segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O que os soviéticos sabiam sobre Auschwitz – e quando. Parte 2: Relatórios de alemães capturados, 1943-1944

Artigo de Sergey Romanov traduzido à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/what-soviets-knew-about-auschwitz-and_12.html

Mais "dados brutos": dois depoimentos sobre Auschwitz, de alemães capturados.

O primeiro vem do Julgamento de Kharkov em 1943. É citado pelo Negador do Holocausto "Samuel Crowell" no site de [David] Irving:


Promotor: Informe o tribunal sobre sua conversa com Somann.

Heinisch: Somann me disse que a morte causada por intoxicação por gás era indolor e mais humana. Ele disse que a ação do gás na van da morte era muito rápida, mas, na verdade, a morte não ocorreu em doze segundos, mas muito mais lenta e foi acompanhada por grande dor. Somann me contou sobre o campo de Auschwitz, na Alemanha, onde o gaseamento dos presos foi realizado. As pessoas disseram que estavam sendo transferidas de outros lugares, e os trabalhadores estrangeiros foram avisados de que seriam repatriados e foram enviados sob este pretexto para as casas de banho. Aqueles que iriam ser executados, primeiro entraram em um lugar com uma tabuleta escrito "Desinfecção" sobre ela, e lá eles estavam sem roupa -- os homens separados das mulheres e das crianças. Em seguida eles foram ordenados a entrar em outro lugar, com uma tabuleta “Banho”. Enquanto as pessoas se lavavam, válvulas especiais foram abertas para a entrada de gás que lhes causou a morte. Então as pessoas mortas eram cremadas em fornos especiais, cerca de 200 corpos poderiam ser queimados simultaneamente.

Este testemunho está essencialmente correto. As imprecisões estancadas do fato são boatos [NT: a quantidade de corpos].

O segundo testemunho foi dado pelo desertor da 4 ª companhia do 3º regimento de infantaria, Obergefreiter Heinrich Annis (grafia incerta). Ele desertou em 1º de Março de 1944 na região de Shtavin. Sua descrição: “Nascido em 1908, marceneiro, solteiro, serviu na guarda do Batalhão SS do Campo de Concentração de Auschwitz (Alta Saxônia [deve ser Silésia])”. Isto foi publicado em Dokumenty obvinyajut. Kholokost: svidetel'stva Krasnoj Armii (compilado pelo Dr. F. D. Sverdlov; publicado por Fundação Kholokost, 1996 em Moscou; referência de arquivo: TsAMO RF, 50th army's fond, opis 9783, delo 110, list 289):

No campo hà principalmente judeus, ciganos e também um pequeno número de POW russos, e um pequeno número de prisioneiros políticos alemães. O número de internos é de mais de 100.000. O campo de Auschwitz consiste de 2 seções cercadas por 3 fileiras de arame farpado. Os detidos são utilizados na terraplenagem, na construção de estradas, e de uma fábrica de Essen que foi evacuada do Oeste. Não sei como os produtos chegam a eles, mas, naturalmente, menos do que o necessário para um suporte. Quando cheguei lá com um amigo, tinha um fedor horrível. O fedor vinha do crematório, onde os corpos dos internos mortos eram cremados.

Na estação a cada dia chegavam 4 transportes, com 40 vagões e 50 pessoas em cada. Eu presenciei em sua maioria a chegada de judeus romenos e judeus de outros países. Todos eles foram divididos em 3 grupos: 1) doentes; 2) mães com crianças até 12 anos; 3) homens e mulheres fisicamente capazes. Os doentes eram enviados imediatamente para as câmaras de gás, onde eram intoxicados com um gás especial. As pessoas do terceiro grupo arrastavam os corpos para o crematório, onde eles eram cremados.Então os judeus do segundo grupo eram enviados para as câmaras de gás onde eram intoxicados. O restante dos judeus do terceiro grupo eram usados para trabalho até a exaustão e depois eram exterminados.Os corpos eram arrastados pelos judeus do terceiro grupo que chegava em outros transportes.

Os pertences dos judeus eram separados: roupas quentes eram transferidas para os depósitos do exército, o restante para o interior da Alemanha.

Nenhum detento judeu estava retornando.

Não sei muito porque estava na tropa da guarda apenas hà três semanas e em seguida fui enviado para o front. Os homens da SS nos diziam pouco, talvez porque temessem responsabilidade nos crimes.

16.3.1944

Interrogatório conduzido pelo chefe-adjunto da Seção de Inteligência no quartel-general do 50º Exército.

Tenente-Coronel Blinov

De novo a descrição do processo de extermínio está essencialmente correta. Há um erro neste testemunho - os judeus do território romeno anexado pela Hungria começaram a chegar durante a ação húngara que começou em Maio de 1944, e portanto, Annis se enganou quanto a nacionalidade dos judeus. Mas ele passou apenas algumas semanas em Auschwitz, e muito não foi dito pela SS, de modo que este engano não pode desqualificar seu depoimento.


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