sair dos campos, retorno às suas pátrias, etc. Uma vez que quase todas essas pessoas estão mentalmente doentes, e os rumores que rondam por aqui, e até mesmo a calúnia alemã, segundo a qual os doentes internados em Majdanek, foram exterminados pelas tropas soviéticas, é lembrado por aqui.

Alguns desses rumores poderiam ter sido a fonte da descrição de Polevoi, ou então, a sua rica fantasia e/ou também algum mal entendido que alguma pessoa não esclareceu.

Em um longo (impreciso) relatório para Yashechkin Krushinsky ele cita vários depoimentos dos internos, e uma parte de sua descrição do processo de extermínio nos crematórios, em sua maioria corresponde ao que sabemos hoje sobre os gaseamentos nos crematórios II e III:

Um grupo de prisioneiros foram levados para a câmara. A porta foi hermeticamente fechada, e o gás foi introduzido. Após 8 minutos de ventilação a cremação dos corpos começou. O gás que era usado aqui tinha o nome de “Zyklon-B”. É um produto de ácido prússico. Várias latas deste veneno foram deixadas nos armazéns, e os internos que trabalharam na destruição da fábrica da morte, antes da evacuação do campo [i.e. os membros do Abbruchkommando do crematório] recordam como as câmaras eram equipadas. Latas do gás eram atiradas pelo teto e quebravam no chão. De modo que os internos aspirassem fumaça e que o gás se espalhasse, as latas não caíam livremente, mas dentro de uma coluna de malha metálica.

Embora a sua descrição das colunas de introdução do Zyklon-B não é inteiramente correta, (o Zyklon-B não era atirado diretamente no chão, mas sim despejado na parte interna [NT: da coluna], de forma que pudesse ser introspectivo) a menção de tal detalhe é notável.

Conforme observou Krushinsky, inúmeros boatos estavam flutuando por lá, e ele próprio relatou alguns fatos, (e.g. ele descreveu sucintamente uma câmara de gás construída acima do crematório, em que os corpos eram jogados para baixo depois do gaseamento através de aberturas nos fornos). A precisão da informação dependeria do “grau de separação” da pessoa que está relatando o rumor e a da fonte primária. Obviamente, quanto maior a “distância” entre os dois, mais a informação tenderá a ser distorcida. Estes rumores incorretos não desacreditam o relatório de Krushinsky – partes de relatos de testemunhas oculares (testemunhas imediatas), como a informação sobre as colunas e dos membros do Abbruchkommando têm mais credibilidade do que um boato absurdo sobre uma câmara de gás à partir de uma fonte sem nome.

A partir dos relatórios de Krushinsky e Polevoi podemos ver que estes correspondentes soviéticos foram confrontados com uma massa de informações de diferentes credibilidades à sua chegada em Auschwitz. Eles "ordenaram" e relataram de acordo com suas próprias parcialidades, intuição, o senso comum, e sim, propósitos de propaganda. O relatório de Krushinsky com todos os defeitos é várias vezes mais credível que o de Polevoi, mas o último foi publicado no principal jornal soviético, e atraiu a atenção dos “negadores”, que não deixaram de criar uma grande propaganda [sensacionalista] em torno dos erros gritantes, ignorando (ou melhor, sendo ignorantes) os mais credíveis, os relatórios internos do Exército Vermelho e da NKGB.

Na verdades, se eles se familiarizassem com os documentos publicados nesta série, Crowell não teria escrito o seguinte:

Existe uma grande surpresa para esta narrativa: em primeiro lugar, é completamente diferente do relatório da Comissão Especial sobre Auschwitz. Esse relatório por sua vez iria mostrar a influência do relatório da Diretoria de Refugiados de Guerra (WRB) de 26 de Novembro de 1945 [sic!]. Uma conclusão óbvia é que a narrativa soviética de Auschwitz subseqüente a este relatório, criou uma harmonia com as várias mensagens anônimas que incluía o relatório da WRB. No entando, o relatório de Polevoi mostra outras influências e conexões.

É claro que a “narrativa soviética de Auschwitz” foi revisada, e o relatório da Comissão do Departamento Político do 1º Front Ucraniano que investigou Auschwitz de 1º a 5 de Fevereiro de 1945, geralmente corresponde ao último relatório da Comissão Extraordinária.

O pomposo disparate pós-modernista não esconde o fato que os “revisionistas” simplesmente não fazem uma boa pesquisa sobre o tema.

Como de costume.

[Eu gostaria de agradecer ao Dr. Joachim Neander por me fornecer os documentos usados neste capítulo.]

Anterior: Parte 3 - Relatórios da Liberação

Próximo: Parte 1: Relatórios do NKGB da Ucrânia 1944

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...