sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Resenha do livro "A Indústria do Holocausto"

Por Maria Luiza Tucci Carneiro*, especial para o iG Ler (igler@ig.com)

O livro "A Indústria do Holocausto", do norte-americano Norman Finkelstein, é um verdadeiro convite ao anti-semitismo, além de ser (ele mesmo) uma indústria captadora de recursos: a primeira tiragem é de 50 mil exemplares. Se para o autor o Holocausto "provou ser uma indispensável bomba ideológica", para nós ele continua a ser um fenômeno humanamente inexplicável.

A obra - que vem causando polêmica em todos os países onde foi publicada - abre trincheiras para os grupos revisionistas, representantes do pensamento da extrema-direita e que negam as câmaras de gás.

O texto se apresenta como uma faca de dois gumes, possibilitando uma leitura dúbia: de um lado, por tratar a questão judaica sobre um viés acusatório, anti-sionista e recuperar (sob nova maquiagem) o mito da conspiração judaica. Tais maquinações anti-semitas causam ainda maior estranheza por expressarem o pensamento de alguém cujos pais sobreviveram ao Gueto de Varsóvia e aos campos de concentração nazista.

Segundo o próprio autor, com exceção de seus pais, todos os membros de ambas as famílias foram exterminados pelos nazistas. Este é, por assim dizer, o outro lado da faca: o que atribui aos sobreviventes do Holocausto um "status de vítima". Mas é como vítima (sem status) que o autor faz jus à tradição americana da denúncia moral.

Em alguns momentos, o autor dá um tom de revolta à sua voz protestando contra a elite judaica americana que "explora" economicamente o Holocausto: daí a dubiedade da narrativa. Para Finkelstein existem duas fases distintas:

1) desde a Segunda Guerra Mundial até 1967: fase delineada por atitudes de menosprezo pelo tema. Nesta época, a elite judaica teria se alinhado à política americana priorizando a Guerra Fria, fazendo vistas grossas à entrada de nazistas no país, além de apoiar o rearmamento de uma Alemanha mal desnazificada.

2) após a guerra de 1967: quando o Holocausto tornou-se uma fixação na vida dos judeus americanos. Diante do "isolamento e vulnerabilidade de Israel" (p.28), a elite judaica teria começado a explorar o Holocausto visando lucros.

O raciocínio de Finkelstein baseia-se na existência de dois grupos distintos de judeus norte-americanos: os que foram "apenas" vítimas do Holocausto e aqueles que conquistaram status explorando a idéia de terem sido vítimas.

Estes seriam os responsáveis pela grosseira exploração do martírio judeu e pela transformação do Holocausto em O Holocausto, definido como uma verdadeira indústria da corrupção.

A idéia é de que esta catástrofe teve desdobramentos possibilitando ao Estado de Israel (definido pelo autor como "um dos maiores poderes militares do mundo, com uma horrenda reputação em direitos humanos") projetar-se como um Estado "vítima", além de oferecer facilidades aos judeus bem-sucedidos dos Estados Unidos, anti-comunistas, por excelência (p. 13).

A plataforma de defesa sustentada pelo autor finca-se no tom de "denúncia" atribuído à sua tese: a de que os judeus americanos estariam explorando a memória do Holocausto transformando-a em um "negócio".

Tanto a dedicatória como a epígrafe que abrem o livro - está última assinada pelo Rabino Arnold Jacob Wolf, da Universidade de Yale - reafirmam a identidade judaica do autor, ao mesmo tempo em que sintetizam a sua proposta: "A mim parece que o Holocausto está sendo vendido - não ensinado".

Tal "denúncia" é tendenciosa ao possibilitar uma "outra" leitura, perigosa no momento em que grupos neonazistas negam as câmaras de gás e os noticiários televisivos sobre a paz no Oriente Médio enfatizam uma abordagem anti-Israel.

Se a idéia de Finkelstein foi de retratar o legado de seus pais, certamente ele não foi feliz. Ademais, não é preciso ter sobrevivido a uma catástrofe (Shoah) para alcançar o grau de tirania praticado pelos nazistas.

"A Indústria do Holocausto" é uma obra rica em estereótipos recuperados dos mais exacerbados libelos anti-semitas, muitos dos quais se prestaram para sustentar uma outra indústria: a da "morte em série" nos campos de extermínio. No rol desta literatura panfletária está os "Protocolos dos Sábios de Sião", leitura de cabeceira de Adolf Hitler e dos neonazistas.

Como documento anti-semita, os Protocolos tentam provar que os judeus conspiram, há séculos, com o objetivo de controlar o mundo. Daí o texto (de origem russa, 1905) enfatizar os "interesses ocultos", conceito parafraseado por Finkelstein, noventa e seis anos depois. O autor (re)administra acusações anti-semitas ao afirmar que a memória do Holocausto está sendo modelada por "interesses investidos" e sendo utilizada para "extorquir dinheiro da Europa" (p.18).

Esta imagem estereotipada dos judeus enquanto "exploradores" e "aproveitadores" de situações trágicas pode ser identificada na maioria dos textos anti-semitas, alguns seculares. Aliás, por coincidência, um dos mais virulentos libelos anti-semitas produzidos no Brasil nos anos 30, leva o título "Indústria de Judeus".

Valendo-se de metáforas extraídas do mundo da industrialização, um diplomata brasileiro apela para a tese dos "agentes judeus" (comparados a força-motriz) que - através de sua astúcia, engenhosidade, destreza e criatividade - conjugavam o seu trabalho ao capital, objetivando o lucro ilícito.

Há também um livro anti-semita "Os judeus do cinema", de Oswaldo Gouvêa (Rio de Janeiro, 1935) que acusa empresas americanas de explorar a indústria cinematográfica. Valendo-se dos "capitalistas judeus da Broadway" teriam se tornado poderosas empresas, com domínio universal. Foi aí que "o Leão da Metro alvoroçou sua juba e deu o primeiro rugido de alarme entre os judeus" (p.74).

Mera coincidência ou não, o mito da conspiração foi retomado por Finkelstein e atualizado no espaço e no tempo histórico.

(*) Maria Luiza Tucci Carneiro é historiadora da Universidade de São Paulo, autora de "Holocausto. Crime contra a Humanidade" (Ática, 2000) e "O Anti-semitismo na Era Vargas" (Brasiliense, 1995, 2a. edição), entre outros.

OBS: Este texto, inédito, será ampliado pela autora para publicação em uma revista da comunidade judaica, para a qual foi originalmente concebido.

Fonte: IG
http://www.ig.com.br/paginas/igler/especiais/finkel/tucci.html

Entrevista com Norman Finkelstein, autor de "A Indústria do Holocausto"

Por Ricardo Besen (ricardobesen@ig.com)

iG Ler - Você rejeita a idéia da singularidade do holocausto. Não acha que esse é um assunto bastante complexo que é discutido de forma muito simplista em seu livro? Você poderia ter levado em consideração que historiadores e filósofos alemães discutiram o tema a sério e sem motivações políticas, como Theodor Adorno, por exemplo.

Finkelstein - Eu discuto o dogma de que o holocausto é CATEGORICAMENTE único. Como todos os temas de investigação histórica, ele deveria estar sujeito aos procedimentos fundamentais de contraste e comparação. Não há dúvida que alguns aspectos do holocausto nazista são significativamente únicos - cito inclusive o historiador Raul Hilberg quanto a esse ponto.

Aspectos da bomba atômica lançada sobre Hiroshima também são significativamente únicos. Mas será que um historiador japonês diria que não pode compará-la com o bombardeio convencional de Tóquio (onde provavelmente mais gente morreu)? O ponto de partida da indústria do holocausto é: "Não compare". O que quer que isso seja, não é história.

iG Ler - Você não exagera ao dizer que as pessoas eram indiferentes ao holocausto durante sua infância? Você menciona que seus pais sofreram privadamente. Deve-se admitir que o tema era de difícil tratamento, e não só por parte dos sobreviventes. Vários anos se passaram até que o livro de Primo Levi, "É isso um homem?" fosse publicado na Itália. Uma biógrafa de Levi, Sylvie Braibant, notou: "O mundo não estava preparado para isso". Não lhe parece que a hesitação em lidar com o assunto possa ter tido outras motivações que não as políticas?

Finkelstein - Em geral é difícil lidar com o sofrimento. Ainda ontem à noite assisti a um excelente - pois honesto - documentário sobre o Vietnã, "Regret to Inform....", ("Sinto informar..."). Foi terrivelmente doloroso rever o horror colossal infligido pelos EUA ao Vietnã.

A questão interessante é por que certos horrores são lembrados, enquanto outros são esquecidos. Essa é uma questão política e não "humana".

iG Ler - Uma das principais críticas a seu livro é que ele é movido por vingança pessoal pelos problemas que sua mãe teve para receber a indenização de guerra. De fato, você parece estar com pressa de chegar ao que considero a parte principal de seu livro, ou seja, a crítica à elite judaica americana. Você afirma que a posição dessa elite com relação a Israel mudou por razões políticas após a Guerra dos Seis Dias em 1967, mas trata o tema muito brevemente. Não lhe parece que o livro trata de questões complexas de forma muito rápida, tornando-o um alvo fácil para críticas (que, dado o tema, viriam mesmo que o livro fosse perfeito)?

Finkelstein - O subtítulo do livro é "Reflexões sobre a exploração do sofrimento dos judeus". É uma intervenção modesta. No entanto, acho que o livro levanta questões importantes. Raul Hilberg considerou minhas teses basicamente corretas. Ele sugere que talvez eu devesse expandi-las em um outro livro. É pouco provável que eu vá fazê-lo.

Considero o livro um acerto de contas com os "publicitários" do holocausto que corromperam e rebaixaram a memória do sofrimento do povo judeu. É uma desgraça, um crime até. A indústria do holocausto é uma das maiores fomentadoras do anti-semitismo e da negação do holocausto no mundo hoje. Ela deve ser exposta, repudiada e banida da vida pública.

Se - como Hilberg tem reiterado - esses "camelôs" do holocausto estiverem implicados em chantagem e extorsão contra a Suíça, eles devem ser processados criminalmente.

iG Ler - Você afirma que a maior parte das críticas que seu livro tem recebido nos EUA é composta de ataques pessoais e não às suas idéias. Houve alguma crítica preocupada em debater apenas idéias? Qual foi a reação do público norte-americano ao livro?

Finkelstein - A única resenha séria de meu livro nos EUA foi feita por William Rubinstein em "First Things" (que pode ser lida no site de Finkelstein). O "New York Times" liderou o ataque pessoal, logo seguido pelo "Washington Post".

O propósito desses ataques dos principais jornais foi impedir a discussão pública do livro e alertar as bibliotecas para que não o comprassem. Parece que a campanha de vilanização deu resultado. Não fui convidado a participar de nenhum programa importante no rádio ou na televisão. O número total de resenhas escritas pode ser contado nos dedos.

Em compensação, a maior autoridade mundial no holocausto nazista, Raul Hilberg, tem continuamente elogiado meu livro em entrevistas.

iG Ler - Qual é a dificuldade de debater nos EUA um tema como o holocausto, quando se vai contra a corrente?

Finkelstein - Os EUA são o quartel-general da indústria do holocausto. Não surpreende, portanto, que qualquer crítica a essa indústria, ou seja, à exploração do sofrimento dos judeus para obtenção de ganhos políticos e financeiros, seja suprimida. Um livro documentando que chocolate dá câncer provavelmente seria banido na Suíça.

iG Ler - Qual foi a recepção do livro na Alemanha e em Israel? Houve uma diferença muito grande com relação à recepção nos EUA?

Finkelstein - Na Alemanha o livro provocou um debate nacional. 130 mil cópias do livro foram vendidas em duas semanas. Ele está em primeiro ou segundo lugar na lista de best sellers lá, bem como na Suíça e na Áustria.

A reação oficial da mídia alemã foi quase que completamente negativa. Já há dois livros em processo de impressão denunciando o meu livro. Outras obras, que me atacam menos que essas duas, mas são também bastante críticas, serão publicadas pela minha editora alemã, a Piper.

A reação do público, pelo que posso julgar pelos e-mails que recebo, é mais positiva. A Alemanha está sufocada pelo "politicamente correto" no que se refere ao tema holocausto.

Acho que muitos alemães estão gratos que um judeu finalmente tenha publicado o que quase todo mundo pensa privadamente: o negócio do holocausto fugiu do controle.

Em Israel houve pouca repercussão.

iG Ler - Você cita múltiplas fontes em seu livro. Considerando que o assunto atrai um grande número de pessoas fora do ambiente acadêmico e que não terão acesso a essas fontes, a leitura não fica prejudicada? Que tipo de público você pretendeu atingir?

Finkelstein - Minha intenção foi escrever o livro para o grande público, daí sua brevidade e aparato acadêmico modesto. Escrevi muitos livros nos quais o espaço reservado às notas é maior que o corpo do texto. Evitei conscientemente fazer isso nesse livro.

As linhas gerais de meu argumento são claras e as fontes em que me apoio suficientes para meus propósitos. Aliás, ainda não li nenhuma resenha que tenha discutido realmente meus argumentos e fontes. Em vez disso, tudo que ouço são conversas sobre "teorias conspiratórias", "judeu que se odeia", "negador do holocausto" e por aí vai.

A primeira regra de um bom advogado é: se você não pode responder a uma questão, mude de assunto.

iG Ler - Embora não seja o tema direto do livro "A Indústria do Holocausto", tem-se afirmado que você compara a situação do povo palestino hoje com a dos judeus na Alemanha nazista. É verdade? Em caso positivo, como você justifica essa posição?

Finkelstein - Como notei acima, há alguns aspectos que são comparáveis, outros não. Algumas semelhanças são bastante significativas, como, por exemplo, a meta de criar em Israel um país etnicamente puro, o uso extensivo de prisões administrativas, tortura e assim por diante.

Por outro lado, não há câmaras de gás ou assassinatos em série. Nesse caso as duas situações contrastam significativamente.

Em um nível moral eu não comparo sofrimentos: sofrimento é sofrimento. Essa é a herança que meus pais me deixaram. É o que eu mais admirava neles. Não pretendo abandonar esse nobre princípio moral.

iG Ler - Você está a par da polêmica criada na Alemanha pelo discurso (veja matéria ao lado) proferido pelo escritor Martin Walser ao receber o "Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães" em 1998, no qual ele externa uma opinião semelhante à sua sobre a instrumentalização do holocausto? Concorda com o ponto de vista dele?

Finkelstein - Sim, acho que ele está correto. De fato, acabei de receber um e-mail de um jovem alemão que afirma que aquilo que eu disse em minha recente visita à Alemanha ecoava o que Walser afirmou. A diferença é que eu sou judeu, de forma que posso me "livrar" do sentimento (da instrumentalização do holocausto).

A exploração do holocausto nazista e a coerção moral da Alemanha, são, francamente, um espetáculo nauseante. É tempo de todos os moralizadores "desses alemães" olharem para o espelho. A imagem não é bonita, se formos honestos conosco enquanto, digamos, norte-americanos.

iG Ler - Você afirma que há poucos historiadores do holocausto -Raul Hilberg seria um deles - com credibilidade. Você acredita que a polêmica gerada por seu livro possa mudar isso?

Finkelstein - Meu livro não pretende ser uma contribuição para o entendimento do holocausto nazista. Há excelentes historiadores trabalhando nesse campo. O propósito de meu livro é expor todas as bobagens que a "educação do holocausto" vem promovendo, que são, na verdade, propaganda pura - uma arma ideológica em uma ação política corrupta.

Fonte: IG
http://www.ig.com.br/paginas/igler/especiais/finkel/entrevista.html

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vaticano rejeita abertura de arquivos do Holocausto

CIDADE DO VATICANO - O Vaticano rejeitou hoje os pedidos de grupos judaicos pela imediata abertura dos arquivos secretos referentes aos anos do Holocausto durante o papado de Pio XII. A Santa Sé informou que será necessário esperar pelo menos mais seis anos antes que estudiosos possam consultar os arquivos. Historiadores e grupos judaicos exigem há anos a liberação dos documentos.

Líderes judeus e historiadores acreditam que Pio XII esquivou-se demais durante a Segunda Guerra Mundial da missão de salvar judeus da campanha de extermínio promovida por Adolf Hitler na Alemanha nazista.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, qualificou como ''compreensíveis'' os pedidos de consulta aos arquivos secretos da época, mas hoje divulgou comunicado informando que a catalogação dos cerca de 16 milhões de documentos deve durar ainda mais seis ou sete anos.

Fonte: AE/AP - Agencia Estado
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int269580,0.htm

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Ninguém pode imaginar o que é um campo de concentração"

David Moyano: no lenço, as cores da bandeira republicana espanhola

David Moyano lutou contra Franco na Guerra Civil Espanhola, combateu os nazistas com o exército francês na Segunda Guerra e sobreviveu a um campo de concentração alemão. Aos 86 anos, ele recebeu DW-WORLD.DE em Bruxelas.

"Vou usar um distintivo para que você saiba que sou espanhol", dissera David Moyano ao telefone, quando combinávamos um ponto de encontro na estação de trem de Bruxelas. "Não se preocupe, você vai logo ver que sou espanhol", assegurou, quando tentei obter mais detalhes.

Eis que me encontrava na abarrotada estação de Bruxelas, tentando identificar um espanhol no meio da massa de gente. O que distingue um espanhol dos outros? Nos campos de concentração nazistas, era o triângulo azul com um "S" que portavam sobre a camisa do uniforme. "S" de "Spanier", "espanhol" em alemão.

O espanhol ainda tem o lenço azul com o 'S' que indicava sua nacionalidade no campo de concentração de Mauthausen

No campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, onde Moyano ficou entre 1941 e 1945, o emblema salvou sua vida. Acusado de um furto tão insignificante quanto improvável, ele foi espancado pelos SS alemães até ser dado por morto. Inconsciente, foi largado às portas do crematório, um corpo na neve. Alguém viu o "S" em seu uniforme e, percebendo que estava vivo, avisou outros espanhóis. Os compatriotas o resgataram.

David Moyano sobreviveu a Mauthausen. Eu o encontrei, andando pela estação central de Bruxelas, com um lenço no pescoço. Era um triângulo azul com um "S" estampado. Reconheci-o imediatamente.

"Não sou um desertor"

Hoje, David Moyano tem 86 anos e vive em um residência belga para idosos que lhe custa toda a sua pensão, comenta indignado. Da França, ele ainda recebe uma pequena renda pelos tempos que lutou ao lado do Exército na Segunda Guerra Mundial, "e esta é toda para mim". Ele tira do bolso um saquinho de plástico para mostrar seu documento de ex-combatente e sua identidade de deportado político, herança de sua militância durante a Guerra Civil Espanhola. "Não preciso de passaporte. Quando vou à França, mostro isso e basta. Não me fazem mais perguntas", diz, orgulhoso.

Moyano sempre carrega seu documento francês de ex-combatente e deportado político

Moyano e os demais republicanos espanhóis são curiosos heróis que perderam todas as batalhas. Eles foram derrotados na Guerra Civil. Na Segunda Guerra Mundial, ainda que os melhores tenham vencido, a permanência do ditador Francisco Franco no poder fez o gosto de fracasso prevalecer. A Espanha de Franco os despiu de sua nacionalidade por terem lutado contra as tropas nacionalistas. E, no entanto, a convicção de haver arriscado a vida pelo justo e o correto lhes concede a aura de quem triunfou em cada batalha.

"Eu tinha acabado de completar 14 anos quando me alistei no exército republicano. Foi na 118ª bateria, e nos mandaram para o Campo da Bota." Lá deveriam estar forças da União Soviética, que havia se engajado no apoio às tropas republicanas no combate às forças nacionalistas de Franco. Mas os soviéticos já haviam recuado, e a bateria de Moyano foi substituí-los. Os aviões que vinham bombardeá-los tampouco eram espanhóis: eram alemães ou italianos, aliados da guerra de Franco.

A Guerra Civil Espanhola durou três anos, de 1936 a 1939. O apoio que o chamado "Movimiento Nacional" obteve dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália era o dobro do apoio oferecido aos republicanos pela União Soviética. Este não foi o único nem o principal motivo, mas os republicanos não puderam defender suas posições. "Eu tinha um tio no governo, e um dia ele me disse que naquela noite eles fugiriam, que eu não deveria voltar à bateria porque os falangistas estavam chegando. Mas eu não sou um desertor."

Da pátria perdida para a luta contra Hitler

O encontro com ex-companheiros na luta republicana foi registrado nesta foto

Mas a guerra estava perdida. David Moyano acabou atravessando a fronteira e se refugiando na França, como tantos outros. "Na França nos disseram: 'os que quiserem juntar-se a Franco, fiquem à direita; os que quiserem ficar aqui, à esquerda.' Os que foram para a direita foram mandados para a Espanha. Já nós ficamos, com a República."

A Segunda Guerra Mundial acabara de começar e o exército francês pediu voluntários para lutar contra a Alemanha nazista. Moyano e seus companheiros ingressaram no Batalhão Alpino. "Fomos para a montanha construir uma estrada militar e tínhamos que ir até a fronteira com a Itália. Ha ha ha! Aquilo era o máximo! Éramos todos jovens e valia a pena fazer tudo aquilo."

Após a queda da Linha Maginot, os nazistas ocuparam a França

"Mas então nos mandaram para a Linha Maginot." A Linha Maginot deveria proteger as fronteiras francesas, mas quando foi quebrada pelos nazistas, em 1940, o caminho para Paris ficou escancarado. "Estávamos rodeados. Nosso capitão disse 'salve-se quem puder', e nós, que éramos só algumas dúzias, fugimos para a montanha. Acho que eu me tremia dos pés à cabeça de medo dos alemães."

Na Linha Maginot, Moyano e seus companheiros foram aprisionados. No dia 25 de janeiro de 1941, eles foram deportados para o campo de concentração Mauthausen, perto da cidade de Linz, na Áustria. "Eu me lembro bem, porque o dia que nos fizeram ir à estação e disseram que não tínhamos que levar nada porque nos dariam roupas no lugar para onde iríamos, era meu aniversário."

Em casa, o passado do campo de concentração nas paredes

David Moyano entre as recordações do passado que guarda em casa

"Rendezvous", escreveu Moyano no calendário, marcando o dia para o qual nosso encontro estava marcado. O "rendezvous" era eu. Custa-lhe lembrar as coisas atuais; a memória, ele a guarda para não se esquecer do passado. No presente, Moyano vive com sua mulher num asilo, num pequeno apartamento. Um banheiro, uma pequena cozinha, uma sala e um quarto de dormir. A porta que dá para o corredor está sempre aberta, e por lá circula sem cessar um exército de enfermeiras.

A casa de Moyano parece um museu de Mauthausen. Em cada canto há uma foto, um recorte de jornal, um livro sobre o campo de concentração. Ele passou quatro anos em Mauthausen, que ficou conhecido como "o campo dos espanhóis". Sete mil de seus compatriotas foram deportados para lá. Mais de 4.300 morreram. "Ninguém pode imaginar o que é isso", diz, e conta histórias que mostram o quão dramáticos podem se tornar o frio e a fome.

A escada da morte: os prisioneiros carregavam blocos de pedra por seus 186 degraus e 31 metros

Os nazistas escolheram aquela região para construir Mauthausen, conta ele, porque "a pedra lá era boa". Os presos extraíam granito de uma pedreira, e a rocha era então usada para recobrir ruas de Viena e de cidades alemãs. Com os blocos de pedra nas costas, eles subiam a escada da morte: 31 metros e 186 degraus. Os SS se divertiam ao fazê-los cair.

"Eu sobrevivi ao campo porque era jovem, e porque não passei todo aquele tempo na pedreira", diz Moyano. Quando as tropas norte-americanas libertaram Mauthausen, em 5 de maio de 1945, ele já não trabalhava no campo. Alguns presos eram enviados a fábricas vizinhas para servir de mão-de-obra gratuita.

"Estou morto para a Espanha"

Heinrich Himmler, comandante-chefe das SS, em visita a Mauthausen

"Depois da guerra, fomos obrigados a ir para a França", lembra Moyano. "Lá nos trataram bem, fomos atendidos por médicos. Eu tinha perdido alguns dentes nas derrotas e tinha sido operado de uma úlcera em Mauthausen. O médico me perguntou onde eu tinha sido operado, e eu respondi que no campo de concentração. Ele já não disse mais nada."

O médico certamente terá pensado no mau hábito nazista de fazer experimentos médicos com presos no campo de concentração. Mauthausen ficou especialmente conhecido por esta prática.

Moyano guarda livros e fotos sobre Mauthausen; na foto, um preso sendo levado para a execução

Depois da Segunda Guerra Mundial, a França se encarregou da maior parte das vítimas espanholas do nazismo. A Espanha, que não havia feito nada para impedir o envio de seus cidadãos para campos nazistas, aprovou, em 1951, um decreto que os despia definitivamente de sua nacionalidade espanhola. Os afetados foram todos aqueles que haviam sido deportados, ou os que haviam lutado com os exércitos aliados na Segunda Guerra e as chamadas "crianças da guerra" – os menores que a República havia mandado para fora do país durante a Guerra Civil Espanhola para que permanecessem a salvo.

Recuperado de seus anos no campo de concentração, Moyano se mudou para a Bélgica, onde enfim teve tempo para aprender a ler e a escrever. Hoje, é eletricista aposentado e cidadão belga. Na Espanha, as leis que anularam sua nacionalidade permanecem vigentes. "Da Espanha, não espero nada", diz. "Estou morto para eles."

Luna Bolívar Manaut (jc)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3649025,00.html

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Israel critica intenção da Igreja de beatificar papa Pio 12

Pio 12: silêncio sobre o Holocausto

Beatificação de Pio 12 causa indisposição entre o Vaticano e Israel, devido à controversa atuação do papa durante o Holocausto.

No Memorial Yad Vashem, em Jerusalém, no chamado "Salão da Vergonha", há uma foto de Pio 12 (1939–1958). Um quadro de informações chama a reação do então papa ao assassinato de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial de "controversa".

"Mesmo quando notícias sobre a morte dos judeus chegaram ao Vaticano, o papa não protestou, nem de forma verbal nem escrita. Em dezembro de 1942, ele optou por se distanciar, não assinando uma declaração dos Aliados na qual se condenava o extermínio dos judeus. Quando os judeus foram deportados de Roma para Auschwitz, o papa não fez nada", pode-se ler entre as informações disponíveis.

Beatificação inaceitável?

No mais tardar desde o convite do presidente Shimon Peres ao papa Bento 16 para que este visitasse Israel, debate-se publicamente a respeito do papel desempenhado por Pio 12 em relação ao Holocausto. A discussão se torna ainda mais acirrada quando se fala em beatificar o referido pontíficie. Isaak Herzog, ministro israelense de Assuntos Sociais, afirmou na última sexta-feira (24/10), em entrevista ao jornal Haaretz, que a beatificação é "inaceitável".

Registro oficial dos prisioneiros de Auschwitz, no Museu Yad Vashem

"Depois de uma audiência com este papa, em Roma, meu avô sentiu necessidade de uma mikvá [banho ritual judaico de purificação]", diz Herzog, neto do primeiro rabino-chefe de Israel, que se encontrou com Pio 12 em 1943, numa tentativa fracassada para pedir que o papa intercedesse em prol da salvação de judeus húngaros.

Abertura de arquivos

O Vaticano revida as críticas, afirmando que o assunto é de ordem interna da Igreja Católica e não de interesse público. O padre Peter Gumpel chegou a declarar à imprensa italiana que Bento 16 não poderia visitar Israel antes que a foto de Pio 12 e os comentários sobre ele fossem retirados do Memorial Yad Vashem. Segundo ele, seria difícil para os católicos saber que Bento 16 estaria visitando um museu "onde um de seus antecessores é difamado injustamente". Gumpel, por sua vez, está envolvido no processo de beatificação de Pio 12.

Dan Michmann, especialista israelense em questões ligadas ao Holocausto, ressalta que "se a Igreja Católica beatificar Pio 12, o problema não será nosso". Michmann, no entanto, exige, neste contexto, que o Vaticano abra completamente seus arquivos. "Somente um acesso irrestrito a toda a documentação do período poderia influenciar os resultados das pesquisas feitas até agora sobre o assunto", completa.

Um papa que se calou?

Uma das razões da atual discussão é a publicação de uma pesquisa sobre Pio 12 e seu suposto silêncio frente ao extermínio dos judeus. Dois historiadoes italianos esclarecem, a partir de documentos britânicos, que Pio 12, em 1943, fez declarações que demostravam sua indiferença em relação à então iniciada deportação dos judeus de Roma.

Memorial Yad Vashem: lembrança às vítimas do Holocausto nazista

Esses documentos, revida Gumpel, já são há muito conhecidos e foram desmentidos. Além disso, Gumpel afirma que o encontro a que se refere a documentação aconteceu dois dias antes da invasão do gueto de Roma pelas tropas nazistas SS e não dois dias depois.

Pontificado controverso

Um grupo de teólogos católicos e membros do grupo Diálogo Cristão-Judaico defende uma interrupção no processo de beatificação de Pio 12. Um documento assinado por nove professores universitários dos EUA, Reino Unido e Bélgica lembra que o pontificado de Pio 12 desencadeou "controvérsias consideráveis".

Segundo os especialistas, o papa condenou os efeitos da guerra para as vítimas inocentes, não tendo, porém, citado diretamente a perseguição dos judeus. Os professores ressaltam a necessidade de que o Vaticano libere o acesso a mais documentos, a serem analisados pelos "melhores pesquisadores desta área".

Por ocasião dos 50 anos de morte de Pio 12, o atual papa Bento 16 defendeu a continuação do processo de beatificação de Pio 12, iniciado nos anos 1960. O decreto final que beatifica o ex-papa ainda se encontra nas mãos de Bento 16 para ser assinado. (bb / sv)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3745119,00.html

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Abortado plano neonazi para matar Barack Obama e realizar massacre no Tennessee

Skinheads planeavam massacre no Tennessee

A justiça norte-americana revelou ter descoberto um plano de militantes neo-nazis para matar 108 jovens afro-americanos e atentar contra a vida do candidato presidencial Barack Obama

Segundo a agência Associated Press, agentes federais interceptaram em Jackson, no Tennessee, dois homens militantes da extrema-direita norte-americana que se preparavam para atacar uma escola secundária de maioria negra.

Aí, tencionavam matar a tiro 88 jovens afro-americanos e decapitar outros 14 - '88' e '14' são, de resto, números simbólicos na ideologia neo-nazi - antes de prosseguir uma campanha homicida que incluía Barack Obama como alvo

Os suspeitos são Daniel Cowart, de 20 anos, e Paul Schlesselman, de 18 anos. O último é de West Helena, no Arkansas, uma das localidades mais pobres dos Estados Unidos, onde a maioria da população é negra.

A gravidade da ameaça foi sublinhada pelas autoridades. «Ambos os indivíduos afirmaram que sabiam que iam morrer, e que estavam dispostos a morrer na sua tentativa», assegura Jim Cavanaugh, da agência federal de controlo de armas.

O alvo final da conspiração seria Barack Obama, o candidato presidencial democrata, apesar das autoridades acreditarem que os envolvidos no plano não teriam capacidade para atingir o político afro-americano.

«Mesmo que não passasse de uma tentativa, ia haver um mar de lágrimas no Sul dos Estados Unidos», afirmou Cavanaugh.

Com a detenção dos suspeitos deu-se também a apreensão de armas, cordas, máscaras de ski e indumentária pronta a ser usada na operação.

Fonte: SOL(Portugal)/AP
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=114822&tab=community
Foto: Obama na Alemanha(Deutsche Welle)

Foto dos acusados(Cowart e Schlesselman):
http://www.estadao.com.br/internacional/not_int268276,0.htm
http://www.livenews.com.au/Articles/2008/11/14/Skinhead_wants_Obama_assassination_charge_dismissed_jury_too_black

Alemães que protegiam judeus ganham memorial em Berlim

Berlim, 27 out (EFE).- Os civis alemães que deram refúgio aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e arriscaram com isso suas vidas ganharam hoje o chamado Memorial aos Heróis Silenciosos, em Berlim.

No centro inaugurado hoje são documentadas as vidas de 250 alemães que esconderam judeus perseguidos pelo Terceiro Reich, para evitar, portanto, que fossem deportados a campos de concentração e fossem vítimas do Holocausto.

O número de vidas salvas por esses heróis se estima em cinco mil, das quais 1.700 viviam em Berlim, informou hoje o diretor do Memorial da Resistência Alemã, o analista político Johannes Uchel.

Em 2004, a Fundação Resistência Alemã adquiriu o edifício na Rua Rosenthaler, onde o industriário Otto Weidt tinha uma oficina, na qual trabalharam pessoas cegas sob sua proteção durante o Nazismo.

Tuchel explicou hoje que muitos dos chamados heróis silenciosos se mantiveram no anonimato até agora "por modéstia".

De fato, quase 65 anos depois da capitulação nazista que pôs fim à Segunda Guerra Mundial, fica mais difícil localizar os protagonistas do capítulo mais negro da história alemã.

A exposição será ampliada nos próximos anos com os destinos de outros heróis europeus.

Fonte: EFE/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL838559-5602,00.html
Ver também: Salvadores Alemães
http://holocausto-doc.blogspot.com/search?q=salvadores+alem%C3%A3es

domingo, 26 de outubro de 2008

Historiador alemão afirma que nazistas queriam colonizar a Amazônia

LONDRES - Dirigentes do Terceiro Reich tinham planos de fundar na Amazônia uma colônia baseada nos ideais nazistas de Adolf Hitler, povoando a região com arianos puros, segundo afirma o historiador alemão Jens Glüssing em seu livro "O Projeto Guinea: uma Aventura Alemã na Amazônia" (em tradução livre).

Glüssing se baseia principalmente no descobrimento do túmulo de Joseph Greiner, funcionário nazista ligado ao antigo Centro Alemão de Pesquisas, morto em 1936 na região Amazônia, vítima de febre amarela.

De acordo com os trechos do livro publicados hoje pelo jornal britânico Daily Mail, o corpo de Greiner estaria enterrado sob uma cruz com uma suástica no topo, em um terreno próximo ao rio Jari, que banha os estados do Pará e do Amapá e deságua no rio Amazonas.

Oficialmente, Greiner estava na região para recolher e catalogar espécies animais e vegetais presentes na Guiana Francesa. Mas Glüssing defende que o objetivo era outro.

Pra prová-lo, o historiador cita um relatório do então chefe do Centro de Pesquisas, Otto Shulz-Kampfhenkel, que afirma: "A Amazônia e a Sibéria são as duas maiores regiões desabitadas e mais ricas em recursos naturais do mundo, regiões que oferecem ao povo ariano a possibilidade de emigrar e de se instalar com êxito".

"Para a raça branca mais avançada, [a Amazônia] oferece possibilidades de exploração extraordinárias", completou o cientista nazista, destacando a "inferioridade" dos povos autóctones.

O historiador argumenta que o projeto não foi levado adiante por causa dos projetos expansionistas de Hitler na Europa, que culminaram na eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Agência Ansa/IG
http://educacao.ig.com.br/noticia/2008/10/24/historiador_alemao_afirma_que_nazistas_queriam_colonizar_a_amazonia_2067478.html
Foto: http://www.mountainfilm.com/2005/download/fotos/018_Amazonia%20Vertical_01.jpg

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Uma Europa sem judeus

Por Fernando R. Genovés

A história da Europa constitue um dramático testemunho de como alguns povos muito antigos e orgulhosos são capazes de provocar problemas gravíssimos, de origem interna mas com alcance exterior e mundial, e sem depois resolvê-los convenientemente. No geral, deixam-nos latentes e inconclusos, jacentes e dormentes, com a confortável e contemplativa certeza de que, finalmente, serão outros, os de sempre, quem os solucionarão. Por exemplo, que fazer com os judeus.
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No ano de 1922 Hugo Bettauer escreveu a novela premonitora "A cidade sem judeus" (Die Stadt ohne Juden). Ali fantasiava o autor com uma especulação demasiada presente e profundamente arraigada no subconsciente, e outros subterrâneos, da sociedade vienense, representativa por sua vez das pulsões que agitam há séculos em muitas cidades da Europa. Eis aqui o quadro expresionista descrito: de pronto, na barroca e colorida capital do império austrohúngaro se decreta, através de uma sentença legal e "democrática", avalizada pelo Parlamento, a expulsão geral dos judeus da cidade.

Desta maneira, reduzindo ao absurdo uma añeja lógica cultural, a européia, a realidade circunscrita adquire sua autêntica face. Que restará das sociedades e cidades modernas e civilizadas da Europa, como Viena ou Berlim, se de repente os judeus fossem riscados do mapa? Muito simples, a vida urbana adquire uns tons sépia, entre o cinza e o negro, um fundo de claro-escuro, con tingimentos inconfundiblemente provincianos. Os Graben, relata Bettauer, perdem sua tradicional elegância, e tudo adota em suma um ar aldeano, entre tirolês e bávaro, de postal de feira bovina. As autoridades locais, alarmadas ante semelhante deterioração, decidem voltar atrás e repôr o israelita de volta em seu lugar. Mas não por acaso já seria demasiado tarde.

Que fazer com os judeus? Que fazer sem eles, seus aliados e amigos? Como se desmarcar dos americanos e constituir um continente frente a uns e outros? Que relações perigosas, que horizontes distantes, deve buscar apressuradamente a Europa para frear, e ainda neutralizar, estas pressentidas ameaças para seu ser alterado e sua identidade consumida, produto curiosamente de un excesso de ensimesmamiento, de deleite em seus própios fantasmas? Hoje a Europa simboliza uma alma em pena que se tem negado a si mesma, que tem renegado as suas mais férteis constituintes, proveitosas heranças e fiéis companhias, para abandonar-se nas mãos de seus próprios executores. Sacrificada e resignada, espera seu acabamento. Enquanto isso tanto vão adiante algumas vítimas propiciatórias com as que aliviam a voracidade do ogro devorador. A sorte está lançada.

O ovo da serpente volta a se incubar. Uma Europa sem judeus e sem americanos. Isto é possível? Vale a pena fazer experimentos e brincar com fogo, outra vez? Como conseqüência cabal ofender e irritar a nosso principal sócio até fazer com que ele perca a paciência? Hoje, falar de "União Européia" supõe uma flagrante contradição nos termos: "O que une a Europa hoje é o repúdio à guerra, do hegemonismo, do antissemitismo e, pouco a pouco, de todas as catástrofes que foram fomentadas, de todas as formas de intolerância ou de desigualdadeque que foram desenvolvidas" (Alain Finkielkraut, no "O nome do Outro". Reflexões sobre o antissemitismo que está por vir).

Europa, a rigor, não tem um problema com os judeus. Tampouco existe, falando em propriedade, uma "questão judia". A asfixiante demonização do judeu e de Israel comporta na prática uma atitude tão homicida como suicida. Acaso se trate simplesmente disso. O problema da Europa, entre outros que ela mesmo estimula, é o antissemitismo. A questão palpitante, portanto, é a "questão européia".

Ainda assim, aceitamos os usos mais comuns, a espera de ventos lingüísticos mais favoráveis, e, com face em André Glucksmann em seu ensaio "O discurso do ódio", atendamos a nosso assunto a partir da descrição das "três questões judias" que tem ocorrido na Europa como um espectro.

A primeira e mais antiga questão: o judeu molesta. Sua presença incomoda, porque não acaba nunca de desaparecer do todo, e sua ausência inquieta, porque se espreita, pois no fundo se espera e teme. Seja em termos religiosos ou populares, na consciência cristã o judaísmo pesa como um maçante, incômodo e impertinente, uma 'old religion' que não acabou de aceitar a novidade, a boa nova, traída pelas Sagradas Escrituras; um estrangeiro em sua própria casa, demasiado intelectual e tenaz, demasiado obstinado; um alter-ego desnecessário e caprichoso, a quem é preciso exigir-lhe que renuncie a seu empenho pertinaz e se contraia definitivamente, ou que se vá com sua conversa para outra parte. Mas, para onde?

A segunda questão judia remete precisamente ao tema da suposta "emancipação", a qual passa por que os judeus deixem de andar como errantes de cá para lá, atravessando fronteiras e culturas nacionais, pondo em evidência a própria inconsistência européia, e se fixem e se assimilem no interior dos Estados modernos europeus. Este processo ocorre na Europa a partir da Revolução francesa, no calor das transformações políticas e sociais produzidas durante o período das revoluções liberais.

Que o judeu, pois, assimile-se e seja "nacionalmente europeu", nação por nação, com particular acatamento do que foi dado, esquecendo, como apontou Hannah Arendt, algo primordial: "Os judeus eram o único elemento europeu numa Europa dividida em nações". Resultado: imenso fracasso. Um exemplo: as doutrinas racistas e antissemitas surgem precisamente na França, a emancipadora, a revolucionária França.

A terceira questão judia, segundo a descrição de Glucksmann, deviene das duas anteriores e se atasca no ponto morto já presagiado. No presente, a "questão judia" não é proveniente já da ordem teológica cristã do mundo, nem da pressão interna dos Estados-nações com vistas na assimilação ou "simbiose" do judeu com os corpos nacionais instituídos (ou seja, com os pressupostos do nacionalismo mais rançoso, inimigo de morte do universalismo e do cosmopolitismo). É proveniente, na mudança, do ancestral e incombustível ódio antissemita, que foi provado todo anteriormente (inclusive Auschwitz) e decide agora afrontar o tema de frente, novamente.

Aos judeus, não lhes são suportados, nem dentro dos Estados nacionais e em sua própria pátria, nem dentro nem fora. Se se afincam na França, são pouco franceses; se na Alemanha, falsos alemães. Se escasseiam na Espanha ou Japão, "antissemitismo sem judeus". Se fundam Israel e desejam viver em paz, liberdade e segurança dentro de suas fronteiras, ganhado ao deserto e ao bandoleiro com esforço e valor, o sionismo espanta e lhe é apelidado de genocida. As vítimas, para a consciência desgraçada mundial, têm de pagar o preço da dor e do sacrifício para maior glória do carrasco (doutrina da ONU); devem renunciar à memória e a seu passado, deixar de existir, única forma de que termine a eterna canção, a maldita reclamação.

Eis aqui a lógica imposta no coração da velha Europa: antes de Auschwitz eles são abandonados nas mãos de seus executores; depois de Auschwitz eles são condenados ao silêncio. Única saída: a extinção.

Na realidade, a manuseada história da assimilação judeus-Europa não é senão uma imensa farsa. Uma brincadeira na conta de um povo condenado de antemão. Ou uma "revanche póstuma" e um perverso "mal-entendido", como mostra com grande oportunidade e sutileza o livro de Enzo Traverso "Os judeus e a Alemanha".

Ensaios sobre a "simbiose judaico-alemã" (Pre-Textos, 2005), traduzidos para o espanhol em recente e cuidada edição por Isabel Sancho García.

Houve, com efeito, uma cultura judaico-alemã de grande relevância, nascida de um ânimo de assimilação, o que se supôs em grande medida à secularização de boa parte do espírito judeu e a apropiação do universo cultural alemão. Mas este processo não adotou em nenhum momento a forma de um diálogo entre dois povos, de uma "simbiose judaico-alemã", senão de um "monólogo judeu". Ou, como adverte com sagacidade Isabel Sancho no prólogo do texto mencionado: mais que simbiose, para reproduzir fielmente a situação, seria mais exato falar de “parasitismo”, quer dizer, exprimir todo o potencial intelectual e humano de um povo ao que se oferece, se acaso, a cidadania, mas jamais a nacionalidade, para logo se prescindir dele.

Como quer que fosse, o estatuto intelectual no seio da sociedade alemã, principalmente durante os anos 20 e 30 do século XX, ficou reduzido à duas figuras centrais da modernidade judia: o pária e o ambicioso. Duas modalidades de existência da judeidade no interior de um mundo cultural, de uma cultura nacional, da qual se está excluída a priori e na qual não é possível síntese alguma.

Eis aqui, acrescenta Traverso, "o paradoxo de um país que viveu primeiro a 'perfeição da assimilação' e logo o 'aniquilamento sistemático' dos judeus". Eis aqui, com efeito, a paradoxo de um país, mas assim mesmo a parábola tenebrosa de um velho continente que insiste em renunciar a um de seus mais importantes potenciais, garantia provada de universalidade e de racionalidade. O que diz o historiador britânico Paul Johnson, no geral, da mente humana em sua imprescindível "História dos judeus" poderia se aplicar, estritamente, à cultura européia: "Sem os judeus, esta poderia ter sido um lugar muito mais vazio".

Um lugar sem Heinrich Heine e Karl Marx, Franz Kafka e Sigmund Freud, Edmund Husserl e Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, Eric Fromm e Franz Neuman. Sem Walter Benjamin, Ernst Bloch e George Lukács, Alfred Döblin e Kurt Tucholsky. Sem Arnold Schönberg e Gustav Mahler, Siegfried Kracauer e Karl Mannheim, Karl Kraus e Joseph Roth. Sem Mendelsshon e Ernst Kantorowicz. Sem Hanna Arendt e Rosa Luxemburgo, Han Jonas e Karl Lowitiz. Sem Oppenheimer e Einstein. Sem Henry Kissinger, Hermann Broch e Mary MacCarthy. Sem Elias Canetti e Saul Bellow. Sem Arthur Schanbel e Arthur Rubinstein. Sem Ernst Lubitsh e Billy Wilder, Max Ophüls e Alexander Korda, Peter Lorre e Elizabeth Bergner, Pola Negri e Conrad Veidt. Sem Charles Chaplin. Sem os irmãos Marx.

Muitos destes judeus europeus emigraram para os Estados Unidos para poder ali começar uma nova vida, uma vida em liberdade e plena criatividade, uma ida que o velho continente, suas nações de origem, negavam-lhes. Estados Unidos sem judeus? Uma Europa sem judeus? Sem este legado, aqui só resumido, imagine-se, enfim, um mundo sem judeus.

Fonte: Libertad Digital
http://revista.libertaddigital.com/una-europa-sin-judios-1276230410.html
LIBREPENSAMIENTOS; Una Europa sin judeus
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As contradições do nazismo - sucessor de Haider diz que ele era 'o homem de sua vida'

Sucessor de Haider diz que ele era 'o homem de sua vida'
Líder da extrema direita austríaca morreu em acidente de carro há uma semana.

O novo chefe do partido de extrema-direita da Áustria vem causando polêmica no país depois de dar a entender que mantinha um relacionamento homossexual com Jörg Haider, o ex-líder do partido que morreu em um acidente de carro no último dia 11.

Stefan Petzner, de 27 anos, era protegido do político e deu uma série de entrevistas emocionadas após a morte de Haider.

No último domingo, em um programa de rádio, Petzner disse que a relação entre os dois ia muito além de uma simples amizade.

"A ligação entre mim e Jörg era muito especial. Ele era o homem da minha vida", afirmou o novo líder do partido Aliança para o Futuro da Áustria (Bündnis Zukunft Österreichs, ou BZÖ, em alemão).

O político foi além e sugeriu que a esposa de Haider, Claudia, não se opunha à relação entre os dois.

As revelações de Petzner alimentaram uma série de rumores sobre a noite da morte de Jörg Haider.

De acordo com testemunhas, os dois teriam discutido na festa de lançamento de uma revista de celebridades. Haider dirigiu-se depois para um bar da cena gay da cidade de Klagenfurt, onde tomou uma garrafa de vodca, acompanhado de um jovem desconhecido.

Horas mais tarde, Haider sofreu um acidente fatal, com volume de álcool no sangue mais de três vezes acima do permitido pelas autoridades austríacas.

A morte de Haider provocou uma série de mudanças na estrutura do BZÖ. Além de chefe do partido, Petzner estará também no Parlamento como um dos representantes do BZÖ - cuja fração será liderada no Congresso pelo ex-tesoureiro do partido, Josef Bucher.

Nesta quinta-feira, o Estado da Caríntia, que era governado por Haider, também escolheu o novo governador: Gerhard Dörfler, também do BZÖ.

Fonte: BBC Brasil/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL833300-5602,00.html
Na foto: Stefan Petzner e Jörg Haider

Pequeno comentário sobre a notícia: é sabido que o nazismo e seus congêneres são extremamente homofóbicos(odeiam homossexuais), não deixa de ser uma revelação bombástica a contradição ideológica e a vida dupla dos extremistas de direita do FPÖ mostrando cabalmente a demagogia de suas posições discursos políticos. Ao mesmo em que discriminam são repletos de contradições internas entre seus próprios membros e líderes. O partido FPÖ austríaco é o partido neonazista ou de extrema-direita daquele país, apesar de não adotar siglas ou nome diretamente alusivo ao nazismo(nacional-socialismo), essa camuflagem é um artifício que partidos nazi-fascistas usam para confundir o eleitorado de seus respectivos países e não serem automaticamente associados ao passado de sangue e destruição do nazi-fascismo apesar de defenderem a xenofobia contra imigrantes abertamente.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Paródia sobre nazismo pretende acabar com tabu alemão

BERLIM (Reuters) - Uma sátira ao nazismo feita na Alemanha parodia o épico de 1981 "O Barco, Inferno no Mar" ao tentar provar que o Terceiro Reich deixou de ser um terreno proibido para os comediantes alemães.

No "U-900," do diretor Seven Unterwaldt, o comediante Atze Schroeder interpreta um alemão obrigado a fugir da Alemanha nazista depois de ter sido flagrado com a filha de um figurão nazista, cuja vida ele mais tarde consegue salvar ao sequestrar o "U-Boot 900" (submarino 900).

A paródia, que estréia em toda a Alemanha na quinta-feira, não é a primeira tragicomédia a tratar dos nazistas.

No ano passado, o filme "Mein Fuehrer - The Truly Truest Truth about Adolf Hitler", (Mein Fuehrer - a verdade mais verdadeira sobre Adolf Hitler), do diretor judeu Dani Levy, foi duramente atacado pela crítica mesmo que, surpreendentemente, tenha saído-se bem nas bilheterias.

A sátira sobre Hitler atraiu a atenção dos meios de comunicação porque, sem meias palavras, retrata o ditador nazista como um drogado dado a urinar na cama.

Schroeder, um ex-dono de banca de jornal que recentemente se transformou no mais popular comediante alemão do tipo "stand up", disse estar ciente do trauma existente no país em relação ao Holocausto.

"Fazer troça dos nazistas -isso é algo nobre para um comediante mesmo que nestes dias e neste momento", afirmou o ator à revista alemã TV Spielfilm.

"Não se trata de dar uma aula de história, mas de fazer piada com um cara que consegue se safar de todas as encrencas imagináveis."

Ao longo dos 60 anos de culpa e vergonha pelos crimes nazistas cometidos por seus avós, os alemães acostumaram-se a identificar a história com algo doloroso e os cineastas evitaram retratar de forma dramática o passado recente. A era nazista foi deixada a cargo dos documentaristas.

"O Barco", de Wolfgang Petersen, um premiado filme sobre a malfadada tripulação de um submarino, representou uma rara exceção até que a proibição auto-imposta começou a ruir, em 2004, ano de lançamento de "A Queda". Desde então, os alemães realizaram outros filmes sobre a era nazista.

Schroeder navegou ele próprio nessas água em seu programa humorístico, com um episódio chamado "Schroeder's List" (a lista de Schroeder), uma paródia do filme de Steven Spielberg, de 1993, "A Lista de Schindler".

Fonte: Reuters/Brasil Online
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/10/09/parodia_sobre_nazismo_pretende_acabar_com_tabu_alemao-548634495.asp

Alemanha entrega a Israel lista de vítimas perseguidas pelo regime nazi

Documento contém nomes de 600 mil judeus que viveram ou passaram pelo país

A Alemanha enviou hoje ao memorial israelita de Yad Vashem, onde são recordadas as vítimas do Holocausto, uma lista com os nomes de 600 mil judeus perseguidos pelo regime nazi em território nacional, naquela que é a primeira iniciativa do género por parte das autoridades germânicas.

A lista foi elaborada pela Fundação Memória, Responsabilidade e Futuro (EVZ) que ao longo dos últimos quatro anos vasculhou arquivos federais, regionais e locais, dos dois lados da antiga cortina de ferro que até 1990 dividiu em dois a Alemanha, noticia a AFP.

Em declarações aos jornalistas, Martin Salm, responsável daquela fundação disse que o resultado deste trabalho “é mais do que uma lista de nomes ou um reportório de habitantes. É um memorial daqueles que foram assassinados ou obrigados ao exílio”.

A lista, entregue hoje a Avner Shalev, director do Yad Vashem, inclui os nomes e moradas dos judeus que residiam na Alemanha entre 1933, altura em que Adolf Hitler subiu ao poder, e o final da II Guerra Mundial, em 1945. No documento, são apresentados as datas da sua detenção, deportação para os campos de concentração na Polónia ou os detalhes disponíveis sobre o momento em que partiram para o exílio. Em alguns casos, os investigadores conseguiram encontrar a data em que as vítimas foram mortas.

“Esta foi a primeira vez que todas as fontes [de informação] foram exploradas sistematicamente”, sublinhou o responsável pela investigação, acrescentando que a lista, que será também disponibilizada a outros arquivos e museus, facilitará o trabalho dos historiadores e de investigadores privados.

Segundo dados oficiais, entre 500 e 550 mil judeus viviam na Alemanha antes da subida ao poder de Hitler mas quando o regime nazi foi derrotado resistiam apenas alguns milhares no país. A fundação explica que a lista inclui também o nome de judeus que passaram pela Alemanha a caminho do exílio, como aconteceu a milhares de russos que emigraram para os EUA.

Criada em 2000 pelo antigo chanceler alemão Gerhard Schroeder com o objectivo inicial de identificar e indemnizar as vítimas de trabalhos forçados do regime nazi (trabalho concluído em 2007), a fundação EVZ tem desenvolvido outros projectos considerados de interesse para os sobreviventes e famílias das vítimas do Holocausto.

Fonte: AFP/Público(Portugal, 22.10.2008)
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1347089&idCanal=11

Exército dos EUA investiga caso de anti-semitismo

Savannah - Oficiais do Exército norte-americano em Fort Benning, no Estado da Geórgia, estão investigando as denúncias de um soldado judeu que afirma ter sido espancado após ter reclamado de discriminação religiosa. O soldado Michael Handman, de Atlanta, acusou outro soldado de lhe ter dado murros na cabeça e espancado até a inconsciência, sem nenhuma provocação, em 24 de setembro. Handman está no hospital, em tratamento.

Handman escreveu aos seus pais antes do ataque e disse que sofria discriminação. Ele disse que um sargento usou palavras anti-semitas e outro ordenou que ele retirasse o solidéu na sala de refeições. A porta-voz de Fort Benning, Monica Manganaro, diz que um soldado foi detido sob suspeita de ter atacado Handman, mas não foi acusado do incidente. Ela disse que os investigadores não acreditam que o ataque tenha sido motivado por preconceito religioso.
(AE-AP)

Fonte: Agência Estado
http://www.ae.com.br/institucional/ultimas/2008/out/03/3400.htm

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Direita radical em marcha na Europa - Extrema-Direita semeia o caos em Budapeste

Extrema-Direita semeia o caos em Budapeste

Após duas manifestações pacíficas contra o racismo 200 ultranacionalistas enfrentaram a Polícia

Cerca de duas centenas de elementos conotados com a Extrema-Direita da Hungria semearam o caos na cidade de Budapeste, logo após a realização de duas manifestações pacíficas contra o racismo.

Os extremistas enfrentaram a Polícia, atacaram estabelecimentos comerciais e dependências bancárias em resposta às duas manifestações pacíficas que se tinham realizado, pouco antes, na capital húngara, contra a discriminação, o racismo e o antisemitismo.

As marchas - convocadas pelo movimento Carta Democrática e organizações de defesa da população cigana - reuniram cerca de 4500 pessoas, anteontem, frente ao Parlamento, sem que se tenham registado quaisquer incidentes. O referido movimento surgiu no passado dia 6 de Setembro e congrega personalidades políticas, artistas e intelectuais com o objectivo de lutar contra a discriminação social e o racismo. A sua formação está associada à indignação provocada pelos ataques da extrema-direita contra o desfile do Orgulho Gay, em Budapeste, no passado mês de Junho.

Como forma de oposição às manifestações, cerca de um milhar de extremistas nacionalistas juntaram-se a cerca de dois quilómetros da sede do Parlamento, na Praça dos Heróis. No final da concentração, entre 150 a 200 participantes em protesto atacaram um monumento soviético erguido no final da Segunda Grande Guerra e enfrentaram a Polícia, que dispersou os manifestantes com granadas de gás lacrimogéneo.

Entre as várias mensagens dos ultranacionalistas contam-se a "Hungria pertence aos húngaros" e a necessidade de luta contra o "conplôt judaico-cigano". Anunciaram, ainda, que nas próximas eleições legislativas, que terão lugar em 2010 (as segundas após a entrada no país na União Europeia, em 2004), o seu partido alcançará os 5% dos votos necessários para assegurar a presença no Parlamento.

Momentos depois, os extremistas, com o rosto coberto e armados de paus, pedras e cocktails Molotov, reagruparam-se e continuaram a enfrentar a Polícia, que deteve várias pessoas e procedeu a disparos com canhões de água e granadas de gás lacrimogéneo. Entre os objectivos dos "ultras", no seu protesto pelas ruas de Budapeste, estavam as vitrinas de estabelecimentos comerciais, automóveis, dependências bancárias, contentores de lixo e um carro da Polícia, que foi incendiado.

A circulação no centro da capital húngara ficou paralisada com os confrontos, ainda que a sua magnitude não seja comparável com os que tiveram lugar na mesma cidade há dois anos, quando vários milhares de manifestantes de extrema-direita atacaram, ocuparam e incendiaram a sede da televisão nacional da Hungria.

Os incidentes de 2006 ocorreram após a difusão de um discurso pronunciado à porta fechada pelo primeiro-ministro socialista Ferenc Gyurcsány, em que reconhecia ter mentido durante a campanha eleitoral para garantir a sua reeleição.

O primeiro-ministro Gyurcsány é um dos políticos mais contraditórios e, apesar disso, bem sucedido da Hungria. Nascido em 1961, militou, na sua juventude, em movimentos comunistas, o que não o impediu de realizar uma grande fortuna em negócios imobiliários. A política económica de privatizações que se seguiu à queda do Muro de Berlim propiciou o surgimento de novos milionários, como Gyurcsány.

Fonte: Jornal de Notícias(Portugal)/Pletz
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1016176

Alemanha quer lei européia contra negação do Holocausto

Alemães querem assegurar que Europa aprendeu lição da História

A Alemanha pretende usar seus seis meses na presidência da União Européia para declarar ilegal a negação do Holocausto em todos os 27 países do bloco. Proposta gera debate sobre os limites da liberdade de expressão.

A Alemanha pretende acrescentar um item controverso a sua ambiciosa lista de metas para o período em que ocupa a presidência rotativa da União Européia. A ministra alemã da Justiça, Brigitte Zypries, afirmou que gostaria que a negação do Holocausto, já considerada crime por diversos membros do bloco, pudesse ser punida com até três anos de prisão em todos os 27 países da UE.

A proposta pode acabar gerando um amplo debate na Europa, com muitos questionando se o governo pode garantir a liberdade de expressão e ao mesmo tempo declarar ilegais certas declarações.

"Sempre dissemos que na Europa não deveria mais ser tolerável afirmar que o Holocausto nunca existiu e que ninguém matou seis milhões de judeus", disse Zypries. "Estou confiante de que chegaremos a um resultado positivo nos próximos seis meses."

Poderá a nova lei conter o neonazismo?

A Alemanha não poderia ter escolhido um momento mais apropriado, considerando a recente formação no Parlamento Europeu do bloco de extrema direita Identidade, Tradição e Soberania, liderado pela italiana Alessandra Mussolini, neta do ditador italiano, e por Jean-Marie le Pen, do francês Partido da Frente Nacional.

Ainda nesta semana, o fundador do grupo, Bruno Gollnisch, foi considerado culpado por um tribunal francês de questionar o Holocausto. Em seu veredicto, o tribunal salientou que Gollnisch teria questionado o número de judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial e o emprego de câmaras de gás.

O comissário de Justiça e Assuntos Internos da UE, Franco Frattini, pediu apoio imediato à proposta alemã. "Mesmo garantindo a liberdade de expressão, temos que tornar ilegais incitações concretas", explica.

Valor simbólico

Porém falar é mais fácil que fazer. Dois anos atrás, uma proposta semelhante apresentada por Luxemburgo foi bloqueada pela Itália. Desta vez, acredita-se que a oposição virá de países que tradicionalmente defendem a proteção incondicional aos direitos civis, como o Reino Unido e a Dinamarca.

Escritor britânico David Irving, preso por negar o Holocausto

Contudo, Robert Kahn, autor do livro A negação do Holocausto e a Lei, acredita que a liberdade de expressão não seria limitada desnecessariamente. "Leis contra a negação do Holocausto não restringem a liberdade de expressão per se, mas apenas um determinado tipo de discurso", argumenta.

"Sendo assim, uma lei como esta não difere de outras contra a obscenidade, a blasfêmia e a calúnia", disse Kahn, lembrando que mesmo nos Estados Unidos, geralmente tomados como modelo de liberdade de expressão, o grupo racista Ku Klux Klan é proibido de queimar cruzes e usar máscaras.

"Uma lei contra a negação do Holocausto pode servir como um posicionamento simbólico, mesmo que seja raramente usada", salienta. "Ela teria a importante função simbólica de ressaltar que a sociedade não tolerará o retorno de práticas nazistas de assassínio em massa."

Espectro do passado

Portanto, não surpreende que, como salienta Kahn, "a medida obtenha maior aceitação no Parlamento entre países que tiveram experiências diretas com o nazismo no passado". De fato, a lista do nove países nos quais negar o Holocausto é crime inclui a Alemanha, a Áustria, a Polônia, a Bélgica e a França.

Outros países insistem tratar-se de uma decisão a ser tomada em nível nacional. "Acho que esta questão deve ser respondida por cada nação, de acordo com seus próprios mecanismos e processos democráticos", disse o parlamentar britânico Daniel Hannan, do conservador Partido Popular Europeu. "Não vejo razão para impor uma decisão de Bruxelas."

Proibições funcionam?

Hannan duvida da eficácia da proibição. "No Reino Unido, há consenso de que proibir é fora de proporção e traria ainda mais publicidade aos que negam o Holocausto – aliás, poderia até confirmar sua própria visão, de que são mártires perseguidos ", acrescenta.

"A evidência histórica das deportações e assassinatos é inquestionável. Diante dos fatos, ninguém pode duvidar da enormidade do que aconteceu. Então por que criar a impressão de que temos algo a esconder?" Outros argumentam que proibições normalmente causam exatamente o oposto, ao provocar interesse em algo considerado estritamente fora dos limites.

Para o historiador Christoph Kreutzmüller, da Universidade Humboldt de Berlim, um olhar mais atento à maior parte da propaganda de extrema direita é suficiente para reconhecer sua fragilidade. "Basta folhear Minha luta (a autobiografia de Hitler) para perceber a besteira que é. Mas o fato de ser proibido na Alemanha sempre fará com que mais pessoas queiram lê-la."

A Aktion Sühnezeichen Friedensdienst (ASF) também tem receios quanto à eficácia da lei e preferiria que o extremismo de direita fosse cortado pela raiz, como afirmou seu porta-voz Johannes Zerger. A organização voluntária alemã ASF (Ação Sinal de Penitência) foi criada em 1958, para expor o legado do regime nazista.

"A lei teria nosso apoio se fosse parte de um conjunto de medidas mais amplas", disse. "Mas vemos mais sentido em medidas políticas para conter o problema."

As vantagens

Antigo campo de concentração de Buchenwald, próximo a Weimar

Já Imanuel Baumann, da associação responsável pelo museu e pela manutenção do website do antigo campo de concentração Buchenwald, a lei serviria para fins educativos. "Saudaríamos uma lei como essa. Chamar a atenção para qualquer forma de negação do Holocausto, tornando-a ilegal, pode ser proveitoso, pois sublinha as áreas em que precisamos nos concentrar – não apenas para os fins de advogados ou educadores, mas também para o público geral."

Como salienta Robert Kahn, a lei também serviria para pressionar extremistas de direita que se aproveitam de falhas da lei para incitar o ódio. "Uma legislação européia facilitaria a perseguição de grupos neonazistas que tiram vantagens de lacunas na legislação."

Jane Paulick (rr)

União Européia

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 19.01.2007)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,2318614,00.html

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Israel preocupado com o avanço da extrema-direita na Áustria

France Presse

JERUSALÉM (AFP) - Israel manifestou nesta segunda-feira inquietação com o forte avanço dos partidos de extrema-direita nas eleições legislativas celebradas domingo na Áustria.

"Seguimos com preocupação e inquietação o crescimento de elementos que pregam a xenofobia, o negativismo (do Holocausto) e as amizades com os neonazistas", disse à AFP o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor.

A Áustria celebrou no domingo eleições legislativas antecipadas nas quais o social-democrata SPO, principal força na coalizão de governo, conseguiu 29,7% dos votos, enquanto os dois partidos de extrema-direita totalizaram 29%.

O presidente austríaco, o social-democrata Heinz Fischer, visitará Israel em dezembro.

Nas fotos: Heinz Fischer(Presiente da Áustria), Angela Merkel(Chaceler da Alemanha), Yigal Palmor(Relações Exteriores de Israel).
Fonte: AFP
http://www.abril.com.br/noticias/mundo/2008-09-29-116462.shtml

O último adeus de um neonazista. Menos um no mundo

Milhares de austríacos dão adeus ao líder da ultradireita Jorg Haider

KLAGENFURT, Áustria (AFP) — Milhares de pessoas e uma grande parte da classe política austríaca se despediram neste sábado, em Klagenfurt (sul), do chefe histórico da ultradireita, Jorg Haider, morto em um acidente de carro há uma semana.

(Foto)Caixão com o corpo do líder da ultradireita austríaca Jörg Haider ocupa o altar da catedral Klagenfut, Áustria, durante cerimônia funeral

Numa cerimônia digna de chefe de Estado e transmitida ao vivo pela televisão estatal e por telões ao logo do percurso, o caixão do ex-governador regional de Caríntia, coberto de rosas vermelhas, cruzou o centro da cidade acompanhado por 25.000 pessoas, segundo a polícia.

O presidente da República, Heinz Fischer, o chanceler social-democrata, Alfred Gusenbauer, e outras autoridades de diversas tendências políticas prestaram sua última homenagem ao chefe do partido populista Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe).

O funeral, no entanto, não deu lugar a nenhuma manifestação neonazista como temia a imprensa.

Haider, de 58 anos, estava sozinho no carro oficial viajando pelo sul da capital da Caríntia quando o veículo saiu da estrada no sábado passado. O carro capotou várias vezes e Haider ficou gravemente ferido, na cabeça e no tórax, morrendo logo em seguida, a caminho do hospital.

Segundo notícias veiculadas esta semana, Haider estava com uma taxa de álcool de 1,8 grama no sangue quando sofreu o acidente de carro que tirou sua vida.

O limite autorizado na Áustria é de 0,5 grama de álcool por litro de sangue.

"É certo que o governador (regional) Jorg Haider tinha uma alcoolemia de 1,8 grama no sangue no momento do acidente", declarou Stefan Petzner, seu sucessor no partido BZOe e ex-braço direito do líder populista, entrevistado pela agência de notícias APA.

Petzner confirmou assim a informação da revista News, que cita resultados da n necropsia do ex-governador da Caríntia (sul da Áustria).

Jorg Haider ficou conhecido mundialmente no ano 2000, quando seu então partido, o FPO, integrou o governo do chanceler conservador Wolfgang Schüssel. As palavras anti-semitas de Haider custaram vários meses de sanções diplomáticas européias à Áustria.

Fonte: AFP(19.10.2008)
http://afp.google.com/article/ALeqM5hwJIZ0H9q63ELp9L6kGABDAnF6ZQ

Procissão e cerimônia em memória do líder da ultradireita austríaca Jörg Haider

Procissão e cerimônia em memória do líder da ultradireita austríaca Jorg Haider

Da France Presse

VIENA, 14 Out 2008 (AFP) - Uma procissão e uma cerimônia na catedral de Klagenfurt, capital da Caríntia (sul da Áustria), serão realizadas sábado em memória do governador regional e histórico chefe da ultradireita austríaca, Jorg Haider, morto no sábado em um acidente de trânsito, anunciou nesta terça-feira o governo regional.

Milhares de pessoas deverão participar da procissão pelo centro de Klagenfurt em homenagem a Haider, que morreu aos 58 anos de idade.

O serviço ferroviário será reforçado para permitir que aqueles que desejam ir ao funeral quase "nacional" de Haider possam fazê-lo, anunciou a empresa ferroviária austríaca (OBB).

Haider era governador da Caríntia desde 1999.

Vários integrantes do governo federal participarão da cerimônia em homenagem a Haider.

Ao contrário do que foi anunciado pela imprensa austríaca, representantes dos partidos de extrema-direita europeus, como o francês Jean Marie Le Pen, o italiano Umberto Bossi ou Alessandra Mussolini, neta do líder fascista italiano Benito Mussolini, anunciaram que não participarão da cerimônia.

Mas neonazistas poderão assistir à procissão anterior à homenagem na catedral de Klagenfurt.

O funeral será realizado depois em família, na capela da propriedade dos Haider, em Barental.

Na quinta e na sexta-feira, os restos do histórico líder da ultradireita austríaca serão expostos ao público em um velório em uma sala do governo caríntio.

Na quarta-feira será celebrada uma missa na catedral de São Estevão em Viena. lad/dm

Fonte: AFP/G1
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL798472-5602,00-PROCISSAO+E+CERIMONIA+EM+MEMORIA+DO+LIDER+DA+ULTRADIREITA+AUSTRIACA+JORG+HA.html
Mais informações em:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=367545&visual=26

Avanço da extrema direita causa terremoto político na Áustria

VIENA (AFP) — O forte avanço da extrema direita em detrimento dos dois grandes partidos, os social-democratas e, principalmente, os conservadores, nas eleições legislativas antecipadas deste domingo, abalou politicamente a Áustria.

"É muito simples, os eleitores protestaram contra os péssimos desempenhos dos parceiros da antiga grande coalizão de esquerda-direita, que jogaram a toalha em julho após 18 meses de paralisia no governo", explicou o cientista político Peter Hofer.

"Os austríacos estavam furiosos como nunca, a tal ponto que votaram com raiva", afirma o editorial do jornal Standard.

A mensagem dos eleitores é eloqüente: os social-democratas (SPO) estão pela primeira vez na história abaixo dos 30%, com 29,7%, e os conservadores (OVP) amargaram o pior resultado da história com 25,6%.

Em contrapartida, a extrema-direita, somando os votos dos dois partidos, o FPO de Heinz-Christian Strache e o partido populista BZO de Jörg Haider, chegou, com 29%, ao nível dos social-democratas, maior formação política do país.

Isto demonstra a insatisfação geral dos austríacos, testemunhas das disputas intermináveis dos dois grandes partidos, incapazes de lançar a tão esperada reforma fiscal, um dos principais pilares de sua campanha eleitoral em 2006.

Ajudados em 2008 pela inflação e a crise financeira do além-Atlântico que começa a ter efeitos na Europa, os partidos populistas souberam captar a atenção dos eleitores mais simples, fazendo campanha sobre temas sociais.

Heinz-Christian Strache, 39 anos, reivindicou assim a paternidade da redução de metade da TVA (taxa sobre valor agregado) dos medicamentos (que passou a 10%) adotada in extremis por iniciativa dos social-democratas com os votos da extrema-direita três dias antes da votação.

O extremista Jörg Haider, cujo partido já governou o país com o chanceler conservador Wolfgang Schüssel em 2000, provocando a ira dos partidários europeus de Viena, propôs soluções simples e apresentou dados para ajudar as classes médias e populares a enfrentar a vida cara, evitando assumir posições sobre a imigração. Com isso, teve um resultado de 11% dos votos, comparados aos 4,1% de 2006.

Resta saber por qual coalizão governista a Áustria será dirigida durante os cinco próximos anos, com a possibilidade cada vez mais remota de se obter uma maioria.

Israel manifestou nesta segunda-feira inquietação com o forte avanço dos partidos de extrema-direita na Áustria.

"Acompanhamos com preocupação e inquietação o crescimento de elementos que pregam a xenofobia, o negativismo (do Holocausto) e as amizades com os neonazistas", disse à AFP o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor.

O presidente austríaco, o social-democrata Heinz Fischer, visitará Israel em dezembro.

Fonte: AFP(2008/09/29)
http://afp.google.com/article/ALeqM5imhjzt6vJ4sMtjBAxpNqH4FoxR2Q

Pesquisa revela perigos nos acessos com internet

De acordo com estudo, pais devem estar atentos aos sites a que os filhos vêem; denúncias podem ser feitas

Juliana Facchin
Agência Anhangüera de Notícia


Marlene Menegati está sempre atenta aos acessos dos filhos na internet
(Foto: César Rodrigues/AAN)

Quem é que nunca ouviu alguma advertência dos pais para não aceitar balas e doces de pessoas estranhas? Ou algum alerta para não pegar carona, conversar ou informar o endereço para qualquer um? Mas quem acha que essas ainda continuam sendo recomendações “caretíssimas” dos pais está completamente enganado.

As mesmas orientações se encaixam direitinho para quem adora navegar na internet, que acima de tudo, é um espaço público, assim como uma praça ou um clube. Só que, é claro, que no lugar das guloseimas, as crianças e adolescentes devem ficar atentos aos e-mails, às conversas e à divulgação de dados pessoais na rede. E compete aos pais continuarem o alerta para esses novos perigos que estão totalmente acessíveis pela internet.

Em um estudo da SaferNet Brasil, organização não-governamental (ONG) responsável pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, em parceria com o Ministério Público Federal em São Paulo, 53% dos jovens internautas brasileiros afirmaram que já tiveram contato com conteúdos agressivos e que consideravam impróprios para sua idade. Além disso, quase 30% desses jovens afirmaram já ter encontrado presencialmente, ao menos uma vez, amigos que conheceram no mundo virtual, deixando clara a falta de orientação de muitos pais.

A pesquisa, que ficou disponível no site da SaferNet por 72 dias, foi realizada com 1.326 internautas do Brasil inteiro, entre crianças e adolescentes de 5 a 18 anos e adultos que possuem filhos com acesso à internet. Um ponto que chamou a atenção foi o fato de que, apesar de a maioria dos pais (84%) ter receio de que os filhos sejam vítimas de um adulto mal-intencionado e do medo que sentem de que acessem conteúdos impróprios (74%), uma parcela significativa não impõe regras para o uso que os filhos fazem da internet — 87% dos jovens internautas não possuem restrições ao uso da rede mundial de computadores.

De acordo com o diretor de Prevenção e Atendimento da SaferNet Brasil e responsável pelo estudo, o psicólogo Rodrigo Nejm, os números de denúncias de crimes na internet quase dobraram nos últimos anos e os resultados do estudo permitirão que a ONG ofereça mais serviços para diminuir as estatísticas. “A linha da SaferNet é a prevenção e a educação. Com esses resultados, estruturamos melhor nosso site e criamos uma Cartilha de Segurança com dicas para que os pais e adolescentes usem a internet sem correr riscos”, explicou.

Um dos fatores que mais preocupam, disse Nejm, é a questão da grande exposição desses jovens no mundo virtual. Além dos encontros presenciais, 72% deles afirmaram que publicam suas fotos na rede, 51% divulgam o nome e o sobrenome, 61% compartilham a data do aniversário e 21% afirmam que fornecem endereços de locais que costumam freqüentar. “As pessoas não percebem que a internet é um espaço público, assim como uma praça ou um clube. Muitos pais, ainda, acreditam que, como os filhos estão dentro de casa, eles estão totalmente seguros, mas isso não é verdade”, disse.

“Acredito que muitos pais ainda se sentem despreparados para usar a internet ou não sabem a dimensão que ela possui”, avaliou o diretor da SaferNet, que também não indica que os pais proíbam o acesso. “Proibir não educa. O diálogo ainda é a melhor saída. E, acima de tudo, o pai deve acompanhar como o filho usa a internet. Não fiscalizar, apenas dar mais atenção e orientação, da mesma forma que os pais sempre orientaram os filhos para não aceitarem doces e balas de estranhos. Só assim, com carinho e atenção, os pais ganharão a confiança dos filhos e vice-versa”, ressaltou Nejm.

Denúncias

Sempre que for verificado algum crime na internet, os pais ou jovens também devem denunciar. O estudo apontou que 42% dos pais já fizeram pelo menos um tipo de denúncia que se enquadra nessa categoria e, entre as crianças e adolescentes, o percentual foi de 40%.

A pornografia infantil ganha em disparado no número de denúncias. No primeiro semestre deste ano, as denúncias desse tipo quase duplicaram. Foram 27.876 contra 15.879 no mesmo período de 2007. <>Em seguida, vêm as denúncias de apologia e incitação a crimes contra a vida. Nos seis primeiros meses de 2008, foram recebidas 9.068 denúncias desse tipo e, no ano passado, foram 7.258.

Os crimes caracterizados de neonazismo também são freqüentemente denunciados pelos internautas e aumentaram 21% nesse primeiro semestre. Já os de racismo tiveram queda de 22,60% no mesmo período.

CARTILHA

Para fazer o download da Cartilha de Segurança, elaborada pela SaferNet Brasil, basta acessar o site http://www.safernet.org.br/site/

Fonte: Agência Anhangüera(19.10.2008)
http://www.cosmo.com.br/noticia/11003/2008-10-19/pesquisa-revela-perigos-nos-acessos-com-internet.html

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